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Introdução à neuropsicopedagogia – Santa Cruz do Sul

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     O que te faz escolher determinada pós-graduação? Você simplesmente escolhe em virtude do nome? Ou por achar que vai ser legal? Ou talvez porque tem algumas disciplinas que tem interesse? Estes alguns questionamentos que me fiz ao optar pela neuropsicopedagogia. E também insisto em perguntar para as turmas às quais leciono: - Quais as expectativas que você faz desta pós? – Quais expectativas dos que convivem com você tem ao mencionar sobre a pós que está cursando?
     Podem parecer perguntas simples, com respostas óbvias, mas certamente há um objetivo amplo dentro destes questionamentos, ou seja, instigar o aluno a refletir sobre a profissão de neuropsicopedagogo, a entender as bases que estruturam esta ciência, saber diferenciar a neuropsicopedagogia de ciências próximas, no entanto com características bem diferenciadas, tais como a neuropsicologia e psicopedagogia.
    Conforme o Código de Ética Técnico Profissional da Neuropsicopedagogia, no capítulo II, artigo 10, encontramos a seguinte definição desta ciência:
A Neuropsicopedagogia é uma ciência transdisciplinar, fundamentada nos conhecimentos da Neurociências aplicada à educação, com interfaces da Pedagogia e Psicologia Cognitiva que tem como objeto formal de estudo a relação entre o funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem humana numa perspectiva de reintegração pessoal, social e educacional. (SBNPP, 2016, p. 3)
     Na leitura desta definição percebemos a tríade: neurociências aplicadas à educação, pedagogia e psicologia cognitiva. Se comparamos com a psicopedagogia, entenderemos que ela não prioriza a psicologia cognitiva, se compararmos com a neuropsicologia também podemos entender que a mesma não faz menção apenas ao foco da neurociência voltada à educação. Então, nestes simples aspectos, já há um grande diferencial, pois são estas as estruturas que vão fundamentar inclusive o tipo de avaliação que o profissional de cada área fará uso dentro do seu contexto de atuação.
    Também nesta perspectiva, os alunos dos cursos de pós-graduação do Censupeg já iniciam a pesquisa nos documentos básicos da SBNPP, ou seja: o Código de Ética Técnico Profissional, Nota Técnica 01/2016, Nota Técnica 02/2017, bem como recebem a informação de como se associar a esta sociedade que é uma entidade de maior referência  no universo da neuropsicopedagogia e suas extensões, onde o associado adquire vantagens e benefícios, tais como: - contribuir para o reconhecimento da profissão do neuropsicopedagogo; - orientação básica de como abrir seu espaço após a conclusão da pós-graduação; - acesso ao boletim informativo que traz publicações recentes e importantes sobre a Neuropsicopedagogia; -desconto de 20% na compra do livro da Dra Rita Russo (Neuropsicopedagogia Clínica – Introdução, conceitos, teoria e prática); - descontos em eventos da SBNPp e também em livrarias conveniadas a esta sociedade.
    Portanto, esta disciplina de Introdução à Neuropsicopedagogia tem como objetivo mostrar toda contextualização estrutural do curso, ou seja, mostrar um panorama do conceito de neuropsicopedagogia, as bases que a compõe, perfil profissiográfico do neuropsicopedagogo, diferenças entre os campos de atuação, que tipo de instrumentos utilizará para fazer avaliação e intervenção, bem como entender a importância da leitura dos documentos que fundamentam esta ciência. Por isso, que no dia 10/06 a turma de Neuropsicopedagogia de Santa Cruz do Sul realizou atividades que visavam desde a contemplação de power point contendo estas informações até mesmo a consulta do Código de Ética Técnico Profissional como forma de pesquisar estudos de caso envolvendo a conduta profissional de neuropsicopedagogos, ou seja, casos fictícios criados como forma de exercitar a pesquisa deste documento. O interessante de tudo foi a oportunidade de trocas de saberes, de expor as dúvidas, de buscar o entendimento de todo contexto que envolve a neuropsicopedagogia.

Bibliografia:
SBNPP. RESOLUÇÃO SBNPp N° 03/2014, Joinville: SBNPP, 2014

Consciência Fonológica – O que é? Como desenvolvê-la?

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Ana Lúcia Hennemann
Um dos pré-requisitos essenciais para o processo da alfabetização é justamente a consciência fonológica, no entanto, você saberia dizer exatamente qual o significado dela?  Essa consciência se desenvolve sozinha ou há alguma maneira de estimulá-la?


      Desde os primeiros meses de vida os bebês vão ativando seus mecanismos atencionais voltados aos sons da fala produzidos por aqueles que estão a sua volta, no entanto ele não tem a capacidade de fazer  reflexões sobre as palavras ouvidas, portanto tudo isso são processos não conscientes, ou seja, um bebê não apresenta capacidade para entender que bola rima com cola, que as letras iniciais destas palavras se diferem, habilidades estas que uma criança antes de entrar no ensino fundamental já deve ter construído, pois no momento em que a criança começa a tomar consciência dos diferentes “arranjos” estruturais que compõem uma palavra,  pode-se dizer que ela adquiriu a consciência fonológica (ADAMS, 2006).
      A consciência fonológica é a habilidade de reconhecer e manipular os sons que compõem a fala, ou seja, entender que a palavra falada se constitui de partes que podem ser segmentadas e manipuladas (LAMPRECHT, 2009). Ao ouvir as palavras “bola” e “cola”, o indivíduo poderá perceber (através da consciência fonológica) que as duas palavras rimam, que ambas são compostas de 2 sílabas, 4 fonemas (sons) cuja diferença entre elas reside no fonema inicial.  Portanto, essa consciência é de extrema importância para a leitura e escrita das palavras, principalmente no processo de alfabetização. Ler e escrever requer a habilidade de transcodificar os sons da fala, pois o princípio alfabético é composto de relações entre fonema (som) e grafema (letra) que a criança, ao interagir com estas, deve ir aprendendo a analisá-las, diferenciá-las, aproximá-las, até chegar a compreensão que os sons associados às letras são os mesmos utilizados na fala (ADAMS, 2006).
    Através destes entendimentos é fácil concluir que a aprendizagem da leitura e escrita não são atividades que se resumem apenas na memorização visual das palavras, mas sim, um processo que requer conhecimento das estruturas dos sons da fala (SEABRA, 2013). Por exemplo, uma criança ao interagir com a palavra: “SAPATO”, vai descobrindo que esta pode ser fragmentada em sílabas, que inicialmente podem ser identificados como “pedaços”: ‘SA’, ‘PA’, ‘TO’, ou fragmentada em letras s, a, p, a, t, o, em fonemas: /s/,/a/,/p/,/a/ /t/, /o/, que há outras palavras dentro desta palavra: SAPA, PATO, palavras estas que inicialmente são mais fáceis de serem identificadas, porém no momento em que a criança tiver a consciência de manipular os grafemas e fonemas, poderá formar outras palavras: SOPA, TAPA, PATA, TOPA, PASTO, PASTA, POSTA... Através do exemplo, pode-se perceber que a consciência fonológica é muito mais abrangente que a relação letra/som, ela engloba diferentes modalidades linguísticas, tais como consciência de sílaba, fonema, rima, aliteração.[1]
     Crianças que têm a consciência fonológica bem desenvolvida podem ter maior facilidade na aprendizagem da leitura e escrita, sendo que essa consciência pode ser treinada através de brincadeiras e jogos compatíveis com a idade e o desenvolvimento neurobiológico da criança. Sendo assim, a estimulação precoce da consciência fonológica, proporcionada por familiares e professores (principalmente da Educação Infantil) podem fazer o diferencial em futuras aquisições da leitura e escrita das crianças.
    
  Por exemplo: na aliteração, o uso de trava-línguas:
- O rato roeu a roupa do rei de Roma e a rainha de raiva roeu o resto.

    Rimas: declamação de versos ou livros tais como: “Você troca” de Eva Furnari  

   
 Sílabas: Brincadeira do pula sílabas:
 Fonemas:  
- Jogo soletrando- soletrar as palavras correspondentes as imagens...
- Ou brincar de: O que começa com o mesmo som de.....



[1]Aliteração são palavras que possuem o mesmo ONSET (ONSET – elemento que vem antes do núcleo (vogal) da sílaba).

Referência Bibliográfica:
ADAMS, Marilyn.[et al] Consciência fonológica em crianças pequenas. Porto Alegre: Artmed, 2006.
CAPELLINI, Simone. GERMANO, Gisele. PROHFON– Protocolo de Avaliação das Habilidades Metafonológicas. São Paulo: Book Toy, 2016.
LAMPRECHT, Regina; BLANCO-DUTRA, Ana Paula (Orgs.). Consciência dos sons da língua: subsídios teóricos e práticos para alfabetizadores, fonoaudiólogos e professores de língua inglesa. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2009.
SEABRA, Alessandra. DIAS, Natalia. Avaliação Neuropsicológica Cognitiva. Vol 2. São Paulo: Memnon, 2013. 

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Especialista em Alfabetização, Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva, Neuropsicopedagogia Clínica e Neuroaprendizagem. - whatsApp - 51 99248-4325
Como fazer a citação deste artigo:
HENNEMANN, Ana L.  Consciência Fonológica – O que é? Como desnvolvê-la?  Novo Hamburgo, 05 de julho/ 2017. Disponível online em:  http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2017/07/consciencia-fonologica-o-que-e-como.html


Discriminação auditiva – estimulação para a alfabetização

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Ana Lúcia Hennemann¹
O ato de pensar e manipular explicitamente os sons da fala exige habilidades que ultrapassam o domínio da consciência fonológica.
Toffoli e Lampretch

     Numa publicação anterior foram apresentados elementos exemplificando o que é consciência fonológica e como familiares e professores podem auxiliar no pleno desenvolvimento desta consciência que se mostra pré-requisito para a alfabetização. No entanto, existem outros subsídios que necessitam ser trabalhados para que a criança venha obter êxito no desempenho acadêmico, sendo que um deles é a discriminação auditiva. 
     A habilidade de discriminação auditiva adequada permite ao indivíduo classificar e distinguir sons uns dos outros quanto a diferenças de frequência, duração ou intensidade, bem como realizar uma comparação entre sons-alvo e outros sons concorrentes. Ela pode incluir sons não verbais ou apenas sons da fala, sendo que, quando se refere aos sons da fala, é denominada discriminação fonológica (Ferracini, Trevisan, Seabra & Dias, 2009 apud SEABRA, 2013, p.29)
     Desde o ventre materno o desenvolvimento da estrutura óssea da audição vem se formando, sendo que Papalia, Olds e Feldman (2011) nos dizem que os fetos respondem a sons e parecem aprender a reconhecê-los. Após o nascimento, a audição do bebê ainda não está pronta, ela continua se desenvolvendo por muito tempo, mas já nos primeiros dias os bebês já podem distinguir os novos sons das falas que já conhecem ou ouviram, o que caracteriza o desenvolvimento da discriminação auditiva.
    Aos poucos a criança vai interagindo com os sons dos objetos/pessoas/ambiente a sua volta. É a cantigas de ninar, o som das portas abrindo e fechando, barulho da água do banho, telefone vibrando, enfim, uma infinidade de experiências servem de registros para a memória auditiva.  
   Estas memórias são de extrema importância, pois elas proporcionam maior facilidade para a criança identificar sons, no entanto, além de identificar se faz necessário discriminar, ou seja, perceber semelhanças e diferenças entre os mesmos, por exemplo: dependendo da intensidade e do timbre do latido de um cachorro é possível saber se podemos nos aproximar ou não.
    Do mesmo modo, quando a criança chega ao mundo letrado, ela terá que perceber que cada letra é composta por sons diferentes e quando aliadas as outras formam um novo som, portanto diferenciar, por exemplo o /pa/ do /ba/, ou “os olhos” dos “ozolhos” nem sempre é uma habilidade fácil, requer treino auditivo que deveria ter sido proporcionado muito antes do período de alfabetização, através de brincadeiras que podem ser realizadas com os familiares e também no contexto escolar.
Por exemplo:
Jogo de memória de sons:
Pode ser colocado diferentes objetos dentro de potes, cuidando para que tenha 2 potes com os mesmos objetos. Objetivo do jogo é que os jogadores encontrem os potes pares, sendo que para isso terão que sacudir os mesmos.
Jogo de Bingo de sons
Usando algum aplicativo  ou programa que tenha diversos sons gravados, fazer o jogo do bingo dos sons..

Na escola:
Encontro dos animais:
Cada criança, com os olhos vendados e cada uma receberá o nome de um animal para reproduzir o som. Num momento combinado todas devem começar a imitar a voz do animal e procurar os demais colegas que também estão emitindo o som parecido. Sugestão de animais: gato, cachorro, pinto, pato, vaca....etc.

Que som é esse?
As crianças de olhos vendados tentam ouvir o som proposto pelo professor e dizer qual é (por exemplo: fechar a porta, som de chocalho, som do apito, som de flauta, som de moedas caindo, etc).
Reprodução de sons
O professor pode proporcionar sequencias de sons que as crianças precisam reproduzir assim que solicitado. Por exemplo:
Palma, palma,_________palma, palma.
Palma, palma, pé (batida de pé), pé (batida de pé), palma, palma, palma.

Referência Bibliográfica:
ADAMS, Marilyn.[et al] Consciência fonológica em crianças pequenas. Porto Alegre: Artmed, 2006.
LAMPRECHT, Regina; BLANCO-DUTRA, Ana Paula (Orgs.). Consciência dos sons da língua: subsídios teóricos e práticos para alfabetizadores, fonoaudiólogos e professores de língua inglesa. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2009.
PAPALIA. OLDS. FELDMAN. O Mundo da Criança - Da Infância à Adolescência , 11ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2010
SEABRA, Alessandra. DIAS, Natalia. Avaliação Neuropsicológica Cognitiva. Vol 2. São Paulo: Memnon, 2013.
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[1]Especialista em Alfabetização, Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva, Neuropsicopedagogia Clínica e Neuroaprendizagem. - whatsApp - 51 99248-4325
Como fazer a citação deste artigo:
HENNEMANN, Ana L.  Discriminação auditiva – estimulação para a alfabetização.  Novo Hamburgo, 08 de julho/ 2017. Disponível online em:  http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2017/07/discriminacao-auditiva-estimulacao-para.html






Memória operacional e aprendizagem

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    Ana Lúcia Hennemann

 Imagine a seguinte situação: Você procurando um endereço e sem a possibilidade de uso de GPS!!! Então, a estratégia é pedir informação a alguém. Simples!!! A pessoa poderá lhe dizer, por exemplo: - caminhe 3 quadras, dobre a primeira a direita, siga por mais 2 quadras, logo em seguida, dobre a primeira a esquerda e a esquerda novamente. Aparentemente pode ser algo fácil de lembrar, desde que sua memória operacional esteja funcionando perfeitamente. Caso contrário, terá que perguntar a várias outras pessoas de modo a relembrar a informação recebida.
     A memória operacional, também conhecida como memória de trabalho, é a que nos auxilia a reter por determinado período informações pertinentes as nossas tarefas diárias proporcionando a regulação do nosso comportamento frente a essas demandas.
     No entanto, a eficiência desta memória é limitada, pois: “solicitando que as crianças evoquem uma série de dígitos em ordem diferente da original (por exemplo, 2-8-3-7-5-1, se elas ouviram 1-5-7-3-8-2). [...] Aos 4 anos, as crianças normalmente lembram somente de dois dígitos; aos 12, normalmente lembram de seis” (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2010, p. 306). E agora, exercitando a sua memória, você sabe dizer a média de dígitos que um adulto é capaz de lembrar?
    A memória operacional tem a propriedade de armazenar uma informação enquanto se realiza outra similar ou simultânea, isso pode ser percebido quando realizamos uma atividade de leitura, pois na proporção que os parágrafos são lidos se faz necessário reter as informações já absorvidas de modo a juntá-las aos próximos parágrafos. Essa capacidade é o que faz com que tenhamos o entendimento do contexto.
     Informações irrelevantes são descartadas em segundos e fazem parte de uma memória conhecida como sensorial ou imediata. Por exemplo: a criança jogando videogame e a mãe lhe faz alguma pergunta. Então como não obteve a resposta, olha para a criança e diz: - o que foi mesmo que eu te pedi? Ou seja, a criança ouviu, mas não ativou o registro desta informação. Ela ficou retida por segundos e foi descartada. Também podemos pensar na situação de largar as chaves do carro em algum local e no momento que for necessário utilizá-las, não lembrar mais onde estão.
     Contudo, se a informação for relevante ela será conservada por mais tempo na nossa consciência através do pelo sistema de repetição. Este por sua vez poderá acionar recursos de imaginação visual ou verbal. Por exemplo: digamos que é necessário ir ao mercado comprar: pão, leite, margarina…o indivíduo pode ir o caminho lembrando da imagem destes objetos ou repetindo o nome dos mesmos, tanto silenciosamente ou verbalizando as palavras.
    Portanto, a memória sensorial e o sistema de repetição são processos importantes para a memória operacional cuja função é reter e processar o conteúdo da informação e modificá-lo quando necessário, pois esta memória é constituída de sistemas neurais que processam vários tipos de informações (som, imagem e pensamentos) que são utilizados quando se faz necessário resolver, raciocinar ou compreender algo.
     Através da ativação de registros, ou seja, reativar a informação seja através da repetição ou por mecanismos de associação (sinais e pistas que auxiliem a relembrar a informação) a memória operacional pode aumentar seu tempo de durabilidade, tanto em horas quanto em dias. Por exemplo: você estaciona o carro no mercado cuja indicação do local marcava letra “J”, poderá logo fazer associações desta letra com outras informações: “J” de jacaré, poderá imaginar um jacaré dirigindo o seu carro, por exemplo.
     Como podemos perceber a memória operacional é fundamental para a aprendizagem, sendo que prejuízos nesta memória podem ocasionar desde situações de esquecimento das informações até mesmo inabilidade de responder as demandas diárias. Por isso, precisamos pensar em práticas que visem a higiene mental, tais como: exercício de respiração, meditação, prática de atividades físicas (caminhada, dança), recursos que melhoram a eficiência desta memória.
    Além do entendimento de atividades salutares, precisamos entender que para aprendermos necessitamos exercitar a memória, pois “a aprendizagem só ocorre com a formação e estabilização de novas conexões sinápticas, o que requer tempo e esforço pessoal” (COSENZA; GUERRA, 2011), por isso estudantes que somente recorrem ao conteúdo das provas nas vésperas das mesmas, não estão dando oportunidade para que estas aprendizagens sejam consolidadas na memória. Aprendizagem requer hábitos de estudo, preferencialmente com rotina diária contemplando período de 30 a 60 minutos em ambiente com poucos distratores onde o estudante consiga focar naquilo que ele está se propondo, seja lendo, seja fazendo exercícios, seja assistindo vídeo sobre o conteúdo que está estudando.

    Enfim, ações simples realizadas diariamente, com perseverança, podem auxiliar no pleno desempenho da memória operacional, sendo que pais e professores podem proporcionar aos estudantes o entendimento da importância dos hábitos de estudo, bem como, de atividades de higiene mental. Sendo que também há atividades de treino que podem melhorar o desempenho dessa memória, mas isso ficará para uma próxima publicação. 
Referência Bibliográfica:
COSENZA, Ramon. GUERRA, Leonor. Neurociência e Educação: como o cérebro aprende. Porto Alegre: Artmed, 2011.
PAPALIA, D. OLDS,  Wendkos. FELDMAN, Duskin. O Mundo da Criança - Da Infância à Adolescência , 11 ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
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[1]Especialista em Alfabetização, Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva, Neuropsicopedagogia Clínica e Neuroaprendizagem. - whatsApp - 51 99248-4325
Como fazer a citação deste artigo:
HENNEMANN, Ana L.  Memória Operacional e Aprendizagem.  Novo Hamburgo, 11 de julho/ 2017. Disponível online em:   http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2017/07/memoria-operacional-e-aprendizagem.html

Processamento Léxico e fonológico – modelo cognitivo de “dupla rota”

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Ana Lúcia Hennemann¹
     
    Estudos das neurociências trouxeram a compreensão de muitas interfaces entre cérebro e aprendizagem, sendo que na atualidade já é possível verificar quais processos cognitivos são acionados quando um indivíduo executa determinadas tarefas. Deste modo, pesquisas relacionadas a área da leitura tem proporcionado a compreensão de vários processos específicos que precisam trabalhar em harmonia de forma a tornar o indivíduo um leitor mais eficiente, ou então, entender e poder intervir quando alguém apresenta dificuldades relacionadas à leitura.
     Corso e Salles (2009) em estudo da “Relação entre leitura de palavras isoladas e compreensão de leitura textual em crianças” explicam que para a leitura de palavras impressas acionamos o nosso léxico mental, este engloba dois processos diferentes: rota fonológica e rota léxica, por isso os mesmos são conhecidos como modelo cognitivo de “dupla rota”, porém, um leitor competente precisa dominar os dois processos para que o reconhecimento da palavra possa ser mais eficaz.

     A rota fonológica é responsável pela decodificação do grafema/fonema, por exemplo para leitura da palavra: “chivanerfluzba”, que na verdade se trata de uma pseudopalavra, o leitor, embora desconheça a palavra e seu significado, conseguirá ler fazendo uso dos conhecimentos fonológicos.
Por isso, a leitura de palavras tanto conhecidas quanto desconhecidas, podem ser lidas pela rota fonológica, porém, na leitura de palavras irregulares, o leitor apresenta bastante dificuldade pois a correspondência letra-som não obedece uma regra geral, ou seja, na leitura da palavra táxi um leitor iniciante pode ler “tachi”, do mesmo modo ler “echercício” ao invés de “exercício”. Crianças que recém estão se alfabetizando, utilizam e muito a rota fonológica, cujo esforço de decodificação faz com que a leitura seja mais lenta e segmentada e muitas vezes quando perguntamos sobre o significado da leitura, ela poderá responder que não sabe.
     Diferentemente, na rota lexical as palavras são identificadas conforme o reconhecimento de sua ortografia e também associados com outras palavras que tenham ortografias semelhantes, bem como o acesso imediato ao seu significado semântico. Por exemplo: vamos dizer que alguém lhe dita uma palavra e você fica na dúvida se a palavra é com j ou g, e imediatamente num ato automático, escreve a palavra como modo a sanar tal dúvida…isso acontece porque já temos armazenado um “dicionário léxico” que nos permite lembrar da forma ortográfica da palavra no momento em que a visualizamos. 
     O reconhecimento de palavras pela leitura é atingido precocemente por escolares sem dificuldades. (MOUSINHO; NAVAS, 2016). Entretanto, devemos lembrar que crianças, principalmente no processo de alfabetização, recém estão estruturando este dicionário, por isso é importante o maior contato possível com objetos de leitura (livros, revistas, jogos, etc).
     Do mesmo modo, hábitos de leitura diários, podem propiciar maior fluência e velocidade de processamento (capacidade de buscar as informações na memória de longo prazo), o que auxilia a criança a ter mais espaço na sua memória operacional de modo a conseguir prestar atenção a outros aspectos que envolvem a leitura, tais como: interpretação, comparação, identificação das ideias centrais.
     Vamos fazer uma experiência? Leia o parágrafo abaixo, o qual poderá lhe dar o entendimento de como se sente um indivíduo que necessita fazer constantemente somente uso da rota fonológica para a leitura de textos...
     O    u   s   o     d   a     r   o   t   a     f   o   n   o   l   ó   g   i   c   a    p   e   r   m   i   t   e     c   h    e   g   a   r     a   o     s   i   g   n   i   f  i   c   a   d   o    d   a   s    p   a   l   a   v   r   a   s     a   t    r    a   v   é   s       d   a      t    r   a   n   s   f   o   r   m  a   ç   ã   o      d   e    c   a   d   a    g   r   a   f   e   m   a     e   m     s   e   u     c   o   r   r   e   s   p    o    n   d    e    n   t     e       s   o   m   e    f   a   z   e   r     u   s   o     d   o     m    e   s   m   o     p   a   r   a    t   e   n   t   a   r     c   o   m   p   r   e   e   n   d   e   r      o   s   i   g   n   i   f   i   c   a   d   o    d   a   s    p   a   l   a   v   r   a   s.
     Talvez, este simples parágrafo tenha sido fácil para você, justamente porque já tem proficiência tanto no uso da rota léxica quanto da fonológica, porém, pode-se perceber que perdemos velocidade de processamento e fluência da leitura, imagine alguém que tenha que ler um livro fazendo uso apenas da rota fonológica! Então, pensando em todas estas situações, vamos responder as perguntas propostas no início deste artigo: - O que faz com que tenhamos maior fluência e velocidade de processamento na leitura? Será que é somente treino?
     Maior fluência e velocidade de processamento na leitura ocorre sim, através do aumento da nossa bagagem lexical. Treinos de leitura ajudam e muito, entretanto, se faz necessário entender que a criança pode apresentar déficit em algum dos componentes que fazem parte destes processos de dupla rota, fazendo com que não consigam desenvolver a fluência e a velocidade de processamento. Vejamos por exemplo: uma criança que esteja no 4º ano do ensino fundamental, onde a maioria das disciplinas exigem leituras constantes e a estratégia de leitura deste indivíduo ocorre somente pela rota fonológica. Essa situação causa um atraso na leitura e na compreensão leitora, pois acarreta no comprometimento da memória de trabalho e na busca de imagens mentais que ajudam a compreender a leitura.
    Nesse sentido devemos entender que apesar da criança fazer uso da rota fonológica, ela pode justamente ter processos desta rota que se mostram deficitários, tais como consciência fonológica, discriminação auditiva, memória fonológica, então de nada adiantará apenas treinar a leitura, pois existem outros fatores que necessitam ser desenvolvidos. Pais e professores devem levar em consideração que crianças no terceiro ano do ensino fundamental já deveriam ter todas estas habilidades bem desenvolvidas, caso contrário, se faz necessário uma avaliação do desempenho desta criança, de modo a averiguar em que aspectos ela precisa ser estimulada.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CORSO, Helena. SALLES, Jerusa. Relação entre leitura de palavras isoladas e compreensão de leitura textual em crianças. Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 44, n. 3, p. 28-35, jul./set. 2009
MOUSINHO, Renata. NAVAS, Ana Luíza. Mudanças apontadas no DSM-5 em relação aos transtornos específicos de aprendizagem em leitura e escrita. Revista debates em psiquiatria - Mai/Jun 2016.
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[1]Especialista em Alfabetização, Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva, Neuropsicopedagogia Clínica e Neuroaprendizagem. - whatsApp - 51 99248-4325
Como fazer a citação deste artigo:
HENNEMANN, Ana L. Processamento Léxico e fonológico – modelo cognitivo de “dupla rota”. Novo Hamburgo, 15 de julho/ 2017. Disponível online em:   http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2017/07/processamento-lexico-e-fonologico.html

Senso numérico - importância para a fluência matemática

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Ana Lúcia Hennemann¹

“Quando criança, eu me sentia incompetente em relação à matemática, achava tudo sem sentido, sem encanto, sem porquê. A matemática se resumia a um amontoado de regras para acertar exercícios e conseguir passar de ano. Lembro-me de um problema em um livro de matemática, sem cor nem imagem: Um palhaço tem 5 roupas e 4 chapéus. De quantas formas diferentes ele pode se vestir? Como não sabia o que era para fazer, fiquei parada, olhando aquele texto. Foi então que a professora disse: “Multiplique a quantidade de roupas pela quantidade de chapéus”. Foi o que fiz: 5x4=20. E, ganhei um certo. Acertei, mas não compreendi! Na verdade, senti-me o palhaço daquele problema...”
- Luiza Faraco Ramos (2009, p.8-9)

     Se alguém menciona a expressão “mundo letrado”, o que exatamente vem à sua mente?
    Se num primeiro momento você pensou em letras, saiba que seu pensamento está correto, porém o mundo letrado não consiste apenas em letras, mas também em números, sendo que estes estão presentes no relógio, no controle remoto da televisão, no teclado do notebook, do celular, do computador, na camisa dos jogadores, nos preços das mercadorias. Pode-se afirmar que em toda a nossa volta as noções de números e todos seus demais contextos estão presentes, sendo que a interação do sujeito com o meio e o desenvolvimento das funções cerebrais cognitivas proporcionam a criança a aquisição destes saberes relacionados com as habilidades matemáticas.
   A relação destes números com suas respetivas quantidades inicia de modo lúdico, seja através de brinquedos, brincadeiras, narração de histórias (os três ursos, por exemplo), jogos e atividades cotidianas diversificadas.  Situações onde a criança é solicitada a mostrar em seus dedos quantos anos tem, contar objetos que possui, brincadeiras envolvendo relações termo a termo (correspondência entre quantidades) fazem com que as habilidades matemáticas se consolidem e vão permitindo deste modo a noção de senso numérico.
  O senso numérico envolve noções básicas do conhecimento numérico e suas respectivas quantidades, sendo que Corso e Dorneles (2010, p. 299) explicam que não há na literatura um conceito único desta habilidade, porém “de um modo geral, este se refere à facilidade e à flexibilidade das crianças com números e à sua compreensão do significado dos números e ideias relacionadas a eles”.
   As autoras também alertam que indivíduos que possui o senso numérico pouco desenvolvido podem ter baixo desempenho em atividades de contagem, realização de operações, estimativas e cálculo mental, ou seja, nos saberes básicos que auxiliam na fluência matemática. Por exemplo, no caso da citação inicial de Luiza Faraco Ramos, uma  criança com o senso numérico bem desenvolvido apresenta condições de resolver cálculos através de diferentes representações, ou seja, ela poderia ter estimativa da resposta, talvez inicialmente nem pensasse na possibilidade de multiplicação, mas poderia desenhar as tais roupas e chapéus e desse modo fazer as combinações.
    Nossas aprendizagens relacionadas às quantidades e números envolvem vários circuitos cerebrais que estão interligados repassando informações uns para os outros, através da coordenação do lobo parietal. Cosenza e Guerra (2011) nos dizem que o modelo mais adotado na relação cérebro x matemática é o Modelo Triplo Código, onde segundo este construto três circuitos diferentes são ativados:
1º no córtex do lobo parietal dos dois hemisférios cerebrais, ao redor de um sulco horizontal denominado sulco intraparietal = ocorre a percepção da magnitude (quantidade, fileira numérica);
2º em uma porção do córtex na junção occipito-temporal, também em ambos os hemisférios cerebrais = ocorre a representação visual dos símbolos numéricos (algarismos arábicos)
3º em uma região cortical do hemisfério esquerdo e parece envolver regiões temporo-parietais, que são ligadas ao processamento da linguagem = ocorre a representação verbal dos números (quatro, sete, vinte e um, etc.)

   Toda esta base envolvendo matemática deve estar organizada por volta dos 5 anos de idade (COSENZA; GUERRA, 2011), ressaltando aqui a importância do trabalho desenvolvido pela Educação Infantil, principalmente na identificação precoce de crianças que apresentam o senso numérico pouco desenvolvido. A alfabetização matemática, na qual se desenvolve o senso numérico, requer bases anteriores ao trabalho desenvolvido no Ensino Fundamental.
    Nesse sentido, o lúdico se mostra como maior recurso para o desenvolvimento destas habilidades básicas, sendo que Kamii e Clark (1992) enfatizam a importância da “aritmetização lógica da realidade”, ou seja, a criança interagir com as situações propostas como forma de construir o pensamento numérico, pensamento que não vem de livros, de explicações de outros, de programas de computador, mas sim das construções que ela vai realizando.  
Fonte: www.smarkids.com.br
- Jogo de memória: além do senso numérico, o jogo de memória é um dos jogos que trabalha muitas outras habilidades cognitivas:
- percepção visuoespacial (lembrar a forma/cor da figura virada e a sua localização),
- memória de trabalho (a criança precisa reter a informação das figuras que ela já virou)
- controle inibitório (pois ela precisa esperar até a próxima rodada)
- flexibilidade cognitiva (se alguém pegou o par de cartas antes que ela, se faz necessário criar uma nova estratégia para a próxima jogada)
- e também auxilia na relação termo a termo (correspondência).
Crianças por volta dos 4 anos de idade inicialmente podem se utilizar de jogos de memória que envolvam apenas quantidades, entretanto lá pelo final dos 5 anos já é possível trabalhar a relação quantidade x numeral correspondente até o numeral 10.


- Jogo de quantidades:
Fonte: http://professorajuce.blogspot.com.br/2015/02/matematica-na-educacao-infantil.html?spref=pi 
A criança joga o dado e precisa preencher seu tabuleiro (caixa de ovos) com a quantidade mostrada.


Noção de maior que  x menor que:










- Relações numeral x quantidade

 








Livros de histórias que trabalham o senso numérico:

- Os dez amigos. Autor: Ziraldo. Editora: Melhoramentos.
- Os dez sacizinhos. Autor: Tatiana Belinky. Editora: Paulinas.
- Chá das dez. Autor: Celso Sisto. Editora: Aletria.
- Cachinhos dourados. Autor: Ana Maria Machado. Editora: FTD.

Referências Bibliográficas:
BASTOS, José Alexandre. O cérebro e a matemática. São Paulo: Edição do Autor, 2008.
CORSO, Luciana. DORNELES, Beatriz. Senso numérico e dificuldades de aprendizagem na matemática. Rev. Psicopedagogia 27(83): 298-309. Porto Alegre: 2010.
COSENZA, Ramon. GUERRA, Leonor. Neurociência e Educação– Como o cérebro aprende. Porto Alegre: Artmed, 2011.
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[1]Especialista em Alfabetização, Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva, Neuropsicopedagogia Clínica e Neuroaprendizagem. - whatsApp - 51 99248-4325
Como fazer a citação deste artigo:
HENNEMANN, Ana L.  Senso numérico - importância para a fluência matemática. Novo Hamburgo, 29 de julho/ 2017. Disponível online em:   http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2017/07/senso-numerico-importancia-para.html

Ler e escrever requerem dedicação, exercício e tomada de consciência

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Ana Lúcia Hennemann[1]


Em uma turma de primeiro ano, lá por volta de 2004, a temática era: “Histórias Infantis” onde “Chapeuzinho Vermelho” foi o assunto da semana. Na história escolhida a personagem optou por levar um BOLO à sua avó, então, neste dia a criançada teve que ir à cozinha e fazer todos os preparativos para que este bolo realmente se tornasse real. Bolo cozido, decorado e degustado. Que delícia! Hora do registro, hora da ênfase a palavra “BOLO”. O dia passou e a ênfase da história saiu do BOLO e foi para o LOBO. Novamente um dia repleto de atividades, dramatizações, fantoches, pesquisas na web sobre o personagem do dia... Mas algo diferente aconteceu...”G” (letra inicial do nome da criança) necessitou fazer um exame de sangue e só conseguiu chegar ao colégio próximo ao recreio. O menino entrou sorridente e dirigiu-se a sua mesa, começou a dispor seu material sobre ela e pode-se perceber exatamente o momento em que franziu a testa. Em fração de segundos levantou-se e dirigiu-se a professora dizendo: - Professora aconteceu uma coisa muito estranha!
- Sério? O que ouve? Respondeu ela...
- Ontem tinha um “bolo” na sala e registramos a palavra bolo, hoje tem um cão e as letras dele estão trocadas?(sic)
- Hummm, entendi! Vamos ver se algum colega consegue lhe ajudar a desvendar este mistério...- falando isso a professora solicitou às crianças que dessem um feedback dos acontecimentos da aula...
“G” voltou ao seu lugar, “mas não voltou para a aula”, rs, ele ficou imerso tentando desvendar um mistério...A professora percebia claramente aquela boquinha se movendo e repetindo “bolo”, “lobo”, “bolo”, “lobo”, sendo que as próximas atividades ele também não conseguiu realizá-las, pois tomado de uma imensa busca do saber, registrava nas últimas folhas de seu caderno as palavras “bolo”,” lobo”,”bola” seguidas de outras variáveis: “sapato”, “pato”, “sapa”, e muitas outras...
A aula do dia chegou ao final e a criança foi embora sem nenhum registro dos acontecimentos da mesma, mas com todos os registros que lhe ajudaram a elucidar o mistério de um bom leitor, para esta criança foi o dia da “tomada de consciência”!

     Ler e escrever para aqueles que possuem apropriação da leitura e escrita parece algo muito simples, contudo são habilidades que requerem dedicação e exercício constantes. A aquisição da leitura possibilita decifrar pequenos bilhetes, bulas de remédios, instruções de manuais, textos diversificados. Já a escrita nos permite o registro daquilo que queremos comunicar a alguém, seja um simples “oi” em um bilhete ou alguma rede social e até algo mais complexo como a escrita de um artigo acadêmico ou um livro. 
    Entretanto, o que para alguns já está automatizado para outros há um longo caminho a ser percorrido, trajetória nem sempre fácil, pois, para a aquisição de tais habilidades não possuímos um aparato biológico geneticamente programado, o que faz com que nosso cérebro se utilize de estruturas e circuitos que ao longo da evolução se desenvolveram para desempenhar outras funções (COSENZA; GUERRA, 2011).E além de todo este processo, ainda se faz necessário que a criança torne consciente a automatização destes processos. Através deste entendimento podemos inferir de que essas habilidades necessitam ser ensinadas, requerem dedicação, exercícios para que em algum momento se chegue a tomada de consciência de como se compõe o código alfabético, ou seja, se faz necessário investimentos constantes, pois cada cérebro é único e depende de estruturas cognitivas já consolidadas para que chegue a alcançar fluência na leitura e na escrita.
     Quando estamos diante de uma palavra, ela num primeiro momento é captada pelos nossos estímulos visuais e levada pelas vias ópticas até o córtex cerebral, do mesmo modo que ocorre com qualquer outro estímulo visual. Em se tratando de uma palavra já conhecida do repertório do indivíduo algumas vias cognitivas são acionadas mais rapidamente do que outras.
     Pesquisas realizadas com indivíduos leitores mostram que uma pequena região do hemisfério esquerdo situada no córtex visual é ativada quando os mesmos se deparam com palavras escritas, sendo que essa região se interessa pela ortografia das palavras, independente se a escrita for maiúscula ou minúscula, cursiva ou script que visualmente seriam diferentes, mas para esta região o input visual ocorre da mesma maneira. Esta região é conhecida como VWFA (área da forma visual das palavras), região que serve de conexão entre a visão das palavras e o circuito da linguagem, sendo que esta transfere informação visual para o circuito da linguagem o qual também recebe inputs auditivos.  Esta região, VWFA, decodifica as palavras escritas e tem uma função próxima ao reconhecimento visual de objetos e rostos. Conforme Dehaehe e Delgado (2012, p.12), “nessa região, durante a aprendizagem, a resposta aos rostos diminui ligeiramente à medida que a competência de leitura aumenta e a ativação aos rostos desloca-se parcialmente ao hemisfério direito”, ou seja, há uma reorganização do córtex visual.
     O diferencial é que em analfabetos ou crianças que estão aprendendo a ler esta região não é ativada, pois o leitor necessita ter um automatismo da correspondência grafema-fonema para que o cérebro ative este circuito. Leitores fluentes, ao se depararem com palavras conhecidas, ativam esta área em menos de 150 milissegundos o que lhes proporciona a rapidez na leitura. Entretanto, para que chegue a esta habilidade, a criança necessita ler CORRETAMENTE UMA PALAVRA VÁRIAS VEZES. E apara aqueles que trabalham com alfabetização, ler várias vezes uma palavra, não diz respeito a uma leitura mecânica, monótona, diz respeito a toda interação que a leitura exige, seja através de jogo, de brincadeira de soletração, de leituras diversas, enfim, de variáveis de leitura de modo a possibilitar a tomada de consciência de toda a estrutura relacionada ao entorno desta palavra. Ao interagir de forma diversificada com uma palavra a criança cria um sistema neural que reflete na ortografia, na pronúncia e no significado da mesma.
     Nesse sentido, transcrevo um trecho da última nota técnica emitida pela Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia, onde há indicativos de como aliar os conhecimentos da neurociência com a teoria da epistemologia genética:
À luz da neurociência, a seleção dos estímulos adequados para produzir a aprendizagem, considerando a qualidade deles, poderá determinar a efetividade da aprendizagem do sujeito. A percepção capturada pelo sistema nervoso periférico, levado através de corrente elétrica ao cérebro localizado no sistema nervoso central, desencadeará um processo de reelaboração dos conhecimentos, que até então foram compostos pelo sujeito aprendente.
A Teoria da Epistemologia genética diz que, nesse momento, ocorre um processo de apropriação, que por sua vez, possibilitará a desequilibração ao que já havia sido elaborado anteriormente pelo sujeito. Ao ocorrer a assimilação dos conhecimentos novos, ou seja, quando o cérebro através de sua atividade reorganiza o conhecimento adquirido por este novo estímulo, tem então, a acomodação, ou seja, uma nova construção cognitiva elaborada.(SBNPP, 2017, p.3-4)

    Leitores iniciantes que ainda não obtiveram esta nova construção cognitiva elaborada necessitam fazer mais  uso de outro sistema cerebral, localizado na região parietotemporal, o qual faz com que o indivíduo analise a palavra subdividindo-a e tentando relacionar a grafia da letra ao seu respectivo som. Este processo torna a leitura um pouco mais lenta.
     O que se faz necessário entender é que leitores fluentes se utilizam de ambos processos, pois eles são acionados concomitantemente, entretanto a bagagem de palavras construídas na área visual da forma das palavras (VWFA) faz com que este processo seja ativado com maior velocidade de processamento que automaticamente repercute na velocidade de processamento da leitura. Inicialmente as palavras são percebidas como qualquer outra imagem pelo nosso cérebro, ou seja, na área visual. Após esta entrada ocorre a seguinte situação:
- Se estamos diante de uma palavra conhecida a área visual da forma das palavras é ativada com maior veemência em detrimento de outras áreas
- Se estamos diante de uma palavra nova, a qual nunca havíamos feito a leitura da mesma, a área fonológica é ativada é ativada com maior veemência em detrimento de outras áreas. Porém aqui, ainda há outros dois tipos de decodificação fonológica:
1º - O som da palavra ligado à sua articulação: alguns leitores para fins de análise das palavras utilizam-se da área de Broca (área responsável pela articulação das palavras), onde eles podem subvocalizam (pronunciam em tom baixo) as palavras enquanto leem, ou pronunciá-las em tom mais alto, ou mesmo lê-las silenciosamente. Shaywitz (2006) informa que o processo de subvocalização faz com que o leitor crie uma consciência da estrutura sonora de uma palavra, uma vez que a forme fisicamente em seus lábios, línguas e cordas vocais.
O som da palavra é “ouvido através dos olhos”-aqui ocorre um processo similar ao da percepção auditiva, mas a entrada é pela percepção visual, ocorrendo uma fusão entre os sentidos da visão e da audição.
Após estas etapas, ambas as vias convergem a palavra para área de Wernicke para que seja feita a decodificação semântica (significado) da mesma.
     Um fator importante do entendimento de como nosso cérebro processa a leitura é justamente a questão da prioridade de método de alfabetização que as escolas adotam. Como vimos, o leitor proficiente necessita ter entendimento de tudo que compõe a estrutura de uma palavra, sendo assim, tanto métodos fônicos são importantes quanto métodos globais. As vias cognitivas que englobam as maiores regiões responsáveis pela leitura encontram-se nas regiões posteriores do cérebro, regiões que recebem os estímulos visuais, auditivos, somestésicos,  situação esta que nos faz repensar quanto a metodologia de ensino voltada à alfabetização. Os acúmulos de folhas fotocopiadas que são utilizadas como estratégias de aprendizagem nos anos iniciais contemplam as necessidades de atenção e motivação para que as vias sensoriais possam captar o objeto de aprendizado?
     Outro aspecto relacionado a aquisição da leitura é que ela se mostra um aspecto importante para a escrita, mas conforme Lima (2010) “somente a leitura não leva à escrita e uma das contribuições mais importantes da neurociência é a explicitação de que escrever se aprende escrevendo”.
     Ensinar uma criança a ler, representa possibilidades de a mesma fazer interpretações do mundo, porém, ensinar uma criança a escrever permite que a mesma possa ressignificar e deixar suas marcas registradas para o mundo e transformadas em memórias coletivas.

Referências Bibliográficas:
LIMA, Elvira Souza. Neurociência e Escrita. São Paulo: Inter Alia Comunicação e Cultura, 2010.
SBNPP. Nota Técnica 02/2017. Joinville: SBNPP, 2017. Disponível online em: www. Sbnpp.com.br
SHAYWITZ, Sally. Entendo a dislexia: um novo e completo programa para todos os níveis de problemas de leitura. Porto Alegre: Artmed, 2006.
STANISLAS, Dehaene. PEGADO, Felipe. O impacto da aprendizagem da leitura sobre o cérebro. Revista Pátio. Ano XVI nº 61 fev/abr. p 11-13. Porto Alegre: Artmed, 2012.
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[1]Especialista em Alfabetização, Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva, Neuropsicopedagogia Clínica e Neuroaprendizagem. - whatsApp - 51 99248-4325
Como fazer a citação deste artigo:
HENNEMANN, Ana L. Ler e escrever requerem dedicação, exercício e tomada de consciência. Novo Hamburgo, 03 de agosto de 2017. Disponível online em:   http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2017/08/ler-e-escrever-requerem-dedicacao.html



Entendendo os processos cognitivos relacionados a atenção, memória operacional e funções executivas

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Ana Lúcia Hennemann[1]
         Nosso sistema nervoso é repleto de estruturas que se utilizam de processos cognitivos que nos fazem desempenhar as tarefas do dia-a-dia, sendo que a obtenção de êxito nas mesmas se dá quando estes processos trabalham de forma equilibrada e integrada. Processos como atenção, memória operacional e funções executivas são primordiais para a realização de qualquer atividade, sendo que estudos com alunos que apresentam transtornos de aprendizagem evidenciam desempenho abaixo do esperado em tarefas que fazem a mensuração destes construtos.
        Nesse sentido, o entendimento do que exatamente são estes processos, como eles atuam no cérebro e quais as regiões responsáveis pelos mesmos, podem proporcionar ao educador a identificação precoce de situações disfuncionais em estudantes, auxiliando deste modo no processo de encaminhamento a outros profissionais quando se fizer necessário e também na escolha de atividades pedagógicas de intervenção.

Atenção

       Durante o percurso de uma hora ou um dia, muitas informações chegam ao nosso sistema nervoso através de receptores sensoriais periféricos que captam a energia do ambiente e vão passando-a de uma célula a outra, até chegar em áreas especificas do cérebro responsáveis pelo seu processamento, no entanto nem tudo é processado. Esta situação ocorre devido ao nosso cérebro ser constituído por mecanismos que necessitam filtrar as informações, focalizando somente aquilo que nos é importante. Este mecanismo de filtrar/selecionar as informações ocorre através do fenômeno da atenção, onde Guerra e Cosenza (2011) usam como metáfora a comparação com uma lanterna, ou seja, a luz da lanterna ilumina determinado foco dentro de um grande contexto, a iluminação da lanterna seria o mesmo que ocorre com o nosso foco atencional.  No entanto, os autores alertam que o foco atencional não ocorre apenas em situações extrínsecas, mas também nas intrínsecas, ou seja, em situações interiores do nosso organismo, por exemplo nossos pensamentos.
      A seleção das informações se dá através de cadeias neuronais onde as estações sinápticas intermediárias podem inibi-las, impedindo desse modo que as mesmas atinjam regiões que as torne conscientes. Nesse sentido, um aspecto importante a considerar é o nível de vigilância ou de alerta que o cérebro se encontra num determinado momento.
       O nível de vigilância é regulado pelo locus ceruleus[2](figura 1), localizado no mesencéfalo onde o principal neurotransmissor produzido nesta região é a noradrenalina. 

Figura 1 - Locus ceruleus
Fonte: adaptação de imagem de KANDEL, 2016

        Um nível de vigilância adequado permite que nosso cérebro possa manipular a atenção, fazendo com que o foco atencional consciente ocorra em diferentes modalidades sensoriais. (COSENZA; GUERRA, 2011). Entretanto, situações de extremo alerta atencional podem ocasionar prejuízos aos indivíduos, alterando a atenção e o processamento cognitivo, por exemplo: pessoas que sofrem de ansiedade ou esquizofrenia podem apresentar desequilíbrios atencionais fazendo com que as informações que lhe chegam sejam distorcidas.
      Quando falamos de atenção se faz necessário explicar que há circuitos neuronais que a governam, circuitos tais como: da regulação da vigilância, orientador e o executivo.
       O circuito da regulação da vigilância pode ser regulado de duas formas: “de baixo para cima” ou de “cima para baixo”.
    O circuito de regulação “de baixo para cima” chamado de atenção reflexa, é norteado pelos estímulos periféricos e suas características, algum tipo de novidade ou contraste. Por exemplo: algum som que ocorra repentinamente no ambiente: uma ambulância que passa, a porta que bate, a sineta que toca no contexto escolar. As situações internas do organismo como sede, fome, etc, também fazem parte da atenção reflexa.  Na atenção voluntária, a que ocorre “de cima para baixo”, é justamente quando temos uma escolha determinada por um algum contexto específico: procura de um objeto em algum local ou tentar alcançar algum objetivo.
    O circuito orientador, localizado no lobo parietal é aquele que nos permite desligar o foco atencional de um determinado alvo e o deslocar para outro ponto, ajustando a atenção para que possamos perceber com maior clareza o estímulo enviado. Nesse circuito o foco da atenção pode ser dirigido a outros sistemas sensoriais.
    No circuito executivo, ocorre o prolongamento da atenção ao mesmo tempo que são inibidos os estímulos distratores. Esse circuito (figura 2) localiza-se numa área do córtex frontal, numa porção mais anterior de uma região conhecida como giro do cíngulo que fica situada na parte interna do hemisfério cerebral adjacente ao outro hemisfério.
Figura 2- Circuito executivo

                                                         Fonte: adaptação de imagem de Kandel, 2016
      
        Uma das funções dessa atenção executiva relaciona-se aos mecanismos de autorregulação, que consiste na capacidade de modulação do nosso comportamento de acordo com as demandas cognitivas, emocionais e sociais de uma determinada situação (COSENZA e GUERRA, 2011). Sendo que no giro do cíngulo há duas áreas diferentes, uma que regula a atenção aos processos emocionais e outra que é voltada aos processos cognitivos.

Memória de trabalho

       Quando falamos de memória de trabalho, podemos utilizar a metáfora de uma mesa contendo objetos os quais iremos nos utilizar durante um determinado período para desempenhar uma tarefa. Deste modo, podemos entender que a memória de trabalho é também conhecida como memória operacional, sendo que a função da mesma permite a manutenção e a manipulação de informação de forma temporária enquanto são realizadas operações mentais. Essa memória é responsável pelo armazenamento e pela manipulação de novos conhecimentos, bem como permite que se faça correlações entre novas e antigas informações.
        A memória operacional não tem uma localização específica no cérebro, mas sim vários circuitos ou sistemas responsáveis por ela, sendo que o córtex pré-frontal coordena e integra ações desenvolvidas em várias áreas corticais e subcorticais como forma de cuidar de nossas atividades mentais.
       No entanto, se faz necessário lembrar que para que a informação chegue na memória de trabalho ela precisa ser relevante a ponto de se tornar consciente, ultrapassando deste modo o filtro da atenção. Uma memória inicial, ocorre através memória sensorial ou imediata, que dura alguns segundos e apenas ativa os sistemas sensoriais relacionados a ela. Embora com características um pouco diferenciadas, quanto ao tempo de armazenamento, esta memória lembra um modelo postulado por Baddeley (2000), conhecido como “buffer episódico”, o qual podemos verificar nas descrições de Abreu [et al] (2016, p.301),
Em uma revisão e nova proposta do modelo em 2000, Baddeley inseriu um novo componente, o buffer, ou retentor episódico, um sistema supostamente capaz de reter informações por curto tempo de forma multidimensional e realizar conexões entre os subsistemas da MO e as conexões da MO com inputs da memória de longa duração e da percepção (Baddeley, 2011; Canário & Nunes, 2012).

      No entanto, se a informação tiver relevância ela pode ser mantida na consciência através do sistema de repetição que pode ser feito através de recursos verbais ou visuais (imagens). Esses subsistemas são na verdade processos cognitivos, localizados no córtex cerebral, os quais Baddeley, 2011 os caracteriza como alça fonológica e esboço visuoespacial.
[...] na alça fonológica ocorre a codificação fonológica (verbal), enquanto o esboço visuoespacial é responsável por armazenamento e manipulação da informação correspondente a esse domínio, possibilitando o desenho mental de lugares ou situações. (ABREU [et al], 2016, p.301)

       Cosenza e Guerra (2011) alertam que o sistema de repetição tem capacidade limitada referente aos números de itens que consegue manter e processar, equivalente ao intervalo de 2 segundos. Contudo, tanto a memória sensorial quanto o sistema de repetição se mostram componentes essenciais da memória operacional, pois os sistemas neurais responsáveis por esta memória lidam com vários processos de informação, tais como: sons, imagens, pensamentos, no sentido de mantê-los disponíveis para que possamos desempenhar atividades voltadas cotidianas voltadas a resolução e compreensão de tarefas, ou seja, raciocinar sobre as mesmas.
      Pode-se tomar como exemplo a seguinte situação: a criança recebeu na escola um “tema de memória”, ou seja, um tema para casa o qual não necessitava fazer o registro no caderno ou agenda. Vamos simular que a tarefa seja: - trazer no dia seguinte uma gravura de um animal doméstico. Como estratégia para lembrar a atividade a criança poderá: - repetir a ordem dada até encontrar um familiar e informar o que necessita fazer; - se ela tem animal poderá visualizar a imagem do mesmo; -poderá associar o tema a uma situação em que brincou com um animal desta classificação. Enfim, ela terá que conservar esta informação, por determinado tempo, através de ativação de registros, pois quando associamos as tarefas a sinais e pistas maior a chance de manter por horas ou até mesmo dias a informação na memória operacional.

Funções executivas

        No desempenho de qualquer tarefa se faz necessário um conjunto de habilidades e capacidades que nos permitem realizar ações para a conclusão da mesma, chamamos isso de funções executivas (FEs). Por exemplo se necessitamos escrever um bilhete a alguém, se faz necessário desde a organização de objetos para a escrita até a seleção do conteúdo a ser inserido. Outro exemplo: o indivíduo precisa ir ao mercado comprar os alimentos para a semana, então será necessário: identificar quais produtos devem ser comprados, a forma de pagamento dos mesmos, o como irá transportá-los até sua residência, onde irá armazenar tais alimentos. Tudo isso requer “identificação de metas, planejamento de comportamento e a sua execução e monitoramento do próprio desempenho até que o objetivo seja consumado”. (COSENZA; GUERRA, 2016, p. 87)
      As funções executivas (FEs) nos dão condições para elaborar nossos pensamentos de modo a adaptá-los aos estímulos, antecipar ações futuras e mudar planos caso ocorram imprevistos, por isso elas possibilitam nossa interação com o mundo frente às mais diversas situações que encontramos. Faz com que desempenhamos uma tarefa global (tanto de curto quanto de longo prazo) ao mesmo tempo que executamos várias outras subtarefas que necessitam ser distribuídas no tempo de forma organizada e mantidas na memória operacional até que a meta final se concretize. (COSENZA; GUERRA, 2016).
       A região pré-frontal possui três circuitos neuronais responsáveis pela coordenação destas funções executivas: orbitofrontal, dorsolateral e medial.(figura 3)
Na orbitofrontal, localizada na porção inferior do cérebro, logo acima da órbita, se mostra responsável pela avaliação dos riscos e inibição de respostas inapropriadas. A dorsolateral situa-se na parte externa do cérebro e através dela ocorre o planejamento do comportamento, a flexibilização das ações e o funcionamento da memória de trabalho. Na superfície medial do cérebro juntamente com a porção mais anterior do giro do cíngulo está o circuito medial, responsável pelo automonitoramento, a correção dos erros e o fenômeno da atenção. 


                                   Figura 3- Regiões responsáveis pelas funções executivas
                                              Fonte: criação da autora adaptando de imagens de KANDEL, 2016.

       Todos indivíduos necessitam ter pleno funcionamento de suas funções executivas para êxito nas tarefas, no entanto devemos lembrar que estas funções se desenvolvem gradualmente ao longo da infância e da adolescência, pois o córtex pré-frontal responsável pela coordenação das funções executivas tem “maturação lenta e continua se modificando significativamente até a adolescência por meio de processo como ramificação de dendritos e a formação e a eliminação de sinapses”. (COSENZA; GUERRA, 2011, p. 92)
      Todo ser humano vai abarcando ao longo de sua vida experiências diferenciadas e desta forma vai se constituindo como indivíduo único, sendo que o ambiente social tem função essencial no desempenho das funções executivas, porém devemos lembrar que justamente pela trajetória de vida de cada um, o desenvolvimento destas funções também se apresentará de modo distinto para cada ser humano.

Considerações finais:
      
       Todos dependemos do bom funcionamento de nossos processos cognitivos para a realização das tarefas, sendo que no ambiente escolar, devido a grande demanda de atividades que exigem atenção, planejamento, velocidade de processamento, fluência verbal, memória, entre outros, fazem com muitos destes processos se mostram mais evidentes. Ter pleno funcionamento dos processos que envolvem atenção, memória operacional e funções executivas ajuda os alunos a focar, conseguir manter informações na mente enquanto realizam exercícios escolares, bem como conseguir priorizar e inibir comportamentos, situação que auxilia a resistir a distrações ou estímulos irrelevantes.
      Autores como Cosenza e Guerra ao mesmo tempo que nos orientam sobre todos estes construtos também nos alertam do que pode ser realizado para manter o equilíbrio destes processos. Atividades como: - estudar em ambientes sem distratores; - ter rotina para estudar; - ter atividades de higiene mental para ajudar a manter a memória de trabalho menos sobrecarregada de modo a processar as informações mais importantes. Do mesmo modo, tanto pais quanto educadores, mediante o conhecimento destes processos e com o entendimento de que a criança se encontra com o cérebro em processo de maturação podem ensinar estratégias que impulsionem o desenvolvimento das funções executivas, tais como: ensino de planejamento das atividades onde a criança seja capaz de estabelecer metas e executá-las desde o início até o fim das mesmas.
       Levando em consideração que o ambiente também vai moldando o quanto vamos desenvolvendo ou não nossas habilidades cognitivas, podemos entender o quanto é importante ter pessoas mais conscientes para orientar as crianças, pois elas serão os adultos de amanhã e a obtenção do pleno desenvolvimento destes processos cognitivos pode resultar em uma vida mais útil e com muito mais êxito.

 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
 CORSO, Luciana Vellinho. Dificuldades na Leitura e na Matemática: um estudo dos processos cognitivos em alunos da 3ª a 6ª série do Ensino Fundamental. Tese de Doutorado. Porto Alegre: UFRGS, 2008.

COSENZA, R.M. GUERRA, L. Neurociência e Educação: como o cérebro aprende. Porto Alegre: Artmed, 2011.
 MALLOY-DINIZ, L., MATTOS, Paulo, ABREU, Neander, FUENTES, Daniel. Neuropsicologia: Aplicações Clínicas. Porto Alegre: Artmed, 2016.



[1]Especialista em Alfabetização, Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva, Neuropsicopedagogia Clínica e Neuroaprendizagem. Professora de Pós-Graduação pelo CENSUPEG. Membro do Conselho Técnico da SBNPp (2016-2018) - whatsApp - 51 99248-4325
Como fazer a citação deste artigo:
HENNEMANN, Ana L. Entendendo os processos cognitivos relacionados a atenção, memória operacional e funções executivas
Novo Hamburgo, 05 de agosto de 2017. Disponível online em:   https://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2017/08/entendendo-os-processos-cognitivos.html


[2]Locus ceruleus – é um grupo de neurônios que possuem um pigmento de coloração azulada.

Congresso Brasileiro de Neuropsicopedagogia

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    No mês de outubro Joinville - SC irá ser a sede de um grande evento, o Congresso Brasileiro de Neuropsicopedagogia. 
  Toda organização está sendo realizada pela SBNPP - Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia, que é uma sociedade sem fins lucrativos mas que visa divulgar tudo que diz respeito a Neuropsicopedagogia. Para este ano, o ápice desta divulgação se dará através do congresso cuja temática principal será "Interfaces entre as Neurociências, Psicologia Cognitiva e Pedagogia  para uma educação em evolução".
       O evento ocorrerá entre os dias 5 e 7 de outubro com palestras ministradas  dentro de 6 módulos norteadores:
1º “Neuropsicopedagogia e Suas Implicações Dentro da Escola”
2º “Neurodesenvolvimento e Aprendizagem”
3º “Neuropsicopedagogia e Prevenção”
4º “Neurociências, Metodologias Inovadoras de Ensino e Tecnologias”
5º  “Neurociências e suas interfaces da atuação Clínica e Institucional”
6º  “Neuropsicopedagogia e Terceiro Setor”

Venha conferir toda a programação através do site: http://sbnpp.com.br/congresso/programacao/ 

E lembre-se de se inscrever o quanto antes, pois as vagas estão concorridas!!!

AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO NEUROPSICOPEDAGÓGICA (NEEI) – São Luis - MA

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Foi durante o mês de setembro que tive o privilégio de compartilhar saberes com uma turma de neuropsicopedagogas  hiper animadas e dedicadas. Meninas que se mostraram muito hospitaleiras e simpáticas!
A disciplina Avaliação e Intervenção Neuropsicopedagógica (CENSUPEG) faz parte da grade curricular tanto do contexto clinico, quanto do Institucional, porém com atuação diferenciadas. No contexto clínico o foco de atuação será na individualidade e no contexto Institucional e Educação Especial  Inclusiva o foco é na coletividade.
Como recentemente a SBNPp emitiu uma nova nota técnica (NOTA TÉCNICA Nº 02/2017) apresentando de forma mais elucidativa a atuação clínica e também a institucional, já fizemos uso de vários subsídios deste documento.
Como forma de tornar a aula mais dinâmica foram apresentados estudos de casos, relatando a situação de determinada turma, aplicação de instrumentos de triagem, resultados obtidos e a partir desses dados as alunas precisavam fazer uma análise e construir um plano de intervenção propondo metas iniciais, intermediárias e finais.
Digamos que uma turma de primeiro ano do ensino fundamental,  após avaliação apresentasse os seguintes resultados:
“Dos 20 alunos da turma, 5 crianças apresentaram fatores de risco relacionados a noções de esquema corporal, motricidade fina, direção, discriminação auditiva e verbalização de palavras. Os dados coletados na prova do IAR se confirmaram também no baixo desempenho destes alunos do TGMD-2 e no teste de “Quatro palavras e uma frase”. Situação esta que nos leva a perceber que estas crianças necessitam de atividades interventivas relacionadas ao desenvolvimento motor visando também ao desenvolvimento sensorial. Paralelamente se faz necessário atividades de nomeação de objetos como forma de aumentar os conhecimentos linguísticos.”
Obtendo entendimento destes resultados, o neuropsicopedagogo no contexto coletivo poderá fazer do uso do RTI (resposta à intervenção) que é um modelo de programa para a identificação precoce direcionada a escolares que apresentam dificuldade de aprendizagem e também no comportamento e que necessitam de intervenções mais específicas. Os benefícios do RTI incluem eficiência e eficácia na redução das dificuldades acadêmicas, como leitura, escrita e matemática, diminuição de baixa instrução apontada como causa do mau desempenho, diminuição da má interpretação de escolares encaminhados para os serviços especiais.
Através destas breves instruções as neuropsicopedagogas maranhenses organizaram oficinas temáticas para as crianças cujo desempenho na avaliação se encontrava abaixo do esperado. Situação essa que me rendeu maiores aprendizagens, pois as oficinas propostas foram de imensa partilha de saberes, pois haviam muitas propostas de intervenções.

 O lindo de tudo é voltar e verificar o quanto aprendemos, o quanto a neuropsicopedagogia habita os contextos escolares e clínicos de todo território nacional. 

10 motivos para cursar neuropsicopedagogia pelo CENSUPEG

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O curso de pós-graduação em Neuropsicopedagogia pelo CENSUPEG tem recebido muitas premiações devido a seriedade, cientificidade e ênfase na qualidade educacional do mesmo. No vídeo há 10 motivos que farão você optar por este curso, através do CENSUPEG. Aulas presenciais em Novo Hamburgo Maiores informações: novohamburgo@censupeg.com.br whats (51) 992484325 ou (51) 997508901 Caso quiser, já faça sua inscrição diretamente no link: https://goo.gl/vM6dET

NEUROPSICOPEDAGOGO CLINICO E INSTITUCIONAL TERÁ 2 CÓDIGOS NA CBO

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No 14 de março de 2018, aconteceu o painel de convalidação para a inclusão das ocupações NEUROPSICOPEDAGOGO CLÍNICO e NEUROPSICOPEDAGOGO INSTITUCIONAL na CLASSIFICAÇÃO BRASILEIRA DE OCUPAÇÕES – CBO, documento do Ministério do Trabalho.
Participaram desse momento a SBNPp e os profissionais: Bárbara Madalena Heck da Rosa, Angelita Fülle, Rita Margarida Toler Russo, Fabrício Bruno Cardoso, Ana Lucia Hennemann, Rosane Edmaig Arruda Dias, Daiana Aparecida Silveira Gonçalves Costa e Sueli Valentim Sanches Bazan, também contou-se com a presença de representantes da Coordenação da Classificação Brasileira de Ocupações do MTb – CCBO/MTb e da coordenação da FIPE.
Serão 2 códigos: 1 para o NEUROPSICOPEDAGOGO CLÍNICO e 1 para o NEUROPSICOPEDAGOGO INSTITUCIONAL, os códigos serão publicados e poderão ser utilizados a partir de meados de Fevereiro de 2019, período que será publicada a nova atualização da CBO.”

O ISSO SIGNIFICA?

A Classificação Brasileira de Ocupação (CBO) tem como finalidade identificar as ocupações e as ações que os profissionais devem desenvolver dentro de seus perfis profissiográficos. Tendo seus códigos definidos, os profissionais da neuropsicopedagogia tanto institucional quanto clínicos, poderão já em 2019 ter seus direitos assegurados (auxilio doença, aposentadoria, etc).  Também, poderemos participar dos primeiros concursos dentro destes campos de atuação.

Contudo é importante saber que o CBO não regulamenta uma profissão, isso é realizado através de outros caminhos.  A CBO apenas tem por finalidade a identificação das ocupações no mercado de trabalho, para fins classificatórios juntos aos registros administrativos e domiciliares.

O importante é que ao fazer matrícula num curso de pós-graduação que esteja de acordo com o que prediz a SBNPp, (Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia), inclusive estamos ofertando tanto a pós em Neuropsicopedagogia Clínica quanto a Institucional...

Seguem abaixo nossos contatos caso queira mais informações:

Informações e matrículas:
(051) 99248-4325
(051) 99750-8901
novohamburgo@censupeg.com.br

I SEMINÁRIO SUL-BRASILEIRO DE NEUROPSICOPEDAGOGIA

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Em 28/08/2018, ocorrerá o I Seminário Sul Brasileiro de Neuropsicopedagogia, com a temática: NEUROPSICOPEDAGOGIA EM FOCO, com abordagens atuais do contexto neuropsicopedagógico.



08:00 - 08:30 | Credenciamento e Coffee Break

08:45 | Abertura Oficial 

09:00 - 10:30 | Palestra Presidente SBNPp Dr. 
Luiz Antonio Correa

Tema: Neuropsicofarmacologia e Educação - A influência da medicação no processo ensino e aprendizagem


10:30 - 12:00 | Palestra Dr. Filipe Bonone 

Tema: Epilepsia e Processos de Aprendizagem

12:00 | Almoço Livre

13:30 | Credenciamento

14:00 | Palestra Msc. 
Fabricio Cardoso

Tema: O olhar neuropsicopedagógico na escola - Perspectivas da atuação no contexto institucional.


16:00 | Palestra Esp. Ana Lucia Hennemann

Tema: Retomando o Perfil Profissiográfico do Neuropsicopedagogo-  A partir da conquista do CBO


18:00 | Coffee Break

18:30 | Palestra PhD Edson Quagliotto

Tema: Identificando transtornos da aprendizagem- A  visão neuropsicopedagógica


20:30 | Encerramento

CERTIFICAÇÃO: 20h

Seminário Sul Brasileiro de Neuropsicopedagogia

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O Rio Grande do Sul, teve seu primeiro Seminário voltado a neuropsicopedagogia, ou seja, o I Seminário Sul-Brasileiro de Neuropsicopedagogia. O mesmo ocorreu na cidade de Santa Cruz do Sul, onde foi idealizado pela gestora da Faculdade Censupeg daquela região, a professora Márcia Gewher.
 Este evento contou com a presença de mais de 300 participantes vindos de 9 estados brasileiros, cujas temáticas abordadas contemplaram indagações provindas por todos aqueles que se interessam pelo universo neuropsicopedagógico... Como é de conhecimento de muitos, a neuropsicopedagogia tem cada vez mais conquistando espaço no território nacional e como se trata de ciência incipiente, se faz necessário que cada vez mais tenhamos espaços de trocas de saberes voltados a esta área, deste modo o I Seminário Sul-Brasileiro de Neuropsicopedagogia contribuiu para a praxis destes profissionais, bem como trouxe maior entendimento para demais profissionais da educação. 
A primeira palestra do dia foi proferida pelo Dr Luiz Antonio Correa, abrangendo o tema: Neuropsicofarmacologia e Educação- A influência da medicação no processo ensino e aprendizagem. Durante a palestra ressaltou-se a importância do conhecimento da atuação dos fármacos no sistema nervoso e como esta interação pode influenciar na aprendizagem. O palestrante também explicou a questão sobre o investimento feito para a fabricação das medicações de modo que elas realmente sejam funcionais e alertou quanto as instruções adequadas que estas medicações devem ser armazenadas e também consumidas.

A segunda palestra, intitulada Epilepsia e Processos de Aprendizagem, proferida pelo Dr. Filipe Bonone, trouxe de modo muito prático e interativo com o público, o entendimento dos diversos tipos de epilepsia e como os profissionais da neuropsicopedagogia podem identificar quando um individuo está tendo uma crise epilética e evitar que a pessoa se machuque, durante aqueles momentos. Também ressaltou algumas causas e quais os tratamentos adequados.

Para trazer uma visão da atuação do neuropsicopedagogo no contexto escolar, o terceiro palestrante, Msc. Fabrício Bruno Cardoso ressaltou: O olhar neuropsicopedagógico na escola: perspectivas da atuação no contexto institucional. Contribuindo com sua expertise em atuação no Laboratório de Inovações Educacionais e Estudos Neuropsicopedagógicos da FSF/ Grupo CENSUPEG., o palestrante mostrou várias práticas que o neuropsicopedagogo pode incluir em suas atividades, bem como indicações de diversos estudos de pesquisa voltados à aprendizagem.

A quarta palestrante, Esp Ana Lúcia Hennemann (que casualmente sou eu, rs) apresentou o tema: Retomando o Perfil Profissiográfico do Neuropsicopedagogo a partir da conquista do CBO. Inicialmente foi trazido para conhecimento de todos toda uma contextualização histórica da neuropsicopedagogia, de modo a que todos viessem entender como chegamos a profissionalização do neuropsicopedagogo, que em 2019 passa a ter oficialmente 2 códigos de ocupação na CBO (Classificação Brasileira de Ocupações), conquistas estas provindas através da Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia.



  O quinto e último palestrante do evento ´foi o PhD Edson Quagliotto, cujo tema: Identificando transtornos da aprendizagem -A visão neuropsicopedagógica. Inicialmente foi trazido questões relativas ao neurodesenvolvimento da criança, o que é esperado de uma criança típica, para então se fazer a abordagem do que vem a ser um transtorno de aprendizagem e como o neuropsicopedagogo pode ter subsídios de identificação precoce de modo a intervir o quanto antes...

Para aqueles que não puderam se fazer presentes, só posso mencionar que vão ter que esperar os próximos eventos, mas este, foi sem dúvida o primeiro de muitos que virão a acontecer aqui no Rio Grande do Sul....

As funções executivas e sua importância no bom desempenho acadêmico

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Vera Lucia de Siqueira Mietto[1]

Não é de hoje que as questões acerca do desempenho escolar são pauta de discussões entre professores e profissionais da educação e saúde.
Crianças e adolescentes que no curso de seu desenvolvimento escolar, apesar de não apresentarem nenhum impedimento cognitivo, transtorno de aprendizagem ou falhas sensoriais, não conseguem obter o resultado esperado por pais e professores.
O que poderia estar acontecendo? Onde estaria o cerne do problema? Estaria na escola? Na metodologia utilizada?
Muitas questões precisam ser analisadas quando se fala de baixo desempenho acadêmico. Sabe-se que para a criança obter êxito na escola é preciso que cresça aprendendo a se regular, a estabelecer estratégias para alcançar suas metas, saber estudar e se organizar.
Aprender a ter autonomia constitui um fator primordial para crescer independente, organizado e ter metacognição, isso quer dizer que é preciso que o indivíduo tenha conhecimento sobre suas capacidades, percepção, avaliação, regulação comportamental e refletir sobre suas ações: é aprender a aprender. RIBEIRO (2003)
Mas, hoje em dia, com a demanda diária do fazer dos pais e cuidadores da criança, com o apressamento da vida que estamos expostos, a criança tende a ter tudo pronto, tudo muito arrumado para que seus cuidadores não percam tempo, e com isso, habilidades que iriam desenvolver a autonomia da criança ficam como que “adormecidas” e ela passa a ter um comportamento passivo, a não ter que se preocupar com nada, com suas necessidades mais básicas pois tem quem faça por ela, rápido, pois não há tempo a perder. Por outro lado, temos ainda a carência de tempo dos pais com seus filhos, que acabam por fazer todas as suas vontades, por conta de sentirem-se tão ausentes. E a criança cresce com suas vontades sendo atendidas de pronto. Não aprendem a esperar, querem no seu tempo e assim crescem, com suas vontades sendo satisfeitas de pronto. Caso não sejam atendidas, vem a birra! Apavorados e sem saber como lidar com esse comportamento, os cuidadores cedem! E como essas crianças crescem?
Vemos isso com muita frequência, demanda muito comum nos consultórios, com a queixa de que a criança é geniosa, insatisfeita, desatenta, desorganizada, ansiosa, sem responsabilidade ou que ainda está imatura, só desejando brincar em sala de aula, ignorando muitas vezes o fazer acadêmico a que está inserida. Adolescentes que não tem responsabilidade, não se esforçam e ficam a esperar tudo pronto, e com isso, as dificuldades em manter um bom desempenho acadêmico não acontecem. Entendendo que toda a satisfação pessoal vem do fazer, do buscar que faz parte do amadurecimento emocional.
Ao chegarem na escola, também esperam que sejam atendidas como acontece em casa, querem que seus professores organizem tudo, que tenham o mesmo comportamento que incorporam de seus cuidadores e quando não são atendidos, desafiam, se dispersam e o processo de aprendizagem fica prejudicado.
É a brincadeira e as tarefas não terminadas em sala de aula, os deveres que não são realizados em casa, a falta de compromisso evidente! As tarefas escolares se tornam desinteressantes, desestimulantes, pois precisam parar, pensar e organizar o pensamento na busca de respostas e soluções. Como sentir prazer nesse fazer que requer trabalho e autorregulação se estão acostumados a uma variedade de estímulos do mundo digital, onde só precisam clicar e uma gama de soluções se colocam á disposição?
Habilidades cruciais que desenvolvem a criança em sua capacidade de ter autonomia e gerir suas necessidades individuais não foram estimuladas e o resultado começa a aparecer desde cedo no fazer acadêmico.
Mas como adquirir essas habilidades tão importantes para a vida escolar? Como a criança vai se organizar nas tarefas escolares, arrumar seus pertences na mochila ou parar e prestar atenção no que o professor diz, nas tarefas que precisa iniciar e terminar em tempo hábil, se não aprendeu a ter autonomia e a cuidar de si?
Ter bom desempenho acadêmico requer possuir habilidades que possibilitem foco e metas pré- estabelecidas, habilidades essas que, como se sabe, compõe as Funções Executivas.
Segundo Gazaniga (2006) as Funções Executivas são um conjunto de habilidades cognitivas fundamentais para a cumprir-se diversas atividades que requerem planejamento e monitoramento de comportamentos intencionais relacionados a um objetivo ou a demandas do meio ambiente.
As funções executivas, deste modo, possibilitam ao indivíduo uma interação com o meio de maneira mais ajustada, mais harmoniosa , sendo a base para a orientação e estruturação de várias habilidades intelectuais, emocionais e sociais, como se programar para as tarefas domesticas, ir à escola, ir ao trabalho, fazer os deveres de casa, estudar para a prova, terminar suas atividades dentro do tempo estabelecido, priorizar necessidades individuais e coletivas entre muitas outras tarefas importantes do dia a dia. VASCONCELOS (2011)
O desenvolvimento das habilidades executivas começa no primeiro ano de vida do bebê e vai se acentuar por volta dos 6 e 8 anos de idade, avançando até o final da adolescência e o início da fase adulta do indivíduo. ROTTA(2016).
Podemos aqui observar ao longo desse período, à medida que a criança cresce e se desenvolve, que as diversas habilidades executivas vão se aprimorando e quanto mais vivencio e experimento situações que demandem autorregulação e atenção vou amadurecendo essas habilidades e tendo ganhos comportamentais que me possibilitarão melhores aprendizagens.
As funções Executivas e suas habilidades tem sido alvo de muitos estudos e pesquisas por diversos autores que pontuam a existência de componentes diferenciados e de crucial importância. Para Miyake et al(2000), três componentes são fundamentais: o controle inibitório, a memória de trabalho e a flexibilidade cognitiva. Outros autores acrescentam a esse construto componentes de maior complexidade como a resolução de problemas e planejamento. ROTTA(2006)
Para entendermos a importância desse construto, vamos ver o que Rotta (2006), Diamond(2007) e Barkley (2001) nos falam dessas habilidades:
1-Controle inibitório: é a capacidade de pensar antes de agir, ou seja, inibir uma resposta comportamental impulsivamente, passando de uma resposta para outra melhor e mais considerada, adequada para a situação. É a maneira com que o cérebro modula o nosso comportamento.
2-Memória de trabalhoé a capacidade de se armazenar temporariamente as informações e as incorporar a outros estímulos do meio ambiente, ou seja, poder buscar uma informação na memória de longo prazo, facilitando seu resgate quando necessário. Tem um papal fundamental na capacidade de compreender o que se está lendo, o que se está a aprender e na capacidade de manter o raciocínio com logicidade. É ela que dá sentido aos acontecimentos, evocando eventos já armazenados e integrando com os novos que se está a prender.
3-Flexibilidade cognitivaé a capacidade em alternar o foco, mudar de atividade ou de planos: se um caminho escolhido não traz resultados positivos, outro caminho é elaborado e percorrido. É a capacidade de mudar de planos em decorrência da demanda imposta pelo meio a que está inserido.
Como se pode observar nas falas de Rotta (2006 ), Diamond(2007) e Barkley (2001), as habilidades simples que se requer nas atividades escolares podem ser alteradas, por exemplo, por ausência do controle inibitório: se eu não paro, não presto atenção e assim a habilidade executiva que tem como função selecionar, dentre vários estímulos distratores o que é relevante (atenção seletiva), fica prejudicada e me distraio em sala de aula.
Outra habilidade que exerce grande influência no desempenho escolar é a memória de trabalho: ela me faculta a compreensão do que está sendo aprendido, por evocar o que já aprendi e me facilitar também a compreensão do que estou lendo.
Da mesma maneira, ser flexível me viabiliza novas possibilidade e planejar qual caminho ou rota devo seguir para obter sucesso. Se o comportamento é rígido, não saio do lugar, não aceito novas possibilidades e continuo fazendo do mesmo jeito, mesmo percebendo que o caminho escolhido não é o melhor a ser adotado. Outro comportamento observado na ausência de flexibilidade na escola é a dificuldade de me adaptar a mudança ou planos em sala de aula, em trabalhos em grupos onde escutar o outro e mudar planos se faz necessário para que obtenhamos sucesso. ROTTA (2006 ), DIAMOND(2007) E BARKLEY (2001)
A relação das habilidades executivas e o bom desempenho acadêmico tem sido evidenciado por diversos autores: Capovilla (2008), Dias(2010), Gathercole et al (2006) comprovaram que o controle da atenção e a autorregulação são predistores de bom desempenho escolar em disciplinas como as de matemática e linguagem.
Gathercole et al (2006) evidenciaram que a memória de trabalho influencia diretamente sobre a leitura, prejudicando a memória de curto prazo visoespacial, interferindo diretamente na linguagem, consciência fonológica e memória de curto prazo fonológica. Impacto que pode ser evidenciado no não cumprimento de uma tarefa escolar, por dificuldades de manter-se focado e terminá-la dentro do tempo estabelecido.
Outros estudos vieram comprovar a relação das habilidades executivas bem desenvolvidas e o êxito no contexto acadêmico. DIAMOND(2007), DIAS(2010)
Crianças na fase pré- escolar com controle inibitório e autorregulação já bem desenvolvidas conseguem compreender melhor ordens e seguirem regras, facilitando a aprendizagem e o desejo em realizar tais tarefas. DIAMOND(2012)
Com base nesses dados fica aqui um questionamento: por que não estimular as habilidades executivas em sala de aula? Não seria uma forma de preparamos nossos estudantes a terem sucesso acadêmico e em sua vida?
Na literatura vários métodos de estimulação das habilidades executivas já se encontram disponíveis e um estudo criterioso de qual melhor método a ser utilizado pelas escolas (inserido em sua metodologia) deveria fazer parte de discussões entre os educadores.
Fica aqui uma reflexão: a quem caberá esse novo olhar, aos terapeutas, aos pais ou a escola? Uma ação em conjunto sem dúvida traria benefícios a nossas crianças e melhoraria o fazer acadêmico, evitando repetências e a evasão escolar.

Bibliografia:
Barkley RA. The executive functions and self-regulation: an evolutionary neuropsychological perspective. Neuropsychol Rev. 2001; 11(1):1-29.
Capovilla AGS, Dias NM. Desenvolvimento de habilidades atencionais em estudantes da 1ª a 4ª série do ensino fundamental e relação com rendimento escolar. Rev Psicopedagogia. 2008;25(78):198-211.
Célia Ribeiro. Metacognição: Um Apoio ao Processo de Aprendizagem. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2003, 16(1), pp. 109-116
Dias, N. M., Menezes, A., & Seabra, A. G. (2010). Alterações das funções executivas em crianças e adolescentes. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, 1(1), 80-95.
Dias NM. (2009). Avaliação neuropsicológica das funções executivas: Tendências desenvolvimentais e evidências de validade de instrumentos [Dissertação]. São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie
Diamond A, Barnett WS, Thomas J, Munro S. Preschool program improves cognitive control. Science. 2007;318(5855):1387-8.
Diamond A.(2012) IV Seminário Internacional Educação Infantil: evidências científicas, melhores práticas. São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie. Disponível em: http://www.alfaebeto.org.br/279
Fuentes, D., Malloy-Diniz, L. F., Camargo, C. H. P., & Cosenza, R. M. (2008). Neuropsicologia:teoria e prática. Porto Alegre: Artmed
Gathercole SE, Alloway TP, Willis C, Adams A. Working memory in children with reading disabilities. J Exp Child Psychol. 2006; 93:265-81.
Gazzaniga MS, Ivry RB, Mangun GR. Neurociência cognitiva. Porto Alegre: Artmed; 2006.
Goldberg, E. (2002). O cérebro executivo: lobos frontais e a mente civilizada. Rio de Janeiro: Imago
Luria, A. R. (1981). Fundamentos de Neuropsicologia. São Paulo: Livros Técnicos e Científicos
Malloy-Diniz, L. F., Fuentes, D., Mattos, P., & Abreu, N. (2010). Avaliação Neuropsicológica. Porto Alegre: Artmed.
Mello, C. B. de, Miranda, M. C., & Muszkat, M. (2005). Neuropsicologia do Desenvolvimento. São Paulo: Memnon.
Menezes A, Godoy S, Teixeira MCTV, Carreiro LRR, Seabra AG(2012). Definições teóricas acerca das funções executivas e da atenção. In: Seabra AG, Dias NM, eds. Avaliação neuropsicológica cognitiva: atenção e funções executivas. Vol. 1. São Paulo: Memnon;. p.34-41.
Miyake A, Friedman NP, Emerson MJ, Witzki AH, Howerter A, Wager TD.(2000). The unity and diversity of executive functions and their contributions to complex "frontal lobe" tasks: a latent variable analysis. Cogn Psychol.; 41(1):49-100.
Natale, L. L. (2007). Adaptação e investigação psicométrica de um conjunto de tarefas para a avaliação das funções executivas em pré-escolares: um estudo transversal. Dissertação de Mestrado em Psicologia, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, Brasil.
Porto, C. S. (2003). Síndromes frontais: Avaliação neuropsicológica. In R. Nitrini, P. Caranelli, & L. L. Mansur (Eds.), Neuropsicologia: Das bases anatômicas à reabilitação (pp. 73-87). São Paulo, SP: Editora da Universidade de São Paulo.
Rotta, N. (2006) Transtornos da aprendizagem: Abordagem neurobiológica e multidisciplinar, Porto Alegre: Artmed
Santos, F. H. (2004). Funções executivas. In V. M. Andrade & F. H. Santos & O. F. A. Bueno (Eds.), Neuropsicologia hoje. São Paulo: Artes Médicas
Vasconcelos, L. Funções executivas e resolução de problemas aritméticos. In: Valle LELR, Capovilla, FC orgs. Temas multidisciplinares de neuropsicologia e aprendizagem. Ribeirão Preto: Novo Conceito; 2011. p.475-85.
Como fazer a citação deste artigo:
MIETTO, Vera.   As funções executivas e sua importância no bom desempenho acadêmico . Novo Hamburgo, 04 de setembro/ 2018. Disponível online em:   http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com/2018/09/as-funcoes-executivas-e-sua-importancia.html



[1]Fonoaudióloga, Mestre em Educação, Neuropsicopedagoga, Psicopedagoga, Especialista em Neurociência Pedagógica



Esclarecendo dúvidas relativas a testes padronizados não privativos!

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Ana Lúcia Hennemann[1]
“[...] o teórico corre o risco de sufocar o saber, se não puder, às vezes, comer poeira.”
Pierre Vianin

O início de uso de testes padronizados no contexto clínico nem sempre se mostra tarefa fácil, sendo que os primeiros contatos com este material, muitas vezes, ocorrem em cursos lato-sensu. O profissional ainda em formação, apresenta dúvidas e nem sempre encontra locais ou profissionais que podem auxiliá-lo no momento exato em que elas surgem. Outro fato perceptível é que muitos manuais de testes apresentam uma linguagem técnica que se mostra de fácil entendimento para quem já está habituado com o campo da pesquisa e/ou comparação de tabelas; porém, para aqueles que estão iniciando nesta área, é necessária uma descrição bem mais detalhada.
O entendimento de que os resultados destes testes evidenciam áreas preservadas e também as deficitárias, requer do aplicador muita perspicácia e necessidade de ter o maior cuidado possível para que não sejam feitas interpretações equivocadas. Nesse sentido, procurando não transgredir nenhum teste em específico, mas sim contribuir com aquele pós-graduando que esteja se especializando em cursos que envolvam tais instrumentos avaliativos, serão descritos alguns passos básicos a serem seguidos na aplicação dos mesmos.
Inicialmente, deve-se lembrar que a leitura do manual de aplicação de todo e qualquer teste é essencial para o entendimento de quais as áreas que estão sendo avaliadas, bem como as evidências de validade do teste. Subsequentemente ao capítulo de avaliação há os dados normativos do teste, ou seja, o teste é considerado padronizado quando ele se utiliza de uma amostra de normatização, que geralmente vem detalhada quanto a idade dos participantes e/ou o ano escolar em que se encontram.
Antes da aplicação do teste de avaliação, o mesmo apresenta uma atividade de treino, de modo a fazer que o paciente, tenha o entendimento do funcionamento do que está sendo proposto. Sendo que o teste somente pode ser iniciado após o paciente mencionar que entendeu o que é para ser feito. Também é importante lembrar que esta tarefa de treino não é contabilizada na pontuação do teste. Por exemplo: Digamos que o teste tenha 2 partes, antes de iniciar cada uma, haverá uma tarefa de treino, no entanto somente serão pontuados os acertos do teste.  
A aplicação do teste em si, sempre se mostra como a parte de mais fácil entendimento; no entanto as maiores dúvidas é o que fazer com os resultados obtidos, por isso, na tentativa de trazer mais detalhado ainda, segue-se um “passo-a- passo” de como analisar a pontuação obtida.
Primeira observação: Geralmente o capítulo destinado aos dados normativos traz uma tabela com a pontuação padrão de todo o teste, como é o caso ilustrado ficticiosamente, na figura 1:


Por exemplo se o teste tem 2 partes (ou 2 questões), soma-se os acertos de todas as partes do teste e então o aplicador deve procurar a tabela cujo título esteja escrito “escore de acertos total”. Logo que a encontrar deve olhar na parte que diz “escore bruto”, ou seja, quantidade de acertos totais do teste, seguindo deste modo na vertical até encontrar o escore encontrado e em seguida na horizontal até chegar a idade da criança, encontrando desse modo a pontuação-padrão. Essa é a pontuação que dará indicador do desempenho do paciente, que deve ser analisada conforme a tabela da figura 2.


Exemplificando: Digamos que o paciente tenha 10 anos, e ele obteve 43 acertos na soma geral das 2 partes do teste... então os 43, corresponde ao escore bruto e seguindo a linha da idade encontraremos a pontuação padrão de 68....comparando o 68 com a primeira tabela, encontraremos a pontuação padrão média, informando que o paciente se encontra dentro que é esperado para a idade dele.
Pode-se verificar a pontuação padrão do escore total, como também há a possibilidade de analisar cada parte do teste, portanto, deve-se ler o título das tabelas subsequentes e verificar quais foram as questões ou partes que correspondem a esta tabulação. Exemplificando novamente, digamos que o paciente na primeira parte do teste tenha feito 15 acertos, então é feito mesmo processo na tabela que corresponde a parte 1, observe na figura 3.


Conforme pode-se analisar, o paciente nesta primeira parte do teste obteve a pontuação padrão 49, a qual sendo analisada com a tabela 1, ele se encontra com pontuação padrão baixa.
Do mesmo modo que foi feito com esta primeira parte do teste, pode-se fazer com as demais partes, desde que se verifique a tabela correspondente a cada uma.
No entanto, o exemplo aqui inserido nos faz refletir que na pontuação geral o paciente está dentro da média, porém seria necessário analisar quais as habilidades que estão sendo avaliadas especificamente na primeira parte do teste, pois ali dá indícios de possíveis déficits, os quais devem ser trabalhados nas intervenções.
Também, faz-se importante ressaltar que além da aplicação do teste, o aplicador deve fazer uso do “raciocínio clínico”, analisando detalhadamente o resultado obtido e comparando com demais instrumentos de avaliação para que dessa forma, possa ter um feedback mais apurado sobre seu estudo de caso.

Como fazer a citação deste artigo:
HENNEMANN, Ana Lúcia.     Esclarecendo dúvidas relativas a testes padronizados não privativos!Novo Hamburgo, 18 de novembro/ 2018. Disponível online em:   https://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com/2018/11/esclarecendo-duvidas-relativas-testes.html




[1]Especialista em Alfabetização, Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva, Neuropsicopedagogia Clínica e Neuroaprendizagem. - WhatsApp - 51 99248-4325

Funções executivas

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As Funções executivas são processos cognitivos e metacognitivos que controlam e direcionam o nosso comportamento, portanto são funções que orientam e gerenciam processos cognitivos, emocionais e comportamentais.
Batepapo informal entre Andrea Varisco Dani (Neuropsicóloga) e Ana Lúcia Hennemann (Neuropsicopedagoga Clínica) sobre funções executivas e aprendizagem com divulgação do curso: Estimulando as Funções Executivas nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

Link de inscrição: https://www.sympla.com.br/estimulando-as-funcoes-executivas-nos-anos-iniciais-do-ensino-fundamental---jogando-e-aprendendo__586169






Funções Executivas - Como ensinar organização e planejamento para crianças?

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Organização e planejamento são processos cognitivos que demandam muito tempo para serem estruturados pelas crianças. Pequenas ações iniciadas no contexto familiar podem auxiliar e muito para que as crianças consigam obter êxito nestes processos.
A neuropsicopedagogia aliada a neuropsicologia podem contribuir para elucidar aos pais, professores e profissionais da clínica o como ajudar a criança ao longo de seu desenvolvimento.
No vídeo, Ana Lúcia Hennemann (Neuropsicopedagoga Clínica) e Andrea Varisco Dani (Neuropsicóloga) trazem uma inicial abordagem a esta temática, juntamente com a proposta de uma atividade a ser desenvolvida dentro do contexto escolar.
Em apresentação desta tarefa em uma formação de professores, os mesmos, sugeriram que os “bonecos” pudessem ser desenhados pelas crianças em aula de informática, como modo de ter criações diferenciadas e enriquecidas pelo repertório infantil.  😊
Assista o vídeo abaixo com a explicação da atividade e depois clique no link disponibilizado para download.


Link para download: https://1drv.ms/b/s!AhL7oys9QcqtbLb0sLbQQigC29k 

Intervenção na habilidade cognitiva de planejamento - Funções Executivas

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Organização e planejamento são habilidades cognitivas que se desenvolvem ao longo do desenvolvimento infantil; elas necessitam de estimulação para que a criança possa desempenhar estas habilidades com maestria.
No vídeo, a neuropsicóloga Andrea Varisco Dani e a Neuropsicopedagoga Clínica Ana Lúcia Hennemann trazem uma proposta de intervenção destas habilidades através de uso de palitos ou fichas de papel.
Para saber mais sobre processos cognitivos e neuropsicopedagogia, curta a fanpage:: https://www.facebook.com/Censupeg-Novo-Hamburgo-RS-191713977985819/

Palavra Secreta - tarefa para flexibilidade cognitiva

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A Flexibilidade Cognitiva é uma das funções executivas que auxilia a criança a "pensar fora da caixa", situação essa que se faz necessário para a resolução de problemas, o raciocínio fluído e criatividade.

A neuropsicóloga Andrea Varisco Dani e a Neuropsicopedagoga Clínica Ana Lúcia Hennemann trazem a demonstração de uma tarefa, intitulada 'Palavra Secreta', o qual contribui para o refinamento das habilidade inicialmente citada, bem como o desenvolvimento da leitura e escrita.
Indicação de instituição de pós graduação em neuropsicopedagogia: www.censupeg.com.br
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