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Channel: Neuropsicopedagogia na sala de aula
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Funções Executivas Como estimular a flexibilidade cognitiva

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        A Flexibilidade Cognitiva faz parte de um conjunto de habilidades que compõem as funções executivas, através dela conseguimos mudar e flexibilizar nossas ações conforme as convenções sociais ou as necessidades de determinadas atividades.
Quando a flexibilidade cognitiva não está funcional, o indivíduo poderá apresentar "rigidez cognitiva", ou seja, dificuldade para se adaptar frente as adversidades ou perceber erros e corrigi-los. 
      No vídeo a neuropsicopedagoga clínica, Ana Lúcia Hennemann e a neuropsicóloga Andrea Varisco Dani apresentam uma tarefa de praxia construtiva que pode ser realizada tanto em consultório clínico, quanto adaptada para contextos escolares ou familiares, de modo a estimular a flexibilidade cognitiva.


 


Memória Operacional ou Memória de Trabalho

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          A Memória Operacional, também conhecida como Memória de Trabalho, é essencial para todas as tarefas cotidianas, inclusive para a aprendizagem acadêmica.
Através dela os estudantes conseguem reter as informações que lhes ajudam a entender e resolver as tarefas escolares. Por exemplo: Ao ler um texto, se faz necessário reter as informações contidas no primeiro parágrafo, juntar com as informações do segundo, terceiro, e etc, para quando chegar ao final se tenha a compreensão do todo.           A Memória Operacional conta com um componente chamado Executivo Central (Baddeley,2011; Diamond, 2013), que gerencia três outros componentes: a alça fonológica, o buffer episódico a alça visuoespacial.
No vídeo, a neuropsicóloga Andrea Varisco Dani e a Neuropsicopedagoga Clínica Ana Lúcia Hennemann trazem uma contextualização destes processos cognitivos e sua importância para a aprendizagem.


Estimulação da Memória Operacional em Crianças

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       A estimulação da memória operacional pode ser realizada com tarefas fáceis e recursos disponíveis no ambiente (familiar, escolar ou clinico). Contudo, antes de fazer a estimulação é importante entender o que é a memória operacional, quais seus componentes e qual a sua relevância para a aprendizagem, por isso indicamos a visualização de nosso vídeo anterior: https://www.youtube.com/watch?v=IOayXj0QSpA&t=44s
          Ressaltamos que as tarefas indicadas podem ser utilizadas por pais, professores e clínicos da área da neuropsicopedagogia e afins; no entanto, os cursos de neuropsicopedagogia clínica trazem uma abordagem com muito mais referencial teórico e prático.


Vamos falar sobre cérebro?

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Falar sobre cérebro é assunto que nunca se esgota e proporciona abordagens dos mais diversos contextos. O estudo de como este órgão pode atingir a alta performance é tema do I CONGRESSO ONLINE MEU CÉREBRO.
Serão 25 palestras retratando este assunto para que você possa compreender mais sobre o cérebro, suas funções e o impacto que eventos cotidianos, estímulos e lesões podem lhe ocasionar ao longo da vida.
Também estarei lá falando sobre a nova ciência da aprendizagem: a Neuropsicopedagogia e a Plataforma Educacional Neurons. O congresso irá ocorrer entre 04 a 08 de novembro, entretanto se não puder assistir nos dias programados, você terá 6 meses de acesso para assistir quantas vezes tiver interesse e no horário que melhor lhe convém...
Acesse o link para ver a programação, os palestrantes e faça sua inscrição:  http://edzz.la/P3MA6?a=90067660

Estimulação da Atenção em Crianças

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A atenção é um processo cognitivo essencial para a aprendizagem. Durante os primeiros anos, a criança, vai gradativamente aumentando o tempo de duração da atenção, contudo, devemos entender que esse processo é treinável, que precisa ser estimulado e deste modo a Neuropsicóloga Andrea Varisco Dani e a Neuropsicopedagoga Clínica, Ana Lúcia Hennemann, trazem atividades para auxiliar professores e demais profissionais que trabalham no contexto da aprendizagem.



Funções executivas- construtos importantes para a intervenção neuropsicopedagógica

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Géssica Müller Rhoden [1]
muller.gessica@gmail.com
Ana Lúcia Hennemann[2]
ana_hennemann@hotmail.com



RESUMO: O presente artigo visa dialogar sobre a importância da Neuropsicopedagogia no contexto da intervenção clínica e os construtos importantes para o desenvolvimento pleno das funções executivas. A triangulação será realizada primeiramente entre o perfil e atuação profissional, as definições sobre o que são as funções executivas e como acontece o processo de avaliação e intervenção neuropsicopedagógica. Tendo listado também importantes programas de estimulação e testagens não restritas a respeito da temática.

PALAVRAS CHAVES: Funções executivas. Plasticidade. Neuropsicopedagogia.


1 INTRODUÇÃO: 

A neuropsicopedagogia, ciência da aprendizagem, tem se mostrado uma profissão promissora para intervir em muitas das questões relacionadas a aprendizagem, sendo que um dos aspectos que ela pode auxiliar a melhorar são as funções executivas. Partindo das definições, princípios e diretrizes encontradas no Código de Ética da Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia – SBNPp – art. 10º:

A Neuropsicopedagogia é uma ciência transdisciplinar, fundamentada nos conhecimentos da Neurociências aplicada à educação, com interfaces da Pedagogia e Psicologia Cognitiva que tem como objeto formal de estudo a relação entre o funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem humana numa perspectiva de reintegração pessoal, social e educacional (RESOLUÇÃO SBNPp N° 03/2014).

O profissional habilitado poderá exercer suas funções tanto do ambiente institucional como em contexto clínico, cada qual com formação específica respeitando primeiramente o já mencionado Código de Ética e também a Nota Técnica nº2/2017[3].
A base teórica estuda a Neurociência aplicada à educação, com interfaces da Psicologia Cognitiva e da Pedagogia, não apenas como uma junção de ambas, mas como um alicerce fundamental nas teorias de aprendizagens, funcionamento cerebral e comportamento humano, conforme anteriormente descrito no art. 10 do código de ética, técnico profissional.
Definir o que são as funções executivas e quais as implicações acerca desse componente cerebral é o segundo ponto teórico a ser discutido e aprofundado na pesquisa. Não há um consenso único que defina as funções executivas, no entanto, conforme Gazzaniga, et. al.:

As funções executivas são habilidades relacionadas à capacidade das pessoas de se empenharem em comportamentos orientados a objetivos, ou seja, à realização de ações voluntárias, independentes, autônomas, auto-organizadas e direcionadas para metas específicas (Gazzaniga, et. al., 2006; APUD Menezes, et al., 2012, p.34).

Tais habilidades cognitivas são distintas e envolvem o controle inibitório, monitoramento, flexibilidade cognitiva, memória de trabalho, atenção e planejamento.
Faz parte de um bom funcionamento executivo o controle de ações, pensamentos e emoções, a capacidade humana de planejar suas ações, conviver em sociedade, respeitar regras, solucionar problemas, tomar decisões entre outras capacidades.
Cada um dos componentes se fazem necessários não apenas para o bom desenvolvimento social e emocional, mas também para um bom desempenho escolar e acadêmico. Visto que as estratégias de aprendizagens vão depender de um bom desenvolvimento das funções executivas, caso contrário pode acontecer o que chamamos de disfunções executivas. Essa é uma situação comum para pessoas com lesões na região pré-frontal do córtex cerebral, a região do sistema nervoso central que é apontada como responsável pelo desempenho de tais funções.
Conforme pode ser observado (figura 1) as habilidades podem ser entendidas através do seguinte fluxograma:
Figura 1:Fluxograma das Funções executivas
Fonte: organização de Géssica Muller Rodhen(2020) com base em Russo (2015)

O terceiro ponto importante aponta para os aspectos neurobiológicos do processamento executivo. Conforme os estudos analisados as funções executivas estão associadas ao córtex pré-frontal, Cosenza e Guerra afirmam que:

Além de ser uma região recente do ponto de vista da evolução, ela demora a amadurecer durante o desenvolvimento da criança e continua a modificar-se pelo menos até o final da adolescência. Portanto, as funções executivas não estão presentes em sua plenitude até o início da idade adulta (2011, p.88 – 89).

Em outras palavras, não nascemos capazes de controlar nossos impulsos, de modificar o pensamento, fazer planos ou manter o foco. Quando crianças não estamos preparados para controlar nosso comportamento instintivo e por vezes rudimentares. Ao longo do amadurecimento humano criamos um ambiente propício de estímulos e experiências que vão aprimorando o desenvolvimento dessas habilidades, estimulando nossas conexões sinápticas e reforçando diferentes circuitos cerebrais.
Ocorrências que por ventura lecionem essa região podem afetar diretamente no funcionamento dessas funções, apresentando por exemplo incapacidade de tomada de decisões, comportamentos inadequados, dificuldade de flexibilização e reversão de pensamento, assim como a perca da capacidade avaliativa de suas próprias ações.
A respeito disso Cosenza e Guerra (2011) mencionam a importância de comunicação entre essa região e as demais regiões do cérebro, já que o córtex pré-frontal coordena informações para diversas áreas diferentes.
Levando em consideração o processo de maturação do córtex pré-frontal, é importante atentar-se para as fases do desenvolvimento infantil, com intuito de proporcionar estímulos de qualidade e um ambiente adequando para que a criança tenha sua capacidade sináptica preservada. Afinal, para um bom desenvolvimento do sistema nervoso central é importante as conexões, formações e eliminações sinápticas do cérebro.


2 PROGRAMAS DE ESTIMULAÇÃO DE FUNÇÕES EXECUTIVAS DIPONÍVEIS PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA

No contexto da atuação profissional, no atendimento clínico será realizado um criterioso processo avaliativo de cada caso. Partindo dessa necessidade são utilizados testes padronizados, protocolos, sondagens ecológicas, observações, anamnese entre outros métodos afim de compor a avaliação clínica e elaborar um plano de intervenção individualizado. Segue abaixo alguns instrumentos (tabela 1) que foram selecionados no quesito avaliativo das funções executivas:

Tabela 1: Instrumentos abertos para avaliação das funções executivas
Título
Autor
Público
Objetivo
Teste de Trilhas A e  B
Natália Martins Dias; Bruna Tonietti Trevisan; Alessandra Gotuzo Seabra
Entre 6 e 14 anos
Examinar componentes da atenção e das funções executivas
Teste de Trilhas para Pré-escolares
Trevisan; Hipólito; Parise; Reppold; Seabra
Entre 4 e 6 anos
Avaliar a flexibilidade cognitiva; percepção; atenção; rastreamento visual
Teste de Atenção por Cancelamento
José Maria Montiel; Alessandra Gotuzo Seabra
Entre 5 e 14 anos
Avalia a atenção seletiva, alternada e sustentada
Torre de Londres
Amanda Menezes; Natália Martins Dias; Alessandra Gotuzo Seabra.
Entre 11 e 14 anos
Capacidade de Planejamento
Fonte: Fonte: organização de Géssica Muller Rodhen (2020)

Diferentes aspectos com relação ao ambiente familiar, escolar, aspectos relacionados ao nascimento e desenvolvimento infantil também são considerados e observados no processo avaliativo. Levanto em consideração que um ambiente saudável favorece o amadurecimento e desenvolvimento das funções executivas, bem como exposição excessiva à fatores de risco como negligência, abusos, agressões, violência, uso de substâncias tóxicas na gestação, privação social, prematuridade ou complicações perinatais podem influenciar negativamente o desenvolvimento cerebral.
É importante ressaltar que no Brasil a quantidade de instrumentos precisos, validados e normatizados disponíveis para pesquisa e diagnóstico são reduzidos (SEABRA, 2012).
Partindo da avaliação o trabalho neuropsicopedagógico evolui para um programa de intervenção que leva em consideração tarefas lúdicas, integrativas e cognitivas selecionadas especificamente para cada paciente. Existem alguns programas de estimulação que merecem destaque e serão listados abaixo:

Tabela 2: Programas de estimulação das funções executivas
Título
Autor
Público
Objetivo
Piafex – Programa de Intervenção em Autorregulação e Funções Executivas
Natália Martins Dias

Alessandra Gotuzo Seabra
5-6 anos
(podendo ser expandido)
Conjunto de atividades que visam estimular o desenvolvimento de habilidades em crianças pré-escolares e no início do Ensino Fundamental, incluindo habilidades como organização, planejamento, inibição de impulsos, atenção, memória de trabalho, metacognição e regulação emocional.
PENcE – Programa de Estimulação Neuropsicológica da Cognição em escolares: ênfase nas funções executivas
Caroline de Oliveira Cardoso

Rochele Paz Fonseca
Escolares
O PENcE foi planejado para que as estratégias cognitivas e metacognitivas sejam ensinadas e, a partir de atividades cognitivas e lúdicas, elas possam ser consolidadas e utilizadas em outras situações do cotidiano e nas disciplinas escolares
PAY ATTENTION – Programa de Treinamento dos Processos Atencionais para Crianças
Jhenifer Thom
4 – 14 anos
Os materiais são projetados para remediar dificuldades em habilidades de atenção sustentada, seletiva, alternada, dividida, auditiva e visual.
COGMED[4]
Treinamento de Memória Operacional
Não constam o nome dos autores.


Três módulos:
Pré-escolares;
Crianças e adolescentes;
Jovens e adultos
Estimular o controle de atenção, foco, memória de trabalho, organização, atenção, controle de impulsividades.
SUPERA Oline[5]– Ginástica para o Cérebro
Adilton Carneiro
Não definido.
Atenção, memória, raciocínio lógico e visão espacial.
Plataforma Educacional Neurons[6]
Ana Lucia Hennemann 
Tiago J. B. Eugênio
5-9 anos
Plataforma Educacional com objetivo de identificação precoce de habilidades disfuncionais. Rastrear os processos cognitivos e executivos imbricados na aprendizagem. Intervir nas habilidades de aprendizagem
Fonte: organização de Géssica Muller Rodhen(2020)

Os programas selecionados têm evidências técnicas e científicas no campo do desenvolvimento das funções executivas e/ou construções de bases sólidas para as mesmas.
Parte importante do atendimento neuropsicopedagógico é que ele pode compor a dimensão multidisciplinar, ou seja, vir a trabalhar em conjunto com outros profissionais como psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos, neurologistas entre outro. O profissional é orientado pelo Código de Ética Profissional em seu artigo 12 a “[...] exercer somente as funções para as quais ele está qualificado e habilitado pessoal e tecnicamente”. Ou seja, em hipótese alguma o neuropsicopedagogo poderá utilizar ferramentas, testagens ou desenvolver comportamento do qual não seja a sua área técnica.

3 NEUROPSICOPEDAGOGO CLÍNICO – PLASTICIDADE CEREBRAL E ESTIMULAÇÃO DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS

Para melhor compreensão do papel do neuropsicopedagogo clínico partimos do conceito do que é de fato a neuropsicopedagogia. Conforme mencionado no início deste artigo, a Neuropsicopedagogia é uma ciência transdisciplinar que faz uma triangulação entre a Neurociência aplicada à educação, a pedagogia e a psicologia cognitiva.
Sua estruturação parte de uma abordagem científica que busca estabelecer relação entre o desenvolvimento humano e o processo de aprendizagem. É característico do amadurecimento humano que a aprendizagem ocorra, dependendo é claro de uma série de fatores como o desenvolvimento do sistema nervoso, aspectos cognitivos, emocionais, ambientais e culturais.
Nesse sentido a Neurociência aplicada à educação propões compreender a relação da educação e da saúde no estudo da aprendizagem, levando sempre em consideração o comportamento e o meio social em que vivemos.
Segundo Cosenza e Guerra (2011):

As neurociências estudam os neurônios e suas moléculas constituintes, os órgãos do sistema nervoso e suas funções específicas, e também as funções cognitivas e o comportamento que são resultantes da atividade dessas estruturas (p.142).

Com muitos avanços na área científica, os estudos do cérebro estão cada vez mais em evidência no campo da educação, afinal, falar de aprendizagem quando se sabe que há diferentes formas de aprender é complexo. Ocorrendo um diálogo importantíssimo entre os conhecimentos empíricos dos processos de ensino-aprendizagem e explicações neurobiológicas.
Os autores trazem também um importante alerta:

Sabemos que os estados e processos mentais, bem como nosso comportamento, dependem de estados e processos que ocorrem no cérebro. Contudo, os conceitos da psicologia e das ciências sociais não podem ser reduzidos a conceitos da neurobiologia. Eles pertencem a níveis diferentes de explicação que são autônomos (COSENZA; GUERRA, 2011, p. 143).

Essencialmente o trabalho do neuropsicopedagogo é complexo, requer entendimento dos processos cognitivos, transtornos específicos de aprendizagem, do funcionamento do sistema nervoso e sua relação com a aprendizagem, neurodesenvolvimento, entre outros diferentes saberes. Todos os elementos são importantes e sem hierarquização, apontando o trabalho multidisciplinar como importante característica do processo.
Quando se trata da atuação do profissional neuropsicopedagogo falamos de duas vertentes: institucional e clínica. Ambos devem buscar formação acadêmica que se encaixe dentro dos padrões exigidos pela Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia, entidade que oficializa e regimenta a profissão estabelecendo um código de ética técnico profissional, que em seu artigo 29 define:

§ 1º A atuação Institucional, na qual tem como espaço de atuação, instituições que tem no princípio de suas atividades o trabalho coletivo. §2º A atuação Clínica, na qual tem como espaço de atuação o atendimento individualizado, focado em planos de intervenção específicos (RESOLUÇÃO SBNPp N° 03/2014).

Os construtos definidos no presente artigo são com base no atendimento clínico que tem como critério de atuação previsto no código de ética: observação, identificação e análise de contextos e ambientes; avaliação e intervenção com acompanhamento individualizado; criação de estratégias; utilização de protocolos e instrumentos válidos; elaboração de relatórios, laudos e pareceres; encaminhamento a outros profissionais quando necessário.
Sobre a avaliação e intervenção neuropsicopedagógica:

Os estudos mostram que a abordagem quantitativa é fortemente baseada em normas, análises fatoriais e estudos de validade. Os testes formais são métodos estruturados aplicados com instruções específicas e normas derivadas de uma população representativa. Os resultados são descritos a partir de média e desvio-padrão, que permitem a utilização de cálculos para comparação, e, embora permitam uma avaliação quantitativa, os testes formais podem ser interpretados qualitativamente (RUSSO, 2015, p.107).

Para melhor orientar e compilar indicações de protocolos de atendimento a SBNPp juntamente com o Conselho Técnico-Profissional organização a nota técnica nº 02/2017. Neste documento é possível distinguir plenamente as atuações clínica e institucionais do profissional, bem como consultar protocolos e testes permitidos e liberados para uso e que seguem a padronização brasileira.
A nota técnica nº 02/2017é clara quando diz:

O neuropsicopedagogo deve consultar o site http://satepsi.cfp.org.br/, no item instrumentos não privativos de psicólogos, e verificar os instrumentos (testes, escalas) que estão favoráveis ao uso, pois há possibilidade do teste/escala ser considerado desfavorável em determinado momento para reestudo. Segundo o código de ética profissional do psicólogo o termo NÃO PRIVATIVO, trata-se de instrumento que pode ser utilizado tanto pela Psicologia quanto por outras profissões (2017, p.2).

Sucintamente o atendimento pode ser dividido em três partes, que são elas: investigação inicial/ avaliação; planejamento e intervenção; encaminhamentos e resultados.
Na avaliação serão analisados as queixas e relatos iniciais por meio de uma anamnese, observações e hora lúdica. Esse é o momento em que hipóteses serão levantadas e as testagens realizadas para a confirmação ou descarte das mesmas.
Para que ocorra uma intervenção específica e direcionada é necessário que primeiramente seja feito um planejamento identificando as dificuldades a serem trabalhadas e como, quais os métodos e recursos que serão utilizados. Nesse momento metas serão traçadas de forma inicial, intermediária e final.
O protocolo de atendimento é organizado por meio de registros de atendimentos, podendo acompanhar cada caso e o desenvolvimento do paciente. Com base nos registros serão realizados, quando necessário, os encaminhamentos a outros profissionais e também uma devolutiva à família com orientações do caso.
Sobre os instrumentos utilizados a Neuropsicopedagogia deve atender ao artigo 68 do código de ética, que em seu §2º orienta:

O Neuropsicopedagogo deverá utilizar protocolos de avaliação e intervenção que contemplem fundamentos básicos sobre a aprendizagem e desenvolvimento, como as funções executivas, atenção, linguagem, raciocínio lógico-matemático e desenvolvimento neuromotor. (RESOLUÇÃO SBNPp N° 03/2014).

Contudo, quais algumas das situações que devemos avaliar  no paciente, quanto às funções executivas?
·         Consegue planejar e organizar suas tarefas, montagens, jogadas etc.
·         Tem flexibilidade em suas ações?
·         Controla impulsos?
·         Consegue reter informações na memória?
·         É tolerante à frustação?
·         Como reage aos limites que lhe são dados?
·         O que faz quando não consegue realizar determinada tarefa?
·         Compreende ordens, instruções e regras de jogos?
·         Utiliza raciocínio lógico?
·         Como é a capacidade de concentração, memória e interpretação?
·         Consegue estabelecer estratégias?

De encontro a todas essas observações o papel do Neuropsicopedagogo na fase de intervenção irá estimular a plasticidade cerebral do paciente através destas funções. No entanto, esta estimulação já ocorre muito antes do atendimento clínico.
Em poucas palavras pode-se dizer que a plasticidade cerebral é um estado dinâmico do cérebro que permite a comunicação entre diferentes áreas do mesmo e permitindo modificações fisiológicas e estruturais. Essa comunicação ocorre por meio do prolongamento de neurônios que disparam impulsos entre uma célula e outra liberando substâncias conhecidas como neurotransmissores.
As qualidades das informações vão influenciar diretamente o equilíbrio das ações sinápticas e em todo processamento de informação cerebral.


4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do já exposto retomamos a ideia de que a atuação profissional do neuropsicopedagogo têm importante relevância não somente no contexto institucional como clínico.
Preza pela seriedade e comprometimento ético de uma profissão que vêm ganhando cada vez mais respaldo profissional, levando em consideração seu caráter inclusivo frente a educação.
A demanda também possui um caráter preventivo, trabalhando com técnicas e estratégias pontuais, com embasamentos científicos e respaldo acadêmico. No estudo do presente artigo aponta-se as funções executivas como fundamentais para um bom estado de amadurecimento cognitivo. Portanto, quanto antes identificadas as áreas com disfunções executivas, melhor será o desempenho do paciente.
Considerando a infância como ápice do desenvolvimento sináptico, os estímulos e ambiente devem favorecer o amadurecimento das funções executivas que posteriori serão grandes responsáveis pela capacidade de tomada de decisões, autonomia, senso de responsabilidade, organização, planejamento de ações, conectar diferentes informações, relacionar acontecimento, lembrar de fatos, reorganização mental etc.
Mas como fazer esse estímulo desde a infância? Alguns exemplos como atividades sensoriais, comunicação verbal, jogos com regras, ao ouvir uma história a criança exercita sua memória de trabalho, relembrar a história e falar sobre os personagens ela consegue fazer associações e também exercita a memória.
O controle inibitório é um grande desafio nessa fase, as crianças geralmente têm dificuldades para controlar suas ações, uma roda de conversa onde cada um tem uma oportunidade de fala é por exemplo um bom exercício de controle e atenção. A própria rotina de alimentação, sono, higiene atendem as demandas de necessidades de um bebê e também estimulam a organização temporal dele.
Na vida infantil os desafios são constantes e diferenciados, e a flexibilidade cognitiva é desafio e tanto. Depende também do controle inibitório e da memória de trabalho, mas possui uma característica interessante, ser capaz de ajustar-se e resolver um problema. Se deparar com uma estratégia frustrada e ter a capacidade de reverter a situação é de extrema importância no cotidiano, e essa tarefa pode ser apresentada por meio de jogos em equipes, jogos com regras e estratégias.
Todo o desenvolvimento explanado até o momento acontece de forma inerente e independente aos contextos em que a criança vive. Seja uma situação favorável ou não, ela irá passar por esse processo maturacional, o que está proposto nesse artigo são construtos importantes para a constituição da intervenção neuropsicopedagógica clínica.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

COSENZA, Ramon M.; GUERRA, Leonor B. Neurociência e Educação: como o cérebro aprende. Porto Alegre: Artmed, 2011.

HENNEMANN, AnaLúcia. Avaliação e Intervenção Neuropsicopedagógica. Aula realizada em 23/04/2019. Igrejinha: CENSUPEG, 2019.

RUSSO, Rita Margarida Toler. Neuropsicopedagogia Clínica: introdução, conceitos, teoria e prática. Curitiba: Juruá, 2015.

SEABRA, Alessandra Gotuzo; DIAS, Natália Martins. Avaliação Neuropsicológica cognitiva: atenção e funções executivas. Vol. 1. São Paulo: Mennon, 2012.




[1] Pós-Graduanda no Curso de Neuropsicopedagogia Clínica – Faculdade CENSUPEG. E-mail: muller.gessica@gmail.com
[2] Professora Orientadora – Faculdade CENSUPEG. E-mail- ana_hennemann@hotmail.com
[3] Ambos disponíveis em: <https://sbnpp.org.br/editais>
[4]Necessária formação para aplicá-lo. Disponível em < http://cogmed.com.br/>
[5]Assinatura necessária. Disponível em: < https://www.superaonline.com.br/>
[6]Versão beta disponível em: < http://clickneurons.com.br/>



Como fazer a citação deste artigo:

RODHEN, Géssica Muller. HENNEMANN, Ana L. Funções executivas- construtos importantes para a intervenção neuropsicopedagógica. Novo Hamburgo, 03 abr/ 2020. Disponível online em: https://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com/2020/04/funcoes-executivas-construtos.html

Rastreio de habilidades essenciais para a aprendizagem

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~Os primeiros anos do ensino fundamental são destinados a alfabetização, sendo que esta não se limita apenas ao conhecimento de ler e escrever, mas uma alfabetização que engloba diversas áreas da aprendizagem. Para que a criança entenda, por exemplo a escrita da palavra “BOLA” não basta que o educador escreva no quadro, solicite que ela copie e realize a leitura. 
A aprendizagem de uma simples palavra demanda que a criança tenha desenvolvido diversas habilidades, tais como: – visuais: – ela precisa identificar cor, forma, tamanho, traçado das letras; – matemática: – é necessário que a criança perceba a quantidade de letras; gerais: – para a escrita e leitura é necessário perceber a posição das letras; – planejamento: – além de perceber a posição é de suma importância organizar a ordem com que as letras são escritas de modo a não modificar o significado da palavra; – atenção: – para a aprendizagem da leitura e da escrita o foco atencional auxilia a reter a informação; memória: é preciso lembrar da palavra para identificá-la em todos os demais contextos que ela aparecer; leitura e escrita: sendo que aqui engloba várias habilidades: consciência fonológica, consciência de sílaba, entre outras.
De modo sucinto, foram descritas ALGUMAS das habilidades essenciais para a leitura da palavra, no entanto, quando pensamos na questão da escrita da palavra temos que levar em consideração outras habilidades motoras a serem citadas.
Para que a criança se alfabetize, de fato, todas estas habilidades precisam estar bem desenvolvidas muito antes da criança chegar aos “anos oficiais” destinados a alfabetização. Sendo que é frequente clínicos recebem em seus consultórios pacientes que não conseguem ler, com suspeita de algum transtorno, e após toda a bateria de testagens se verifica que há déficits em algumas destas habilidades básicas, iniciando-se assim todo um processo interventivo que traz resultados significativos a curto prazo.
O grande desafio tanto da educação quanto da área clínica seria trabalhar na perspectiva da identificação precoce destas habilidades básicas, contando com instrumentos de rastreio que pudessem mensurar quais áreas cognitivas e executivas a criança tem bem estruturadas e quais demandam de maior estimulação.
Destinados a propor uma aprendizagem mais efetiva, com poder de rastrear precocemente habilidades funcionais e disfuncionais da criança,  criamos  a Plataforma Educacional Neurons (PEN). Trata-se de um ambiente online que possibilita atendimentos clínico e educacional, identificando o desenvolvimento típico e atípico das crianças em 7 domínios da aprendizagem: memória de aprendizagem, atenção, planejamento, visuais, gerais, matemática e leitura/ escrita.
A plataforma foi organizada numa tríade que possibilita: AVALIAR (7 domínios cognitivos estruturadas em 46 habilidades); – IDENTIFICAR (visualizar através de um gráfico radar e relatório clínico o desempenho da criança de modo a perceber em que área a estimulação precisa ser mais veemente); – INTERVIR (estimulação através de games, cards digitais e atividades impressas).
A PEN trabalha na perspectiva do R.T.I. (response to intervention) que se trata de um programa de identificação precoce das dificuldades de aprendizagem, pois além da tríade já explicitada, há a possibilidade de aplicar nova reavaliação e analisar gráficos de desempenho antes e pós intervenção.
Recursos de gamificação estão presentes desde o momento da avaliação até as propostas interventivas, pois a PEN está consolidada em toda uma narrativa de personagens, os NEURONS, que irão dialogar com a criança instigando o desejo de aprender.
Sendo assim, é notável os ganhos que usuários da PEN poderão proporcionar às crianças desde o último ano da Educação Infantil até o terceiro ano do Ensino Fundamental, situação essa que pode ser conferida através do recurso do plano TESTE (uso de experimentação durante 30 dias). Que tal experimentar?
ACESSE:

Plataforma Educacional Neurons

Rastreio de habilidades essenciais para a aprendizagem

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Gráfico Radar da ARPEN [Avaliação de Rastreio da PEN]
Os primeiros anos do ensino fundamental são destinados a alfabetização, sendo que esta não se limita apenas ao conhecimento de ler e escrever, mas uma alfabetização que engloba diversas áreas da aprendizagem. Para que a criança entenda, por exemplo a escrita da palavra “BOLA” não basta que o educador escreva no quadro, solicite que ela copie e realize a leitura. 
A aprendizagem de uma simples palavra demanda que a criança tenha desenvolvido diversas habilidades, tais como: – visuais: – ela precisa identificar cor, forma, tamanho, traçado das letras; – matemática: – é necessário que a criança perceba a quantidade de letras; gerais: – para a escrita e leitura é necessário perceber a posição das letras; – planejamento: – além de perceber a posição é de suma importância organizar a ordem com que as letras são escritas de modo a não modificar o significado da palavra; – atenção: – para a aprendizagem da leitura e da escrita o foco atencional auxilia a reter a informação; memória: é preciso lembrar da palavra para identificá-la em todos os demais contextos que ela aparecer; leitura e escrita: sendo que aqui engloba várias habilidades: consciência fonológica, consciência de sílaba, entre outras.
De modo sucinto, foram descritas ALGUMAS das habilidades essenciais para a leitura da palavra, no entanto, quando pensamos na questão da escrita da palavra temos que levar em consideração outras habilidades motoras a serem citadas.
Para que a criança se alfabetize, de fato, todas estas habilidades precisam estar bem desenvolvidas muito antes da criança chegar aos “anos oficiais” destinados a alfabetização. Sendo que é frequente clínicos recebem em seus consultórios pacientes que não conseguem ler, com suspeita de algum transtorno, e após toda a bateria de testagens se verifica que há déficits em algumas destas habilidades básicas, iniciando-se assim todo um processo interventivo que traz resultados significativos a curto prazo.
O grande desafio tanto da educação quanto da área clínica seria trabalhar na perspectiva da identificação precoce destas habilidades básicas, contando com instrumentos de rastreio que pudessem mensurar quais áreas cognitivas e executivas a criança tem bem estruturadas e quais demandam de maior estimulação.
Destinados a propor uma aprendizagem mais efetiva, com poder de rastrear precocemente habilidades funcionais e disfuncionais da criança,  criamos  a Plataforma Educacional Neurons (PEN). Trata-se de um ambiente online que possibilita atendimentos clínico e educacional, identificando o desenvolvimento típico e atípico das crianças em 7 domínios da aprendizagem: memória de aprendizagem, atenção, planejamento, visuais, gerais, matemática e leitura/ escrita.
A plataforma foi organizada numa tríade que possibilita: AVALIAR (7 domínios cognitivos estruturadas em 46 habilidades); – IDENTIFICAR (visualizar através de um gráfico radar e relatório clínico o desempenho da criança de modo a perceber em que área a estimulação precisa ser mais veemente); – INTERVIR (estimulação através de games, cards digitais e atividades impressas).
A PEN trabalha na perspectiva do R.T.I. (response to intervention) que se trata de um programa de identificação precoce das dificuldades de aprendizagem, pois além da tríade já explicitada, há a possibilidade de aplicar nova reavaliação e analisar gráficos de desempenho antes e pós intervenção.
Recursos de gamificação estão presentes desde o momento da avaliação até as propostas interventivas, pois a PEN está consolidada em toda uma narrativa de personagens, os NEURONS, que irão dialogar com a criança instigando o desejo de aprender.
Sendo assim, é notável os ganhos que usuários da PEN poderão proporcionar às crianças desde o último ano da Educação Infantil até o terceiro ano do Ensino Fundamental, situação essa que pode ser conferida através do recurso do plano TESTE (uso de experimentação durante 30 dias). Que tal experimentar?


Plataforma Educacional Neurons

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Roda das Habilidades
 
Há um novo local para avaliar as funções executivas e cognitivas da Aprendizagem: A PEN (Plataforma Educacional Neurons). 
Estruturada com dois processos distintos, porém complementares: a avaliação, através da ARPEN (que avalia crianças de 5 a 7 anos de idade em 7 domínios cogntivos) e a intervenção (com mais de 18 jogos, cards digitais, tarefas para imprimir)  
 
Assista ao vídeo para entender mais e  faça seu cadastro na  PEN 

Quer saber por que a Plataforma Educacional Neurons (PEN) promove o desenvolvimento das Funções Executivas?

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Funções Executivas

Uma das funções mais estudadas pelas neurociências, englobam um conjunto de habilidades essenciais para a aprendizagem, as funções executivas. Através destas, conseguimos lidar com situações diferenciadas ou inesperadas. Digamos que você precise chegar a algum compromisso em 30 minutos e tendo este tempo devidamente calculado se depara com o pneu furado… neste momento, pessoas que tem suas funções executivas bem desenvolvidas irão criar estratégias para resolver a situação. Porventura, o que aconteceria se as funções executivas deste indivíduo não estivessem bem trabalhadas?

 Toda essa situação inusitada nos faz recrutar diversas habilidades cognitivas para solucionar um problema, e, caso futuramente esta mesma situação venha a ocorrer, já saberemos o como lidar com ela, evitando desse modo uma sobrecarga das funções executivas.

Estas funções são primordiais para a aprendizagem acadêmica e crianças estão em pleno desenvolvimento delas, que tem como base: a memória operacional, flexibilidade cognitiva e controle inibitório. Elas nos ajudam a organizar as informações, gerenciar o tempo, agir adequadamente e concluir as etapas para atingir uma meta.

Contudo, não nascemos com estas funções, mas vamos desenvolvendo-as desde a mais tenra idade, por exemplo: o bebê ao iniciar a engatinhar, não consegue ter ainda flexibilidade cognitiva, de modo a contornar obstáculos. Do mesmo modo, ele pode evidenciar momentos de birra, pois seu controle inibitório precisa ser muito estimulado (e isto pode levar alguns anos). Aprendizagens que envolvem a repetição de processos, mesmo que simples, englobam memória operacional, e esta também requer tempo para ser desenvolvida. Sabe-se que o grande auge do desenvolvimento das funções executivas permeia entre 4 a 8 anos de idade. Por isso a importância do brincar, das interações sociais, de rotinas, de interagir com personagens que estimulem a criança a aprender.

E essa interação pode ser encontrada na Plataforma Educacional Neurons (PEN), que apresenta monstrinhos alienígenas que vem à Terra resgatar suas joias do saber. Contudo, eles precisam contar com o auxílio das crianças para mediar todo este processo. E dessa forma a criança ao ensinar, passa a ser o agente de sua própria aprendizagem.

Através da PEN todas as crianças podem melhorar suas funções executivas.


Como trabalhar funções executivas e cognitivas com crianças?

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Hoje a Plataforma Educacional Neurons fez o lançamento do primeiro livro Infantil, de autoria de Tiago Eugenio e Ana Lucia Hennemann contando a história dos Neurons.

O livro além de narrar a história dos personagens traz conceitos de neurociências numa linguagem infantil. O título da história é "Neurons e as Joias do Saber". Cada joia representa um processo cognitivo ou executivo a ser resgatado pelos monstrinhos Neurons, além disso, clínicos e educadores encontrarão atividades para desenvolver com suas crianças. 

Para que você saiba mais que tal fazer o download deste livro? Faça seu cadastro na plataforma: https://clickneurons.com.br/plataform   vá até a central de mídias e no ícone atividades busque pelo nome do livro...

Aproveite para pesquisar todos os demais recursos disponíveis na plataforma!




Controle Inibitório e Aprendizagem Infantil

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Ludmila Oliveira Vieira[1]
ludiov@yahoo.com.br
Ana Lúcia Hennemann[2]
 ana_hennemann@hotmail.com
RESUMO:
O artigo em questão discorre sobre o controle inibitório, sua funcionalidade e importância para o processo de aprendizagem, sendo uma das habilidades cognitivas que compõe as funções executivas do cérebro. Além de constatações neurocientíficas acerca desse assunto, o texto também aborda sobre a Neuropsicopedagogia, área que estuda como a aprendizagem se dá no cérebro, trazendo também reflexões sobre o papel do neuropsicopedagogo clínico, quando constata algum déficit executivo de inibição em seus pacientes, sugerindo atividades que estimulam o desenvolvimento dessa habilidade.   
PALAVRAS CHAVES: Controle inibitório, Neuropsicopedagogo Clínico, Aprendizagem, Estimulação.

1 INTRODUÇÃO:

Não é de hoje que se estuda sobre o cérebro, sua composição, divisões e formas de funcionamento. Há tempos pouco se sabia do seu lobo frontal e das suas reais funções já que essa parte do cérebro foi a última a ser modificada pela evolução humana. Atualmente muitos estudos e pesquisas neurocientíficas comprovam que principalmente o córtex pré-frontal é responsável por habilidades cognitivas mais bem elaboradas do ser humano.
A esse conjunto de habilidades podemos chamar de funções executivas, as quais servem para coordenar principalmente o pensamento, a emoção e a ação, para que se possa traçar metas na busca de objetivos definidos. Mais especificamente, como cita Trigo (2018):

Entende-se essas funções como um conjunto de processos cognitivos que possibilitam ao indivíduo perceber e responder aos estímulos do ambiente, gerenciar e antecipar ações e comportamentos, mudar a direção de pensamentos e comportamentos quando necessário, antecipar e planejar metas.

Esses processos cognitivos executivos envolvem a atenção, a memória de trabalho, o planejamento, a flexibilidade cognitiva e o controle inibitório, funções essenciais para o processo de aprendizagem. Exemplos práticos muito claros dessas funções são citados pelo Center on the Developing Child (2011):

Preparamos o jantar enquanto, ao mesmo tempo, ajudamos nossos filhos com a lição de casa e fazemos anotações sobre o que precisamos agendar para a semana. Concentramo-nos em nosso trabalho quando precisamos e em nossas famílias quando eles precisam de nós. Lembramo-nos do número de telefone que nosso vizinho acabou de nos dar para podermos anotá-lo assim que encontrarmos uma caneta. Respiramos profundamente, ao invés de buzinarmos, se o carro em nossa frente não consegue andar logo que o semáforo fica verde. Quando adultos, nossas capacidades para multitarefa, para demonstrar autocontrole, para seguir instruções com várias etapas, mesmo quando interrompidos, e para mantermos o foco no que estamos fazendo, apesar das constantes distrações, são as que embasam o comportamento deliberado, intencional, direcionado ao objetivo que é necessário para o sucesso na vida cotidiana e no trabalho.

Contudo, essas habilidades não amadurecem com o crescimento do ser humano, necessitam ser estimuladas e desenvolvidas com o passar do tempo, já desde a infância, sendo essencial que profissionais da área da educação saibam como elas funcionam, para que servem e quais ganhos trazem para o desenvolvimento da criança.
Muito se fala de algumas dessas habilidades e como elas funcionam no cérebro, porém sobre a inibição pouco se ouve falar, mesmo sendo ela tão importante quanto às outras funções. Pode-se dizer que o controle inibitório é primordial para o sucesso das relações interpessoais e do aprendizado, pois é o que permite ao indivíduo controlar impulsos e pensamentos, ou seja, conforme Diamond (2013):
A capacidade de resistir a uma forte inclinação para fazer algo e, ao invés de ceder a essa inclinação, fazer o que é mais adequado ou necessário, faz com que possamos resistir ao primeiro impulso, de modo a não fazer algo de que nos arrependeríamos.

             Desde que acordamos, até a hora que iremos voltar a dormir, necessitamos fazer uso dessa inibição, para nos corrigirmos, para aprender, para convivermos em sociedade de maneira adequada. Mas será que as crianças estão tendo bases construídas para a aquisição dessas habilidades? Se o córtex pré-frontal só termina a sua maturação no início da vida adulta e o controle inibitório se desenvolve nessa parte do cérebro, é possível estimular tal habilidade na criança?
Para responder essas questões e trazer algumas outras reflexões descendentes desse tema, o presente artigo pretende aprofundar-se sobre o controle inibitório e sua relação com a aprendizagem, bem como fazer um enfoque neuropsicopedagógico procurando responder a outras questões tais como: “Qual a importância de trabalhar o controle inibitório para o contexto da neuropsicopedagogia clínica?” e “Que tipos de ferramentas podem ser utilizados para o treino dessa habilidade?


2 CONTROLE INIBITÓRIO E APRENDIZAGEM

            As funções executivas são imprescindíveis para o desenvolvimento humano, uma vez que servem como base para a construção da aprendizagem. Uma das suas funções fundamentais é o controle inibitório, já que é através dele que se adquire a capacidade de se autorregular frente as mais diversas situações do cotidiano, sejam elas esperadas ou não. Conforme Cognifit:

A inibição é uma das funções cognitivas mais usadas. É a forma em que o cérebro corrige um comportamento. A inibição é o que nos permite ficar calados quando queremos dizer algo, mas sabemos que não deveríamos. É o que ajuda a estarmos quietos e sentados na sala de aula. É o que ajuda a permanecermos seguros quando alguém passa para a nossa pista sem usar o pisca-pisca. É o que nos ajuda a estudar ou trabalhar, mesmo quando estamos entediados ou queremos nos levantar. A inibição permite você reagir perante situações imprevistas ou perigosas de forma rápida e segura.


            Pode-se dizer que a inibição está diretamente ligada a outras funções cognitivas, principalmente à atenção, já que o controle inibitório auxilia a manter o foco em alguma coisa, mesmo que não se tenha vontade de fazer aquilo no momento, mas sabe-se que é o correto a ser feito, inibindo distrações externas e internas, possibilitando uma atenção seletiva. “A inibição nos permite uma medida de controle sobre nossa atenção e nossas ações, ao invés de simplesmente sermos controlados por estímulos externos, por nossas emoções, ou hábitos mentais ou comportamentais enraizados.” (DIAMOND, 2013)
            O controle inibitório pode ser avaliado em três níveis, motor, quando, por exemplo, uma criança não consegue parar sentada; atencional, quando está fazendo uma atividade, mas é facilmente distraída por algo e comportamental, quando não consegue controlar algumas atitudes impulsivas, como esperar a sua vez de falar, etc. Essas dificuldades, muitas vezes, estão ligadas ao TDAH (Transtorno e Déficit de Atenção e Hiperatividade), o que necessita de uma avaliação bem criteriosa, a partir de uma determinada idade, para que a criança receba o acompanhamento e intervenção adequados para auxiliá-la no seu processo de aprendizagem.
            É muito comum observar comportamentos inadequados em crianças, principalmente nas que se encontram na primeira infância. Elas querem mexer, subir, descer em tudo, qualquer objeto é sinônimo de oportunidade de ação para explorar, não tendo noção do perigo e das consequências que seus atos podem acarretar. Ademais não conseguem focar a atenção por muito tempo em uma coisa só, estando sempre em alerta aos mais diversos estímulos do ambiente que estão inseridas, o mais atrativo ganha a sua atenção por alguns minutos, mas logo já é substituído por outro e assim sucessivamente.
Esses comportamentos são justificados pelo excesso de neurônios que o bebê tem ao nascer para facilitar várias possibilidades de sinapses através das mais diversas experiências que ele vai vivenciando à medida que vai crescendo e explorando o mundo a sua volta. Consequentemente, pode-se dizer que não possui nada de inibição, seu autocontrole é inexistente, ao contrário, vive basicamente por impulsos.
Contudo, mesmo que a região do córtex pré-frontal do cérebro só termine de ser estruturada completamente na idade adulta, desde bem pequeno o bebê/criança pode e deve ser estimulado a desenvolver habilidades executivas, como é o caso do controle inibitório, pois já pode ir experienciando o desenvolvimento de habilidades mais simples, construindo assim uma base sólida para ao longo do tempo ir adquirindo a partir daí outras habilidades cada vez mais complexas, tornando a aprendizagem mais fácil e efetiva, em consonância com o amadurecimento cerebral.

Os cientistas que estudam as habilidades de funções executivas referem-se a elas como a base biológica para a aptidão escolar. Eles argumentam que a memória de trabalho competente, autocontrole cognitivo e as habilidades de atenção constituem a base sobre a qual a capacidade das crianças para aprender a ler, escrever e fazer matemática pode ser construída. Na prática, essas habilidades dão o suporte para o processo de aprendizagem (ou seja, o como) − focar, lembrar, planejar − que permite que as crianças dominem de forma efetiva e eficiente o conteúdo da aprendizagem (ou seja, o que), leitura, escrita, cálculo. (Center on the Developing Child, 2011, p.4-5)

É comprovado cientificamente que a criança tem condições de ser estimulada desde a tenra idade, construindo redes neurais que vão se fortalecendo à medida que cresce e de acordo com a sua idade (quadro 1).


Mesmo o cérebro humano tendo aptidão para desenvolver tais habilidades em cada fase da vida, muitas vezes estas não são estimuladas desde cedo nas crianças, acabando por tornarem-se adultos sem muitas condições de autocontrole perante as situações do cotidiano. Ademais podendo acarretar, desde cedo, problemas emocionais, sociais, comportamentais e cognitivos, afetando o desempenho da aprendizagem.
Uma pesquisa bem conhecida acerca da capacidade do autocontrole infantil é “O Teste de Marshmallow”, inventado pelo psicólogo Walter Mischel, realizado no início dos anos 70, com centenas de crianças em torno de 4 anos de idade. O teste consistia em colocar uma criança sentada em frente a uma mesa com um marshmallow em cima, sendo dada a instrução que ela poderia comê-lo a qualquer momento, porém, se conseguisse esperar que o pesquisador saísse e retornasse após 15 minutos, se ainda não tivesse comido, ganharia mais um. Os testes foram filmados e diversas reações foram observadas nas diferentes crianças testadas. As mais impulsivas não conseguiram esperar e comeram o marshmallow antes do retorno do pesquisador, entretanto muitas foram capazes de se controlar distraindo a sua atenção para passar o tempo e inibir os impulsos. Isso prova que é possível treinar habilidades de autocontrole em crianças pequenas, proporcionando estímulos de acordo com a sua fase de desenvolvimento.
O teste não acabou por aí, passados alguns anos, o pesquisador entrou em contato com os pais dessas crianças e descobriu que as que tiveram um menor autocontrole na testagem, foram jovens problemáticos e com baixo rendimento acadêmico, tendo alguns se envolvido com drogas e, mais tarde, na adultez apresentaram insucesso em vários aspectos da vida. Já as crianças que mantiveram o autocontrole, obtiveram sucesso acadêmico quando jovens e na vida adulta, tanto em aspectos profissionais quanto conjugais.
Em consonância com o teste citado, pesquisas mais recentes mostram a ligação da falta ou dificuldade de inibição com problemas comportamentais e menor desempenho na aprendizagem:

As crianças que têm problemas de manter-se concentradas e resistir a respostas impulsivas – duas habilidades nucleares de funções executivas centrais – não só têm problemas na escola, mas também enfrentam problemas para seguir instruções em geral e têm maior risco de apresentar comportamento agressivo e de confronto com adultos e outras crianças. (Center on the Developing Child, 2011, p.5)


Dessa maneira, pode-se constatar que o adulto que a criança se tornará no futuro, depende muito do que ela constrói desde a sua primeira infância, dos estímulos positivos ou negativos aos quais será exposta. Quando positivos, a ajudarão a controlar os seus impulsos, percebendo a hora de agir, a hora de parar, sabendo esperar e também a aumentar a sua capacidade atencional, conseguindo iniciar e finalizar uma tarefa, bem como tendo a capacidade de se corrigir e de obedecer regras, tendo uma maior probabilidade de alcançar o sucesso na aprendizagem.

3 NEUROPSICOPEDAGOGO CLÍNICO: COMO AUXILIAR NA ESTIMULAÇÃO DO CONTROLE INIBITÓRIO?

            O mundo vem sofrendo transformações cada vez mais rápidas e intensas e para tentar acompanhar esse ritmo acelerado é necessário que a área da educação também se transforme criando profissões que tragam um novo olhar em relação ao processo de ensino aprendizagem, coerente às demandas de crianças e suas especificidades que vem surgindo a partir desse contexto atual.
            Daí surgiu a Neuropsicopedagogia, com o intuito de dar um maior suporte científico a esse processo com um enfoque voltado para o funcionamento cerebral, mais especificamente, conforme a Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia (2014, apud Russo, 2015, p.15):

A Neuropsicopedagogia é uma ciência transdisciplinar, fundamentada nos conhecimentos da Neurociência aplicada à educação, com interfaces da Psicologia e Pedagogia, que tem como objeto formal de estudo a relação entre o cérebro e a aprendizagem humana numa perspectiva de reintegração pessoal, social e escolar.


            Dessa forma, é uma área que estuda como acontece a construção do conhecimento, propondo-se a identificar os pontos que possam estar dificultando esse processo, tendo um olhar específico de como se dá no cérebro, trazendo conhecimentos sobre como esse órgão funciona nas diferentes patologias, síndromes, transtornos e dificuldades de aprendizagem.
            Então, cabe ao neuropsicopedagogo clínico, ser um constante estudioso dos processos específicos do cérebro de captação, armazenamento, memorização, elaboração e utilização de informações advindas do meio externo, para a partir daí poder detectar possíveis habilidades e dificuldades do sujeito que chega em seu consultório, buscando adaptar metodologias educacionais com estímulos adequados às suas necessidades, partindo das suas potencialidades, auxiliando-o assim na criação de novos caminhos neurais, para a concretização de uma aprendizagem efetiva.
Nessa perspectiva, esse profissional necessita realizar uma avaliação neuropsicopedagógica, verificando como estão se dando os processos cognitivos do indivíduo, visando a um encaminhamento ao profissional adequado e/ou ao planejamento de metas para uma intervenção baseada em atividades que estimulem os aspectos cognitivos que estão em defasagem.
O trabalho de estimulação neuropsicopedagógica vai partir do que a criança já sabe, de maneira lúdica e significativa, motivando-a a querer participar e resolver desafios cada vez maiores, levando em consideração além das suas competências e dificuldades, os seus gostos, a sua faixa etária e fase do desenvolvimento.

Daí a importância de adaptar as atividades às habilidades de cada criança e reduzir gradativamente a ajuda prestada para que ela vá ganhando autonomia, conseguindo resolver cada vez mais problemas sozinha. As crianças mais novas precisarão de mais apoio para aprender e lembrar regras e padrões ao passo que as mais velhas conseguirão ser mais independentes.(ARAÚJO, 2017)


            No caso específico de atraso no desenvolvimento de habilidades do controle inibitório, não só jogos, brincadeiras e atividades variadas podem ser criadas e realizadas pelo neuropsicopedagogo para treinar e estimular o desenvolvimento de tais habilidades, como também a utilização de recursos tecnológicos, tais como os jogos digitais que exijam o uso de funções específicas do controle inibitório para suas resoluções. Assim, sendo possível organizar as suas sessões de intervenção utilizando-se de diferentes recursos e estratégias para a motivação do paciente em engajar-se nas tarefas propostas, aumentando a sua capacidade cognitiva nessa área executiva.
Um primeiro passo para dar base ao processo de desenvolvimento, é verificar com os pais como é a rotina dessa criança/jovem, orientando-os desde o início a organizá-la de maneira a facilitar e estimular as funções executivas, dividindo grandes tarefas em tarefas menores, direcionando ações, proporcionando também a construção da independência e autonomia do sujeito.
 A estimulação neuropsicopedagógica para desenvolver e treinar o controle inibitório poderá ser realizada através de atividades de vida prática, como por exemplo, versar líquidos, transpor objetos com uma pinça de um recipiente para outro, abotoar e desabotoar roupas, amarrar cadarços, descascar e cortar alimentos, fazer receitas culinárias. Todas atividades tão simples que trabalham muitos aspectos cognitivos, incluindo habilidades do controle inibitório, já que para a realização dessas tarefas é necessário, atenção e concentração; monitoramento dos movimentos necessários para completar a atividade com sucesso e inibição de outros que podem atrapalhar; planejamento dos passos a serem seguidos, o que é necessário fazer primeiro e depois.
Outros ótimos recursos que poderão ser utilizados são os jogos de tabuleiro, como Ludo, Resta um, Xadrez, Damas, Senha, Batalha naval, Hora do Rush, além de jogos de cartas, opções para crianças maiores que envolvem o cumprimentos de regras, o desenvolvimento de estratégias para se alcançar um objetivo, por meio de um planejamento de ações e muita concentração, todas habilidades que envolvem a inibição. Para crianças menores pode-se adaptar alguns desses jogos, como também propor outros menos complexos, tais como Tapa certo, Lince, Jogo da memória, Quebra-cabeça, Pega-varetas.
Brincadeiras que envolvam músicas e movimentos corporais como dançar de acordo com o ritmo, obedecendo a comandos de movimentos, bem como canções e histórias cumulativas também contribuem muito para o desenvolvimento do controle inibitório uma vez que “[...] estimulam as funções executivas, porque as crianças têm de se mover em um determinado ritmo e sincronizar palavras e ações com o andamento da música. Todas essas tarefas colaboram com o controle inibitório e a memória de trabalho” (ARAÚJO, 2017).
Uma boa opção também é lançar mão de ferramentas tecnológicas, como jogos digitais, tais como jogos de videogame, jogos de computador bem como aplicativos específicos para o treinamento cognitivo. Boas sugestões de jogos cognitivos estão disponíveis na plataforma “Escola do Cérebro”, que podem ser jogados tanto em ambiente escolar como em ambiente clínico. Outra opção também é o software “CogniFit”, que oferece jogos de treinamento cerebral não só para crianças, mas também para adultos, além de disponibilizar testes cognitivos, não só para uso profissional, mas também individual e escolar.

Os jogos digitais podem apresentar algumas características semelhantes aos jogos tradicionais ou analógicos, tais como regras e objetivos, entretanto, esses jogos proporcionam o acesso a uma nova forma de linguagem que se beneficia do desenvolvimento das novas tecnologias digitais. Dessa forma, de acordo com Moita (2007), o jogador tem a possibilidade de experimentar novas formas de agir, sentir, pensar e interagir. A interação com jogos favorece o desenvolvimento de habilidades cognitivas, as quais ecoam na forma como os jogadores resolvem problemas, atuam e se comportam. (GARCIA, 2017, p. 41/42)


Muitas atividades e brincadeiras que contribuem com o desenvolvimento do controle inibitório podem ser realizadas com a família e na escola, pois exigem um maior número de participantes para a sua execução como por exemplo, Esconde-esconde, Passa anel, Dança das cadeiras, Vivo ou morto, Bruxa da cola, Estátua, jogos com bola, cordas, bambolês entre muitas outras brincadeiras que divertem e ensinam ao mesmo tempo. Ademais é fundamental incentivar e proporcionar momentos para a criação e dramatização de histórias e brincadeiras de faz de conta uma vez que, como cita Araújo (2017):

Quando uma criança brinca de bombeiro, de médico, de cozinheiro ou de professora, ela estabelece certas regras que orientarão sua conduta durante a encenação. Ao longo da brincadeira, ela busca seguir aquelas regras e inibe impulsos e atitudes que não se adequam ao papel desempenhado.

            Nesse percurso, é fundamental que o neuropsicopedagogo faça um trabalho integrado com a escola, a família e os demais terapeutas do paciente, caso ele os tenha, buscando olhares múltiplos do caso, levando em consideração o indivíduo como um todo para melhor atendê-lo.

A participação da família no processo educacional é essencial para que ocorra o avanço do aluno com deficiência. Dessa forma, é importante perceber a família como parceira em um projeto comum: primeiramente ao potencializar os pais, que muitas vezes apresentam um discurso de impotência em relação àquilo que pode ser realizado para favorecer o desenvolvimento dos filhos; em segundo lugar, alterar a postura de profissionais que não compartilham informações, para uma abertura institucional que possa dialogar com as famílias e possibilitar a aplicação de procedimentos em outros ambientes (SUPLINO, 2007, apud GARCIA, 2017, p. 63)

            Nesse sentido, o neuropsicopedagogo pode auxiliar no desenvolvimento de habilidades do controle inibitório não só proporcionando estímulos nas sessões de atendimento individualizado, mas também dando dicas de como os pais e a escola podem contribuir nesse processo de estimulação, treinando tais habilidades não só individualmente, como também através de atividades coletivas, que da mesma forma são fundamentais para essa construção.


4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Já se sabe que as funções executivas são essenciais para o desenvolvimento humano, pois envolve processos cognitivos que dão a base para a aprendizagem. Todos esses aspectos tem a sua devida importância e funcionam muitas vezes simultaneamente, ou seja, de maneira interligada e conjunta.
        Conforme transcorrido ao longo do texto, o enfoque foi dado ao controle inibitório, proporcionando esclarecimentos teóricos acerca do que é, quais habilidades envolve, bem como dicas práticas de como pode ser estimulado desde a tenra idade da criança, mostrando subsídios científicos de que isso é possível.
Nesse sentido, é imprescindível que o neuropsicopedagogo clínico tenha bem claro como se desenvolve essa inibição bem como as demais funções executivas no cérebro e como trabalham elas trabalham, para entender como se dá esse processo complexo na busca de novos caminhos neurais, podendo auxiliar com estímulos corretos e eficientes os indivíduos que possuem defasagens de ordem executiva.
            Dessa forma, esse profissional estará não só dando suporte cognitivo para a aquisição de conhecimentos escolares ao sujeito, como também para a formação de um controle emocional mais saudável, que auxilie na construção de habilidades sociais maduras, de respeito ao próximo e maturidade para lidar com frustrações, tornando-se um adulto mais preparado para agir frente aos desafios da vida.

REFERÊNCIAS

CENTER ON THE DEVELOPING CHILD. Construindo o sistema de “Controle de Tráfego Aéreo” do cérebro: como as primeiras experiências moldam o desenvolvimento das funções executivas. 2011. Disponível em: https://46y5eh11fhgw3ve3ytpwxt9r-wpengine.netdna-ssl.com/wp-content/uploads/2017/08/estudo-func%CC%A7o%CC%83es-executivas-habilidades-para-a-vida-e-aprendizagem.pdf. Acessado em: 22 de fevereiro de 2019.
COGNIFIT. O que é a inibição? Disponível em:https://www.cognifit.com/br/habilidade-cognitiva/inibicao. Acessado em: 22 de fevereiro de 2019.
COUTO, Gustavo. O teste do marshmallow e o desafio do autocontrole. 13 nov. 2017. Disponível em: https://www.linkedin.com/pulse/o-teste-do-marshmallow-e-desafio-autocontrole-gustavo-couto. Acessado em: 10 de março de 2019.
DIAMOND, Adele. Controle Cognitivo e Autorregulação em Crianças Pequenas: Maneiras de melhorá-los e Por que. Janeiro, 2013. Disponível em: http://www.enciclopedia-crianca.com/funcoes-executivas/segundo-especialistas/controle-cognitivo-e-autorregulacao-em-criancas-pequenas. Acessado em: 22 de fevereiro de 2019.
GARCIA, Fernanda Albertina. O uso dos jogos digitais para o aprimoramento do controle inibitório: um estudo com crianças do atendimento educacional especializado. Florianópolis, 2017. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/185541/PEED1271-D.pdf?sequence=-1&isAllowed=y. Acessado em: 24 de março de 2019.
 FONSECA, Rochele Paz. Neuropsicologia: entendendo processos que otimizam o desenvolvimento cognitivo e socioemocional de crianças e adolescentes. 6 jul. 2016. Disponível em: http://www.colegioanchieta.g12.br/wp-content/uploads/2016/07/slides-palestra-Neuropsicologia-para-pais-Cole%CC%81gio-Anchieta-15-06-2016-Rochele-Paz-Fonseca.pptx.compressed.pdf. Acessado em: 2 de março de 2019.
HENNEMANN, Ana Lúcia. Neuropsicopedagogia: novas perspectivas para a aprendizagem. Novo Hamburgo, out. 2012. Disponível em: http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com/2012/10/neuropsicopedagogia-novas-perspectivas.html. Acessado em: 24 de março de 2019.
 HENNEMANN, Ana Lúcia. Teste de Marshmallow.  Novo Hamburgo,20 mar. 2013. Disponível em: https://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com/search?q=teste+de+marshmallow.Acessado em: 2 de março de 2019.
TRIGO, Daniela. A importância das funções executivas na aprendizagem. 8 jun. 2018.Disponível em:  http://www.blogin.com.br/2018/06/08/funcoes-executivas-na-aprendizagem/. Acessado em: 22 de fevereiro de 2019.
RUSSO, Rita Margarida Toler.Neuropsicopedagogia clínica: introdução, conceitos, teoria e prática. Curitiba: Juruá, 2015.





[1]Curso de Pós-Graduação de Neuropsicopedagogia Clínica - CENSUPEG. E-mail: ludiov@yahoo.com.br
[2]Professora Orientadora. E-mail- ana_hennemann@hotmail.com

Neuropsicopedagogia e o auxílio às crianças com prejuízos na leitura e escrita

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Ana Maria Formentini Possamai[1]
Ana Lucia Hennemann[2]

Resumo: O presente trabalho tem por objetivo entender as dificuldades de aprendizagem direcionadas basicamente na leitura e escrita e também no desenvolvimento dos indivíduos no processo de ensino e aprendizagem. Além disso, foi ressaltada a importância do profissional de Neuropsicopedagogia Institucional no âmbito escolar envolvendo escolas particulares, públicas e terceiro setor. Foi possível considerar que há uma grande diferença nas dificuldades de aprendizagem e nos obstáculos apresentados durante o processo de ensino e conhecimento de cada ser. O profissional de Neuropsicopedagogia Institucional é de suma importância no processamento da aquisição do procedimento educacional, na avaliação e na intervenção em grandes e pequenos grupos ou mesmo individualmente dependendo da necessidade de cada indivíduo. Assim a aprendizagem em seres com dificuldades na codificação da leitura e escrita se refere às relações que envolvem o profissional a compreensão de cada um.
Palavras-chave: Aprendizagem. Leitura. Escrita. Desenvolvimento. Transtorno.


1 INTRODUÇÃO
  
A Neuropsicopedagogia é uma ciência que compreende a educação de forma plural, buscando dar uma resposta ao método tradicional de ensino, dividindo e ampliando os processos da educação. Também entendesse como ser fundamentada nos conhecimentos da neurociência aplicada à educação, com enfoques na Pedagogia e Psicologia Cognitiva com a finalidade de estudar o sistema nervoso central e a aprendizagem humana.
A Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia (SBNPp), trás de modo geral, ser uma ciência que estuda o sistema nervoso central e sua atuação no comportamento humano, dispondo como aspecto principal a aprendizagem. A Neuropsicopedagogia procura ligação entre os estudos da neurociência com os conhecimentos da psicologia cognitiva e da pedagogia.
O Neuropsicopedagogo Institucional da Educação Especial Inclusiva, atua necessariamente em ambiente coletivo, tal como em contexto escolar e/ou terceiro setor. Os profissionais envolvidos fazem com que suas características sejam de forma ética, técnica e profissional.   O mesmo é considerado essencial para a evolução da educação nas escolas e terceiro setor, tendo conhecimento em sua área e proporcionando soluções eficazes para a transformação do ensino para os seres humanos.
A necessidade de incluir este profissional no ensino privado, público e em terceiro setor, visa atender a demanda de crianças com transtornos relacionados às áreas da aprendizagem, e não emocionais. O Neuropsicopedagogo atuará com responsabilidade social, comprometendo-se com o desenvolvimento das potencialidades humanas, daqueles aos quais presta serviços.
A atividade do Neuropsicopedagogo Institucional deve descrever princípios fundamentais para a aprendizagem das crianças direcionadas a dificuldade que a mesma apresenta. Realizar investigações com base nas queixas de professores ou outras equipes presentes nas escolas, programar instrumentos próprios ou que estejam de acordo com o Código de Ética. Através de instrumentos próprios, sondar a triagem acadêmica das crianças com transtornos de aprendizagem direcionados a leitura e escrita. A partir de dados coletados planejar planos de intervenção, em pequenos grupos, classes inteiras ou mesmo individualmente observando a dificuldade presente em cada criança. 
O processo de aprendizagem depende de cada criança. O Neuropsicopedagogo busca compreender a necessidade de cada indivíduo, buscando práticas inovadoras para novos conhecimentos relacionados à Neurociência.
Por meio de todas as considerações relativas ao profissional da Neuropsicopedagogia, este poderá auxiliar efetivamente e consideravelmente no desempenho das habilidades e competências de alunos com transtornos específicos de aprendizagem voltados principalmente para a área de leitura e escrita.

 2 TRANSTORNO ESPECÍFICO DE APRENDIZAGEM COM PREJUÍZO NA LEITURA E ESCRITA

Há muitos anos vem surgindo à preocupação com a dificuldade escolar presente. São altos os índices de repetência e muitos dos casos são encaminhados para médicos, os quais indicam alguma medicação a fim de controlá-los. Além da dificuldade escolar - dificuldade esta de compreender o conteúdo do modo como é trabalhado, não se adaptando à metodologia utilizada pelo professor – transtornos de aprendizagem também vêm sendo investigados por prejudicarem a aquisição, o desenvolvimento de habilidades necessárias para a aprendizagem e a prática da leitura e da escrita.
Saber diferenciar o que é dificuldade de aprendizagem e o que é transtorno de aprendizagem é uma tarefa difícil. A dificuldade de aprendizagem é uma condição passageira, pode ser causada por motivos emocionais, problemas no espaço de aprendizagem e também na falta de habilidade do educador. O transtorno de aprendizagem é uma condição neurológica que afeta a aquisição e o processamento de informações. Diferente da dificuldade de aprendizagem, o transtorno de aprendizagem é permanente.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), o transtorno específico da aprendizagem é:
O transtorno específico da aprendizagem é um transtorno do neurodesenvolvimento com uma origem biológica que é à base das anormalidades no nível cognitivo as quais são associadas com as manifestações comportamentais. A origem biológica inclui uma interação de fatores genéticos, epigenéticos e ambientais que influenciam a capacidade do cérebro para perceber ou processar informações verbais ou não verbais com eficiência e exatidão. (DSM-V, 2014, pg 68).   

Segundo pesquisas realizadas, o transtorno de aprendizagem – dislexia- ocorre em todos os lugares do planeta. Cerca de 6% dos alunos de escolas públicas têm transtorno de aprendizagem, dos quais 80% desses teriam dislexia. No entanto, também é possível perceber que muitos professores não têm o devido conhecimento sobre esse tipo de transtorno, desconhecem os sinais que apontam para a dislexia e as dificuldades causadas no desenvolvimento do aluno.
Para um conceito amplo deste transtorno de aprendizagem, foi pesquisada sua definição na Associação Internacional de Dislexia, que o define como:

 Dislexia é uma incapacidade específica de aprendizagem, de origem neurobiológica. É caracterizada por dificuldades na correção e/ou fluência na leitura de palavras e por baixa competência leitora e ortográfica. Estas dificuldades resultam de um Défice Fonológico, inesperado, em relação às outras capacidades cognitivas e às condições educativas. Secundariamente podem surgir dificuldades de compreensão leitora, experiência de leitura reduzida que pode impedir o desenvolvimento do vocabulário e dos conhecimentos gerais.”( Associação Internacional de Dislexia, 2013).


Por isso, pode-se dizer que a dislexia é uma dificuldade na capacidade de transcrever sons, letras e de compreender o que lê, apesar de ter inteligência, visão e audição normais. Como tem origem neurobiológica, as dificuldades de uma criança com dislexia não estariam nos olhos, mas no funcionamento de áreas de linguagem no cérebro. Para Paula Teles (2004),
“[...] a dislexia é uma perturbação parcialmente herdada, com manifestações clínicas complexas, incluindo défices na leitura, no processamento fonológico, na memória de trabalho, na capacidade de nomeação rápida, na coordenação sensório-motora, na automatização, e no processamento sensorial precoce.” (TELES,2004).

A leitura e a escrita são formas do processamento linguístico, saber ler é uma das aprendizagens mais importantes, pois leva as crianças a todos os outros saberes. De acordo com a genética, existem fortes evidenciais para a transmissão familiar da dislexia, uma vez que as mesmas compartilham seus genes e seu ambiente, influenciando sua hereditariedade.
As inconformidades apresentadas pelas crianças com dislexia dificultam a aprendizagem desses docentes acarretando no uso de suas habilidades acadêmicas. Essas dificuldades devem ter indicativos presentes que persistam pelo menos por seis meses e pelo apresentando um dos sintomas principais. Apesar do fornecimento de ações coordenadas relacionadas a essas dificuldades, sobre isto o DSM-V nos traz:
1.          Leitura de palavras de forma imprecisa ou lenta e com esforço;
2.          Dificuldades para compreender o sentido do que é lido;
3.          Dificuldades para ortografar;
4.          Dificuldades com a expressão escrita;
5.          Dificuldades para dominar o senso numérico, fatos numéricos ou cálculo;
Dificuldades no raciocínio.

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, DSM-5, trouxe inúmeras mudanças para os transtornos do neurodesenvolvimento, com enfoque reservado para os transtornos de aprendizagem, como a dislexia.
A dislexia, no entanto, é um dos vários tipos dos transtornos de aprendizagem, tratando-se de uma dificuldade especifica na linguagem e no impedimento de decifrar palavras. A dislexia é manifestada por dificuldades linguísticas diferenciadas, normalmente acarretando a leitura, mas podendo adquirir problemas na escrita e na soletração. Considerada um transtorno da aprendizagem, a dislexia e também um transtorno do neurodesenvolvimento e pode estar associada a vários níveis de ansiedade, depressão, genéticas, biológicos, cognitivos, emocionais, familiares, ambientais, socioeconômicos e pedagógicos. Este transtorno específico da aprendizagem se não tratado desde muito cedo, pode acarretar dificuldades e prejuízos que poderão ser vivenciados durante toda infância, juventude e vida adulta.  
A fluência da leitura é um dos aspectos de maior importância para o diagnostico preciso de crianças que estão relacionadas ao transtorno de aprendizagem-dislexia-, enquanto, crianças que estão fora da área de risco o reconhecimento de palavras é atingido precocemente por escolares sem dificuldades. A exigência escolar sempre apresenta crescimentos significativos em relação à alfabetização dos alunos, a escrita, mas principalmente a leitura, demanda condições cada vez mais cedo em relação a palavras, frases e textos. 
Especificando a gravidade atual, o DSM-5 nos diz:
Leve: Alguma dificuldade em aprender habilidades em um ou dois domínios acadêmicos, mas com gravidade suficientemente leve que permita ao individuo ser capaz de compensar ou funcionar bem quando lhe são propiciados adaptações ou serviços de apoio adequados, especialmente durante os anos escolares.
Moderada: Dificuldades acentuadas em aprender habilidades em um ou mais domínios acadêmicos, de modo que é improvável que o individuo se torne proficiente sem alguns intervalos de ensino intensivo e especializado durante os anos escolares. Algumas adaptações ou serviços de apoio por pelo menos parte do dia na escola, no trabalho ou em casa podem ser necessários para completar as atividades de forma precisa e eficiente.
Grave: Dificuldades graves em aprender habilidades afetando vários domínios acadêmicos, de modo que é improvável que o individuo aprenda essas habilidades sem um ensino individualizado e especializado continuo durante a maior parte dos anos escolares. Mesmo com um conjunto de adaptações ou serviços de apoio adequados em casa, na escola ou no trabalho, o individuo pode não ser capaz de completar as atividades de forma eficiente. (DSM-5, 2014,p. 67 e 68).

Levando em consideração esses três níveis de dificuldades apresentados nos obstáculos de aprendizagem dos disléxicos, o processo de leitura varia de individuo para individuo, dependendo de inúmeros fatores e significados. Cada um dos domínios ou habilidades registrados pelos disléxicos deve ser codificado, separados e levando em consideração as competências e impedimentos de cada um. As dificuldades variam em cada nível, podendo agravar as habilidades de cada indivíduo e dificultando os domínios acadêmicos dependendo do grau que cada um se encontra. Essas dificuldades de aprendizagem exigem que os sujeitos tenham acompanhamento de serviços adequados especialmente durante os anos escolares.

3 COMO O NEUROPSICOPEDAGOGO INSTITUCIONAL PODE AUXILIAR AOS ALUNOS COM TRANSTORNO ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM VOLTADOS À LEITURA E ESCRITA.

O Neuropsicopedagogo Institucional é de caráter importantíssimo para o desenvolvimento da educação nas escolas, focando na aprendizagem humana, apresentando um trabalho direcionado desde os primeiros anos de vida com um desempenho claro e definido, no entanto sempre considerando as características da instituição. Uma das principais funções da escola é preparar o cidadão para se introduzir na sociedade, viver como habitante e também como profissional em alguma área na atividade humana. Além de tudo isso o papel da escola é buscar preparar pessoas transformadoras da sociedade, ajudar a formar agentes independentes de informações e não comuns acumuladores de dados.
A Neuropsicopedagogia Institucional nos traz subsídios fundamentais para que essas pessoas tenham estruturas sociais e transferências de saberes suficientes para sua evolução como cidadão, como profissionais e pessoas transformadoras do meio em que vivem. A Neuropsicopedagogia é uma ciência que entende a educação de forma plural, buscando dar uma resposta ao método tradicional de ensino, dividindo e ampliando os métodos de ensino.
Com isso a SBNPp diz:
A Neuropsicopedagogia é uma ciência transdisciplinar, fundamentada nos conhecimentos das Neurociências aplicada à educação, com interfaces da Pedagogia e Psicologia Cognitiva que tem como objeto formal de estudo a relação entre funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem humana numa perspectiva de reintegração pessoal, social e educacional ( SBNPp, 2016,p.3).

Nesse contexto o Neuropsicopedagogo Institucional é chave principal para auxiliar os alunos principalmente com transtornos específicos de aprendizagem em suas dificuldades apresentadas desde o início da vida escolar. Dois dos principais transtornos que afetam a aprendizagem das crianças desde o início da vida escolar é a leitura e a escrita.
O transtorno da leitura é caracterizado por dificuldades específicas na compreensão de palavras escritas, e neste caso é um transtorno específico das competências leitoras. O transtorno da expressão escrita refere-se a ortografia ou caligrafia, onde há uma dificuldade de compreender e escrever palavras e textos sempre demonstrando erros gramaticais.
O aprendizado em relação à leitura e escrita envolve muitos fatores, esses podem ser relacionados com o emocional, familiar, ambiental, socioeconômicos, pedagógicos, biológicos e também cognitivos. A maior parte das crianças aprende sem maiores problemas, já outras apresentam dificuldades na aquisição principalmente da leitura e da escrita e no desenvolvimento dessas habilidades. 
Durante a avaliação é importante observar as áreas do neurodesenvolvimento, áreas corticais e áreas subcorticais dos alunos podendo se identificar regiões responsáveis pelas necessidades básicas do ser humano relacionadas ao pensar e também extensões mais refinadas que faz com que a pessoa pare para pensar e agir.
Traçado a proposta de Intervenção a SBNPp em sua nota técnica de 01/2016 nos traz:
a) A partir de dados e realidades identificados, elaborar um plano de intervenção junto de pequenos grupos, em classes inteiras, ou individualmente, em casos específicos, estabelecendo metas iniciais, intermediárias e finais; b) Utilizar a metodologia de projetos de trabalhos e oficinas temáticas, oportunizando que os alunos desenvolvam diferentes habilidades conforme suas individualidades, respeitando a cada um, promovendo a inclusão através da ação do neuropsicopedagogo; c) Trabalhar com a orientação de pais e professores embasados nos conhecimentos sobre o processo de aprendizagem e suas dificuldades, conforme dados obtidos no processo de identificação precoce em grupos e crianças; d) Emitir parecer neuropsicopedagógico com bases institucionais, indicando como devemos tratar a individualidade nos processos de aprendizagem, bem como questões coletivas, assegurando o processo de inclusão, levando ao conhecimento da Equipe Técnica da Escola( professores, coordenadores, atendimento educacional especializado, entre outros); e) Encaminhamento de crianças a profissionais de área específica, quando necessário.( SBNPp, 2016)
  
O Neuropsicopedagogo em um contexto coletivo obtendo informações suficientes nas testagens de um determinado grupo, análise dos resultados obtidos e identificando as crianças que estão nessa situação de risco, poderá fazer uso do R.T.I, fazer uso de avaliações para identificar os alunos com risco de aprendizagem e também apresentar propostas temáticas que possam levar esses alunos a ampliação e concretização de sua aprendizagem.
O R.T.I (resposta à intervenção), modelo de programa para a identificação precoce direcionada a crianças que estão na escola que apresentam dificuldades de aprendizagem que precisam de intervenções mais particular. O R.T.I é dividido em três etapas (níveis), nível I, nível II e nível III. No nível I toda turma participa; no nível II, são atendidos em grupos os alunos que apresentaram risco; e no nível III, após o término da intervenção, os alunos que não conseguiram desenvolvimentos significativos são atendidos individualmente.
Durante o processo de intervenção, para os alunos que são considerados de risco, o Neuropsicopedagogo cria oficinas temáticas relacionadas às dificuldades que cada criança apresenta. Jogos e programas relacionados ao processo de ensino e aprendizagem que cada indivíduo se encaixa.  Para identificar os alunos diagnosticados com transtornos na leitura e na escrita, o Neuropsicopedagogo deve fazer uso de avaliações que tenha enfoque nas áreas de aprendizagem afetadas apresentadas pelas crianças. A avaliação não deve ser constituída somente de teoria, mas sim de processos educacionais pertencentes à formação e aprendizagem de cada criança. A qualidade de um processo avaliativo depende do aprimoramento dos instrumentos utilizados pelo Neuropsicopedagogo e devem ser coerentes e ter as informações necessárias para o processo de aprendizagem de cada indivíduo.
A compreensão de textos, da leitura, escuta de sons, escrita alfabética, produção de texto e habilidades de aprendizagem se dá pela avaliação de investigar os níveis de desempenho e competências acadêmicas de crianças com resultados abaixo do esperado. Essa avaliação se completa pela utilização de uma avaliação adaptativa, o Coruja Especialista. É utilizado com crianças do primeiro ao terceiro ano do ensino fundamental, os resultados podem ser visualizados em um relatório que indica o nível de desempenho que a criança obteve em cada eixo da leitura e escrita.
A Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia em suas duas Notas Técnicas, consideram que o Neuropsicopedagogo possui vários instrumentos disponíveis para a investigação dos diferentes aspectos das funções cognitivas. Modalizar as formas de apresentação, tarefas envolvidas, critérios de correção e normas disponíveis. A atuação do profissional tem o objetivo de promover uma educação de qualidade, atendimento preferencial a Educação Inclusiva e para crianças e jovens com dificuldades de aprendizagem.
De acordo com o C.B.O.(Código Brasileiro de Ocupações), o Neuropsicopedagogo Institucional tem a atribuição de programar projetos pedagógicos em execução e avaliar o desenvolvimento do mesmo. Proporcionar um trabalho coletivo estimulando a integração entre alunos e equipes de trabalho. Coordenar e elaborar projetos pedagógicos promovendo uma formação continuada entre os profissionais envolvidos. Realizar uma boa comunicação, selecionar avaliações de acordo com as dificuldades de aprendizagens dos alunos demonstrando sempre competências profissionais.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS


O Neuropsicopedagogo, no ambiente educacional, atuando em seus campos profissionais e levando as crianças um maior entendimento em suas dificuldades de aprendizagens, mostra-se como essencial para a evolução da educação nas escolas e terceiro setor, tendo conhecimento em sua área e proporcionando soluções eficazes para a transformação do ensino para os seres humanos. A atividade do Neuropsicopedagogo Institucional deve descrever princípios fundamentais para a aprendizagem das crianças direcionadas a dificuldade que a mesma apresenta. Muitas dificuldades são detectadas nos alunos principalmente no início da vida escolar, uma das mais encontradas é a Dislexia. 
Com isso através de todas as considerações relativas ao profissional da Neuropsicopedagogia, este poderá auxiliar efetivamente e consideravelmente no desempenho das habilidades e competências de alunos com transtornos específicos de aprendizagem voltados principalmente para a área de leitura e escrita. O Neuropsicopedagogo tem como funcionamentos fundamentais descrever motivos para a aprendizagem das crianças direcionadas a dificuldade que a mesma apresenta. Desempenhar análise com base nas queixas das equipes presentes nas escolas e programar instrumentos próprios ou que estejam de acordo com o Código de Ética. Com o uso de ferramentas próprias, fazer a sondar da triagem acadêmica das crianças com transtornos de aprendizagem direcionados principalmente a leitura e a escrita. Baseado nos dados coletados o Neuropsicopedagogo Institucional planeja planos de intervenção, em pequenos grupos, classes inteiras ou mesmo individualmente observando a dificuldade presente em cada criança. 
Deste modo, cabe ressaltar que o tema abordado neste artigo deve ser cada vez mais de suma importância nos espações educacionais que envolvam seres humanos caracterizados com algum problema na aprendizagem. É preciso que o Neuropsicopedagogo Institucional esteja sempre atualizado sobre as dificuldades que seus alunos podem apresentar e como seria a melhor forma de ajudá-los, auxiliando, inclusive, a um possível encaminhamento em redes de proteção para atendimentos necessários. Considerando que quanto mais preparado o profissional estiver, melhor ajudará seu aluno, programas de orientação nas escolas, incentivo à formação continuada e a divulgação de pesquisas sobre as dificuldades de aprendizagem que envolva a leitura e escrita. Viabilizar no meio educacional estímulos que serão oferecidos aos professores e aos alunos, a fim de que possam sentir-se mais preparados para lidar com essas situações, visando o melhor método para a aprendizagem dos mesmos.

Referências


TELES, Paula. Dislexia: como identificar? Como intervir?. Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, [S.l.], v. 20, n. 6, p. 713-30, nov. 2004. ISSN 2182-5173.
DSM-5. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. 5 ed. Porto Alegre, 2014.
MINISTÉRIO DO TRABALHO. CBO. Código Brasileiro de Ocupações. 2019.
ROTTA, Newra Tellechea. OHLWEILER, Lygia. RIESGO, Rudimar dos Santos. Transtornos da Aprendizagem. Abordagem Neurobiológica e Multidisciplinar. 2 ed. Porto Alegre, 2016.

SBNPp. Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia. Conselho Técnico- Profissional. Nota técnica Nº02/2017. Joinville: SBNPp, 2017.
SBNPp. Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia. Conselho Técnico-Profissional. Nota técnica Nº 01/2016. Joinville: SBNPp, 2016.
SBNPp. Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia. Código de Ética Técnico-Profissional. Resolução SBNPp Nº 03/2014. Joinville: SBNPp, 2014.



[1] Curso de pós-graduação de Neuropsicopedagogia Institucional e Educação Especial Inclusiva - CENSUPEG . E-mail: fpanamaria@hotmail.com
[2] Professor (a) Orientador (a) Ana Lucia Hennemann. E-mail: ana­­_hennemann@hotmail.com

Funções executivas e aprendizagem no ensino fundamental: intervenções neuropsicopedagógicas

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Gislaine Corrêa Araujo de Moura[1]

Ana Lúcia Hennemann[2]

 

RESUMO: As funções executivas são um conjunto de habilidades que nos fazem iniciar, dar continuidade e concluir tarefas. Quando não bem desenvolvidas causam disfunções executivas, situações que podem ser revertidas através de intervenções realizadas por um profissional que tem o entendimento dos processos cognitivos.O artigo apresenta quais os processos cognitivos envolvidas nas funções executivas e elucida a importância do neuropsicopedagogo a desenvolver intervenções nestas funções, de modo a auxiliar a criança a obter melhor desempenho cognitivo.

Palavras-Chave: Funções Executivas. Intervenções. Neuropsicopedagogia.               

 

1.    INTRODUÇÃO

As funções executivas são um construto multidimensional que envolvem a capacidade de se organizar e regular o comportamento e todas as demais habilidades mentais para atingir um objetivo específico e para responder às demandas de tarefas complexas. BLAIR (2013); DIAMOND (2013).

A infância é um momento muito importante para o desenvolvimento de tais funções, sendo que há evidências que essas habilidades iniciam seu desenvolvimento muito precocemente, sendo consideradas “maduras” apenas na adolescência ou, até mesmo, na vida adulta inicial.

Numa perspectiva de facilitar ao neuropsicopedagogo a elaboração de estratégias mais assertivas e o entendimento das principais habilidades que compõe as funções executivas, esse artigo mapeará as áreas cerebrais e sua relação com as habilidades cognitivas em alunos do ensino fundamental e a eficácia das intervenções clínicas.

2. NEURODESENVOLVIMENTO E A ESTRUTURAÇÃO DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS

            O sistema nervoso, mais especificamente o cérebro, desde os primeiros momentos da gestação, tanto na fase de embrião quanto na de feto, apresenta, por determinação genética, modificações nas suas macro e microestruturas consequentes à sucessão de processos de multiplicação, migração e organização da arquitetura neuronal. Esta complexidade organizacional prossegue por meio de sinaptização e mielinização, sendo que estas fases têm sua completude na vida pós-natal.

            Nesse sentido, é de extremo valor a relação que estabelecerá com o “primeiro cuidador”, que, em geral, é a mãe. Será por meio desta relação inicial que o bebê terá as suas primeiras vivências afetivo- somatossensoriais.

            Na sequência de seu crescimento, a relação afetiva da criança com seus familiares agregada ao aprendizado das regras sociais, contatos com o outro, frustrações e adequação, compreensão dos limites, esculpe a estrutura neurobiológica e sua correspondente atuação funcional, preparando-a para uma convivência saudável consigo mesma e com os outros. Por isso limites ou regras são importantes, pois demarcarão claramente ao indivíduo em desenvolvimento o que ele pode ou não, o que lhe pertence e o que é do outro, em uma somatória que lhe permita aprender a conviver com a frustração e inibir comportamentos impulsivos.

 No âmbito do atendimento neuropsicopedagógico pode surgir crianças que não estão aprendendo e isto pode caracterizar disfunções executivas.

Kerr e Zelazo (2004); Malloy-Diniz (2010) classificam as funções executivas em dois grandes grupos: as funções executivas do tipo “frio” e do tipo “quente”. O primeiro grupo é caracterizado por aspectos lógicos e abstratos, e o segundo tem maior envolvimento de aspectos emocionais, motivacionais, com base na análise do custo e benefício da história e interpretação pessoal. Quanto á perspectiva neuroestrutural, o primeiro grupo estaria relacionado ao circuito dorsolateral, e as funções executivas do tipo “quente” estariam mais relacionadas aos circuitos orbitofrontais.

Assim, alterações causadas por comprometimentos no córtex pré-frontal (figura 1) tem sido descritas como disfunçõesexecutivas. Trata-se de um conjunto de alterações de comportamento e cognitivas, que envolve dificuldades para concentrar-se em uma tarefa e finalizá-la sem ajuda de reforços ambientais externos, comportamento rígido, perseverante, podendo por vezes apresentar condutas estereotipadas, dificuldade na construção de novos repertórios de conduta com perda de capacidade para utilizar estratégias operacionais na solução do problema e pouca flexibilidade cognitiva com limitações na produção e na criatividade.

Figura 1 - Regiões responsáveis pelas funções executivas

Fonte: Neurociências em Benefício da Educação

 Há alguns processos cognitivosque podem sofrer alterações em caso de disfunções executivas, dentro os quais podemos citar: a atenção, a memória operacional,  planejamento, flexibilidade mental e controle inibitório.

A função atencional tem um papel fundamental no desempenho das funções executivas. A atenção inclui-se no processo com os seus subtipos: estado de alerta, atenção sustentada, serial, de deslocamento, compartilhada, e os chamados mecanismos inibitórios, que favorem a exclusão dos estímulos que não interessam ao objetivo atual.

A memória operacional, também chamada de memória de trabalho, é uma das habilidades que compõe as funções executivas que tem como principal função o arquivamento temporário de informações (desaparece em segundo, no máximo em alguns minutos) que estarão disponíveis para o acesso de outros processos cognitivos. Conforme Baddeley (2003), por ser a memória operacional um sistema  de capacidade limitada que auxilia no processamento de informações, ela atua como uma interface entre a percepção, a memória de longo prazo e a atuação sobre o ambiente.

Izquierdo (2011) refere que a memória operacional ou de trabalho depende da atividade elétrica de neurônios do córtex pré-frontal, não persistindo além dessa área. Quando a ativação dos neurônios pré-frontais cessa, a memória operacional também cessa, não deixando traços bioquímicos nem estruturais.

            Planejamento consiste na capacidade do sujeito de construir, a partir de um objetivo estabelecido, estratégias para solucionar os problemas que surgirem, atingir a meta previamente definida. Muitas vezes inclui a elaboração de um plano de ação, que requer capacidade para tomar decisões, desenvolver estratégias, definir as prioridades e controlar impulsos.

            Podemos pensar em flexibilidade mental ou cognitiva como a capacidade de alternar ou mudar o curso dos pensamentos ou das ações, de acordo com as demandas do ambiente. Isso supõe inibir outros pensamentos ou ações para voltar-se a outro, ou seja, inibir a primeira escolha em prol de outra. A falta de inibição provoca uma perseveração,que é a incapacidade de adaptar as escolhas às necessidades ambientais. Assim, dificilmente a flexibilidade mental pode ser separada do controle inibitório e, por isso, devemos relacionar ao fato de que lesões nas áreas pré-frontais provocam essa desinibição(GIL, 2005).

            Malloy-Diniz (2010, p. 108) caracteriza a impulsividade como “[...] um fenótipo complexo caracterizado por diferentes manifestações cognitivas e comportamentais [...]” A impulsividade se manifesta  quando o sujeito muda o curso de sua ação sem que tenha feito um julgamento prévio das consequências de seu comportamento, que geralmente vai ser caracterizado como impensado e prepotente. A tomada de decisão está diretamente relacionada à autoiniciativa, ou seja, à capacidade de iniciar a tarefa de modo espontâneo, fazendo escolhas dentre várias alternativas em situações que envolvam algum risco ou grau de incerteza. Nesse caso, o sujeito analisa o custo-benefício de sua decisão, considerando as repercussões de sua decisão em curto, médio e longo prazo. Na tomada de decisões, processos cognitivos já citados, como memória operacional, flexibilidade cognitiva, controle inibitório e planejamento, estão envolvidos.      

3 NEUROPSICOPEDAGOGIA CLÍNICA

Neuropsicopedagogia é uma área de conhecimento e pesquisa na atuação transdisciplinar, voltada para os processos de ensino-aprendizagem, que integra avaliação e a intervenção em situações que envolvam esses processos no plano individual ou coletivo. A Neuropsicopedagogia estuda os processos cognitivos imbricados na aprendizagem possibilitando deste modo a construção indicadores formais para a intervenção clínica frente aos educandos padrões com baixo desempenho e que apresentam disfunções neurais devido a lesão neurológica deorigem genética, congênita ou adquirida.

A Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia – SBNPp, 2014 (Cap. II, art. 10), define a Neuropsicopedagogia como

 

[...] uma ciência transdisciplinar, fundamentada nos conhecimentos da Neurociência aplicada a educação, com interfaces da Psicologia Cognitiva e Pedagogia, que tem como objetivo formal de estudo a relação entre o cérebro e a aprendizagem humana numa perspectiva de reintegração pessoal, social e escolar.


As ações da atuação Clínica, fundamentado na Nota Técnica 001/2016 do Conselho Profissional da SBNPp  seguem os critérios de  investigar queixas, realizar anamneses, fazer entrevistas, coletar  dados e  fazer observações; estabelecer hipóteses diagnósticas para elaborar a intervenção neuropsicopedagógica (INPp)  e selecionar atividades para testá-las; confirmadas as hipóteses, planejar a intervenção de acordo com as necessidades individuais de acordo com os conhecimentos técnicos da Neuropsicopedagogia e instrumentos adequados; aplicar o plano de intervenção que visa alcançar metas iniciais, intermediárias e finais.

O profissional da neuropsicopedagogia visa promover a reintegração pessoal, social e educacional de quem é atendido, bem como na superação do quadro inicial estabelecido pelas hipóteses diagnósticas, e, por último, elaborar o parecer técnico, com linguagem adequada, para informar aos responsáveis, organizar seus registros, seguindo o código de Ética Técnico-Profissional e poder fazer encaminhamento a outros profissionais conforme a especificidade dos casos atendidos.

4 INTERVENÇÕES NEUROPSICOPEDAGÓGICAS EM FUNÇÕES EXECUTIVAS

 Após investigar e analisar os relatos e queixas advindas dos contextos específicos, realizando anamnese, entrevistas, coletas de dados a partir de observações para posterior análise; o neuropsicopedagogo deve estabelecer hipóteses para traçar o planejamento da intervenção neuropsicopedagógica, devidamente embasado em conhecimentos técnicos-científicos. Para isso, irá selecionar atividades para testar as hipóteses através das intervenções direcionadas, que devem ser seguidas de análises que podem ou não as confirmar, pois, poderá tratar-se de dificuldades ou transtorno de aprendizagem.

O primeiro passo para uma boa intervenção neuropsicopedagógica é um plano de ação, estruturado em metas iniciais, intermediárias e finais. Após identificação e confirmação das dificuldades a serem trabalhadas, planejar a intervenção conforme protocolo específico de atendimento, utilizando instrumentos validados e aplicados em população brasileira, de acordo com a faixa etária, no caso em alunos do ensino fundamental – de 6 a 14 anos. Elaborar um plano de trabalho estabelecendo metas iniciais, intermediárias e finais para avaliar continuamente os avanços durante a intervenção; organizar registros dos atendimentos visando acompanhamento adequado a cada caso tratado.

A seleção de instrumentos a ser utilizada é realizada de acordo com os objetivos da avaliação, e o neuropsicopedagogo deverá buscar materiais não vetados para seu uso, que forneçam parâmetros para analisar tanto as dificuldades como as facilidades de aprendizagem do sujeito.

A Neuropsicopedagogia utiliza-se de estratégias variadas levando em consideração o indivíduo e tudo que lhe diz respeito. A intervenção neuropsicopedagógica ocorre mediante um plano de intervenção estruturado, através de: - objetivo; - prazo; -seleção de atividades de acordo com a natureza do “problema”, - recursos a serem utilizados (materiais e/ou humanos – ajuda de outros profissionais, da família, da escola); - reavaliação constante do plano de intervenção.

Existem alguns jogos que podem contribuir com a melhora das funções executivas, tais como: *Jogo terremoto- trabalha atenção, planejamento, coordenação motora, percepção visual, equilíbrio, flexibilidade cognitiva, controle inibitório; * Sete erros, tangran, dominó, quebra-cabeças - trabalha atenção; * Jogo das 7 famílias - Estimula o raciocínio, memória, e atenção; * Jogo de Memória – Gênius - (Software de Memória) – Trabalha memória; * Kit Trilhas: Desenvolve competências leitoras e escritoras; * CAN CAN – Habilidades matemáticas e raciocínio lógico * Bloqueio 4 cores, Jogos Boole- Trabalha raciocínio lógico.

 Contudo, há programas de treinamento que auxiliam na intervenção em funções executivas, tais como:

* PAY ATTENTION (Programa de treinamento dos processo atencionais para crianças) - Os materiais são projetados para remediar dificuldades em habilidades de atenção sustentada, seletiva, alternada, dividida, auditiva e visual;

* PIAFEX – (Programa de Intervenção em Autorregulação e Funções Executivas)- Conjunto de atividades que visam estimular o desenvolvimento de habilidades em crianças pré-escolares e no início do Ensino Fundamental, incluindo habilidades como organização, planejamento, inibição de impulsos, atenção, memória de trabalho, metacognição e regulação emocional;

* PENcE (Programa de Estimulação Neuropsicológica da cognição em escolares: ênfase nas funções executivas) - Memória Operacional, Atenção, planejamento/organização, flexibilidade cognitiva, controle inibitório;

Cabe ao neuropsicopedagogo analisar a proposta de cada jogo e programa de intervenção e verificar o que melhor se adequa ao seu paciente.

5.    CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo apresenta alguns estudos sobre funções executivas e das áreas do cérebro onde ocorrem, enfatizando a importância destas funções desde o período gestacional até o desenvolvimento cognitivo na fase escolar, mais especificamente no aprendizado dos anos iniciais do ensino fundamental.

Através de conceitos de neuropsicopedagogia, foi possível conhecer a atuação do neuropsicopedagogo e sua importância na aprendizagem quando aparecem as disfunções executivas. Foram apresentados alguns processos cognitivos, suas habilidades e o que ocorre quando estão alterados.

Para concluir, foi destacada a importância da intervenção com os instrumentos apropriados para cada diagnóstico a fim de obter resultados eficazes nos casos clínicos. Vale lembrar que a neuropsicopedagogia é uma ciência incipiente, mas que se utiliza muito da prática pedagógica para auxiliar nas intervenções, bem como, o uso de instrumentos que se encontram a venda.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

BADDELEY, A. Working memory: looking back and looking forward. Nature Reviews Neuroscience, v.4, n. 10, p. 829-837,2003.

BLAIR, C. (2013). As funções executivas na sala de aula. In: R.E. Tremblay, M. Boivin, R.V. Peters (Eds), Enciclopédia sobre o Desenvolvimentona Primeira Infância.

COSENZA, Ramon; GUERRA, Leonor. Neurociência e educação: como o cérebro aprende. Porto Alegre: ArtMed, 2011.

DIAMOND, A. (2013). Executive functions. Annual Review of Psychology, 64, 135-168. 

GIL, R. Neuropsicologia. 2ª ed. São Paulo, Santos, 2005

HENNEMANN, Ana L. Neuropsicopedagogia, Novo Hamburgo, 02 de abril de 2012. Disponível online em:

http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com/2012/04/neuropsicopedagogia.html

HENNEMANN, Ana Lúcia. Exemplos de Intervenções Neuropsicopedagógicas. Aulas realizadas em 09/03/19 e 10/03/19,  Porto Alegre: CENSUPEG, 2019

MALLOY-DINIZ, L. F. et al. Avaliação Neuropsicológica. Porto Alegre: Artmed, 2010

IZQUIERDO, I.; KAPINSKI, F; QUEVEDO, J. Bases biológicas dos Transtornos Psiquiátricos. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2011

ROTTA, N.T.; BRIDI FILHO, C. A.; RIESGO,R.S. Neurologia e Aprendizagem: Abordagem Multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2016

ROTTA, N.T.; OHLWEILER,L.; BRIDI, F.R. de.Transtornos da Aprendizagem: Abordagem  Neurobiológica e Multidisciplinar. 2ª ed. Porto Alegre:Artmed 2006

RUSSO, Rita Margarida T. Neuropsicopedagogia Clínica: introdução, conceitos, teoria e prática. Curitiba: Juruá, 2015

SBNPp. Nota Técnica 01/2014. Disponível online em: www.sbnpp.com.br



[1]  Pós-Graduanda no Curso de Pós-Graduação em Neuropsicopedagogia Clínica – Faculdade CENSUPEG. E-mail: gyslaine2007@hotmail.com

[2] Professora Orientadora – Faculdade CENSUPEG. E-mail- ana_hennemann@hotmail.com


Neuropsicopedagogia e alfabetização

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Marina Mattes Fischer[1]
Ana Lúcia Hennemann[2]

RESUMO: Alfabetizar-se é uma das capacidades mais importantes na vida escolar dos alunos e um dos objetivos mais desejados a serem alcançados. No contexto escolar a alfabetização pode ocorrer até o terceiro ano, dos anos iniciais, contudo a identificação precoce de processos cognitivos disfuncionais nesta área, podem auxiliar a escolha de intervenções mais eficazes que possam vir a melhor a aprendizagem dos alunos O presente artigo teve como metodologia uma pesquisa empírica realizada com 20 alunos do Ensino Fundamental 1, estudantes do primeiro ano, os quais deveriam responder a 9 questões da Provinha Brasil de 2016. Os resultados obtidos evidenciaram que 3 alunos, apresentaram desempenho abaixo do esperado que os demais alunos, delineando deste modo que seria necessário um plano de intervenção para eles.
PALAVRAS ­- CHAVE: Alfabetização. Neuropsicopedagogia. Aprendizado. 

1 INTRODUÇÃO
O processo de alfabetização ocorre nos primeiros anos de vida escolar da criança e engloba vários processos cognitivos que precisam estar bem desenvolvidos para que a criança consiga ter um bom desempenho na decodificação do código linguístico, vindo deste modo a ler e a escrever.
Cosenza e Guerra (2011) elucidam que não há em nosso cérebro uma região com uma programação genética que faça com que consigamos ler, mas sim, vários circuitos que são recrutados para a capacidade da leitura. Portanto, uma das coisas mais incríveis no ser humano é a sua capacidade de aprender, que nós chamamos de plasticidade cerebral, onde o nosso cérebro é capaz de aprender novas informações e armazená-las.
Sabemos que muitas crianças apresentam facilidade no processo de alfabetização, outras possuem déficits nesta habilidade e consequentemente, apresentaram dificuldades no Ensino Fundamental. Deste modo, o profissional da neuropsicopedagogia pode auxiliar no pleno desenvolvimento desses alunos, auxiliando o trabalho do professor e de seus alunos, para que o fracasso na leitura e escrita não acompanhe os alunos durante sua vida escolar.
Para que tenhamos um olhar mais sistemático da realidade de alguns alunos durante o processo de alfabetização, será realizada uma experiência empírica, que consiste em aplicar 9 (nove) primeiras questões da Provinha Brasil, do ano de 2016 com a turma de 1º ano, da rede pública, sendo está composta por 20 alunos, na faixa etária de 6 e 7 anos. O objetivo será compreender em qual processo de alfabetização eles se encontram, de forma a perceber as habilidades dos alunos, analisando o processo de aquisição das letras e oreconhecimento. A partir dos resultados, será realizado um mapeamento dos alunos com as dificuldades, identificando e buscando recursos para auxiliá-los, nessa etapa, pois a mesma é de extrema importância.

2 ALFABETIZAÇÃO E NEUROPSICOPEDAGOGIA
Durante muito tempo na história, para que a alfabetização de fato ocorresse era necessário priorizar um método e aplicá-lo, sendo que pouco se investigava sobre o porquê determinadas crianças conseguiam ler e outras não. Já na década de 1990-2000, os avanços da neurociência proporcionaram estudos utilizando recursos de imageamento cerebral, que trouxeram novas percepções sobre o como os indivíduos aprendem a ler e escrever.
Desta forma, a neurociência tem como característica estudar o sistema nervoso central, seu funcionamento, desenvolvimento, estruturas e eventuais alterações que possa acontecer.
Em meados de 2008, a neurociência pode contar com uma nova ciência, se trata de Neuropsicopedagogia que é definida pela SBNPp (Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia) como,

[...] uma ciência transdisciplinar, fundamentada nos conhecimentos da neurociência aplicada à educação, com interfaces da pedagogia e psicologia cognitiva que tem como objeto formal de estudo a relação entre o funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem humana numa perspectiva de reintegração pessoal, social e educacional. (SBNPp, 2014).

O profissional da neuropsicopedagogia trabalha as funções cognitivas, fazendo uso de atividades lúdicas, com objetivo de facilitar e dar melhor direcionamento a alfabetização das crianças, com estratégias de pensamento, em particular a atenção, por meio de jogos e outras atividades, que contribuem para o desenvolvimento cognitivo e motor das crianças.
Este ´profissional também, faz a avaliação de processos cognitivos voltados a alfabetização, visando identificar quais áreas estão funcionais e quais necessitam de estimulação. Partindo dessa percepção, compreendemos que não existe aprendizagem que não passe pelo cérebro e que desta forma, avaliações nesta área, podem oportunizar intervenções precoces que venham a melhorar a aprendizagem do aluno.
Segundo Russo (2015), o neuropsicopedagogo tem como uma das funções trabalhar estratégias de aprendizagem variadas, com operações mentais que cada sujeito pode executar para facilitar sua aprendizagem. Assim atividades ministradas por profissionais da neuropsicopedagogia promovem mudança de atitude e desempenho na aprendizagem escolar, auxiliando aos professores, para que assim, juntos (professores e neuropsicopedagogos) possam formular estratégias que farão a diferença na vida escolar do aluno.
Estudos com imageamento cerebral, ressaltam que aprendizagem da leitura, engloba diversos processos cognitivos que estão presentes em dois sistemas do nosso cérebro: um é o sistema visual para reconhecimento de formas e outro é a áreas da linguagem (HENNEMANN, 2012).
Ainda nessa fase as células neurais dos alunos veem as palavras escritas e não necessariamente associam com o seu significado, porém quanto mais o aluno reforça e potencializa-se a leitura dessas palavras, ou seja, realizam as famosas repetições, para que assim o aprendizado se consolide, criando uma “espécie” de dicionário visual. A área de broca que responde a essa “leitura” dos neurônios auditivos entende de forma satisfatória, onde os indivíduos realizaram as associações das palavras que foram ouvidas, vistas, emitidas e pensadas. Assim o resultado obtido diante da aprendizagem e da aquisição de novas palavras confirma que é fundamental esse contato com as palavras e é fundamental a repetição.
Deste modo a aprendizagem da leitura se depara com três fases; etapa pictórica que possui um pequeno período onde a criança “fotografa” algumas palavras e a fonológica onde a criança decodifica os grafemas em sons. Mais a fase ortográfica quando ela autonomiza o reconhecimento das palavras. 
Para que a alfabetização de fato ocorre, existe uma plasticidade cerebral, onde vários circuitos cerebrais se modificam, normalmente os do córtex-temporal esquerdo. A região temporal superior esquerda analisa os sons da fala, enquanto o sulco temporal superior esquerdo faz uma análise progressiva dos fonemas. Não restam dúvidas que existe um viés genético que estabelece conexão precoce entre essas regiões celebrais (HENNEMANN, 2012). 

3 USO DA PROVINHA BRASIL (2016) PARA AVERIGUAR AS APRENDIZAGENS
A Provinha Brasil, é uma avaliação diagnóstica que visa investigar as habilidades desenvolvidas pelos alunos matriculadas no 2º ano do ensino fundamental das escolas públicas brasileiras.Conforme descrito pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) sobre o principal objetivo da provinha Brasil: avaliar o nível de alfabetização dos educandos nos anos iniciais do ensino fundamental.
Esta prova, faz avaliação de diversos processos cognitivos envolvidos na alfabetização, que quando utilizada como um instrumento de sondagem pode fornecer subsídios para que profissionais da educação possam entender quais habilidades seus alunos já têm construídos e quais poderão ser estimulados.
De modo a investigar as habilidades de leitura que os alunos já têm consolidadas, as 9 (nove) primeiras questões da Provinha Brasil de 2016, foram aplicadas numa turma de 1º ano do Ensino Fundamental, composta por 20 alunos, cujas faixas etárias são entre 6 e 7 anos. Os alunos responderem 9 questões referentes a: identificação de letras, consciência fonológica de letras, sílabas e rimas, relacionando-os com o que aprenderam ao decorrer do ano. Sabendo que este teste foi aplicado no final do ano, os alunos na grande maioria estão alfabetizados e apenas receberam uma folha sem nada escrita, com dez espaços, no primeiro espaço os alunos deveriam colocar o respectivo nome e nos demais espaços a letra que na percepção deles estaria correta.
3.1 TAREFAS E ANÁLISE DOS RESULTADOS
A seguir, serão registradas as tarefas aplicadas e os resultados obtidos:
Questão nº 1- Avalia a habilidade de reconhecer letras, diferenciando-as de outros sinais gráficos. (Figura 1)

Fonte: Provinha Brasil 2016
Dezoito alunos acertaram, sendo que apenas 2 ainda não estão diferenciando as letras dos números.

Questão nº 2– Avalia a habilidade de identificar letras do alfabeto ditadas pelo(a) professor(a). (Figura 2)

Fonte: Provinha Brasil 2016
Dezesseis alunos acertaram, sendo que apenas 4 apresentam dificuldades em discriminar fonemas.

Questão nº 3 – Avalia a habilidade de identificar a relação grafema-fonema, neste caso, o fonema /f/, a partir da letra inicial do nome do objeto representado pela imagem (fogão). (Figura 03)


Fonte: Provinha Brasil 2016
Quinze alunos acertaram, sendo que apenas 5 apresentam dificuldade em discriminar fonemas.
Questão nº 4 - Avalia a habilidade de reconhecer o valor sonoro de uma sílaba a partir de uma imagem, neste caso variando nas alternativas apenas a sílaba inicial das palavras. (Figura 04)

Fonte: Provinha Brasil 2016
Dezessete alunos acertaram, sendo que apenas 3 ainda não estão discriminando a diferença entre os fonemas.
Questão nº 5 - Avalia a habilidade de reconhecer, a partir da palavra ouvida, o valor sonoro de uma sílaba. (Figura 05)

Fonte: Provinha Brasil 2016
Dezessete alunos acertaram e 3. consideraram apenas o valor sonoro da letra A ou assimilaram semelhança da fonética entre /J/ e/ X/ e desconsideraram a vogal, que compõe a silaba CHI. 
Questão nº 6 – Avalia a habilidade de identificar a relação entre grafema e fonema (letra/som) com mais de uma correspondência sonora. (Figura 06)

Fonte: Provinha Brasil 2016
Dezessete alunos acertaram e 3 consideraram apenas o valor sonoro da letra A ou assimilaram semelhança da fonética entre /J/ e/ X/ e desconsideraram a vogal, que compõe a silaba CHI.

Questão nº 7 – Avalia a habilidade de estabelecer relação entre significante e significado. (Figura 07)

 Fonte: Provinha Brasil 2016
Dezessete alunos acertaram e 3 não conseguiram fazer a discriminação fonológica.
Questão 8 – Avalia a habilidade de identificar diferentes tipos de letras. (Figura 08)
Fonte: Provinha Brasil 2016
Dezessete alunos acertaram e 3 não conseguiram fazer a discriminação visual da forma da palavra.
Questão nº 9 – Avalia a habilidade de identificar o número de sílabas de uma palavra ouvida. (Figura 09)
                       

Fonte: Provinha Brasil 2016
Dezessete alunos acertaram e 3 não conseguiram fazer a discriminação silábica das palavras.
Numa visão mais parcial, vista através do gráfico 1, podemos verificar que há 3 alunos que necessitam de maior estimulação nos processos cognitivos voltados a leitura.
Gráfico 1– Resultado das tarefas da prova Brasil
Fonte: dados cadastrados pela autora.
Dehaene (2012), reflete sobre a maturidade da criança, que determina como “revolução mental”, ou seja, quando a criança começa a observar que as palavras podem ser segmentadas em diferentes fonemas. Desta forma, compreendemos que nenhum cérebro é igual ao outro, e consequentemente haverá diferenças na forma com que cada aluno se familiariza com a linguagem escrita, o que traz à escola o desafio de conhecer e respeitar o ritmo deles, entretanto fazendo intervenções eficazes.
Há de se levar em consideração que há o fator cultural, provindo da cultura alemã, que muitas vezes acaba ocasionando o erro ao pronunciar o som da letra, ou também ocorreu o que chamamos de troca surdo-sonora entre os fonemas F e V, na questão dois os alunos tiveram o mesmo erro, porém, trocaram os fonemas B e P. Já na questão seis, percebo que os alunos acabaram confundindo-se com o som das letras G e J, atribuindo o som da letra J o som de G, por saberem que em palavras com as sílabas como GE e GI os fonemas de ambas são parecidos.
Os resultados da prova, elucidam que é possível perceber que há processos cognitivos que necessitam de maior estimulação, em relação a reconhecimento letra inicial, quantidade de sílabas. Deste modo, também é importante ressaltar a interação do meio, no processo de alfabetização, onde o professor precisará “olhar” vários fatores que a cercam, sejam eles:
(Fonte: imagem criada pela autora).
O professor e neuropsicopedagogo, numa visão da neurociência deve conhecer o contexto onde a crianças está inserida, relacionando os estímulos que elas recebem e trazem para a escola, bem como os conhecimentos e hipóteses que construíram sobre a escrita. Valorizando o conhecimento das crianças e contemplando-os no planejamento diário, sendo que o mesmo deve partir desse princípio, para a construção de novas aprendizagens, bem como proporcionar uma alfabetização rica em estímulos.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A provinha Brasil é aplicada no 2º ano do Ensino Fundamental, mas como instrumento de sondagem foi utilizada para alunos do final do primeiro ano do ensino fundamental o qual nos deu indicadores de que  nesta turma há três alunos que ainda necessitam de maior estimulação em habilidades voltadas a alfabetização, pois não obtiveram acertos nestas tarefas, realizando com dúvidas e em todas as questões, mencionavam que não sabiam.
Os resultados obtidos nos levam a verificar a importância das pesquisas na área da neuropsicopedagogia de modo a trazer subsídios para os profissionais da educação a escolherem estratégias mais eficazes para a aprendizagem de seus alunos. Sendo assim, os alunos receberão um novo olhar, com o objetivo de ajudá-los e assim alavancar os índices na alfabetização, como nas demais áreas de conhecimento, uma vez que o seu rendimento escolar depende da sua capacidade de ler e assim possam ter um bom desempenho escolar, alcançando os objetivos propostos definidos para cada ano escolar. Entretanto, as famílias e os profissionais da educação sabem que assegurar o aprendizado da leitura e da escrita tem sido um dos maiores desafios para a escola, principalmente considerando que a educação integral deve ocorrer entre a relação família e escola.
Para isso nós, profissionais neuropsicopedagogos institucionais, temos que auxiliar o trabalho do professor em sala de aula, para surtir efeitos no desempenho das turmas, pensando nos métodos e nos fatores que envolvem o aluno com dificuldade para alfabetizar-se.
Outro ponto importante que devemos refletir é o de que trabalhamos com crianças, desta forma o lúdico é a melhor forma de estimular o cérebro, tornando as aprendizagens mais eficientes; portanto é importante propor atividades que sejam prazerosas e que mobilizem um conteúdo emocional positivo. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSENZA, Ramon, GUERRA, Leonor. Neurociência e Educação: como o cérebro aprende. Porto Alegre: Artmed, 2011.
DEHAENE, Stanislas. A aprendizagem da leitura modifica as redes corticais da visão e da linguagem verbal. Revista Letras de Hoje, Porto Alegre. v.48 nº1, p-148-152. Jan/mar, 2013.
HENNEMANN, Ana LAlfabetização na Perspectiva de Linnea Ehri. Novo Hamburgo: 20 julho 2016. disponível online em: http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2016/07/alfabetizacao-na-perspectiva-de-linnea.html. acesso em 19/08/2018.
MORAIS, Arthur Gomes. Sistema de escrita Alfabética. Editora Melhoramentos.
PROVINHA BRASIL: AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA OU CLASSIFICATÓRIA. Disponível online em: https://www.revistas.ufg.br/poiesis/article/view/29581/16413
PROVINHA E PROVA BRASIL DE MATEMÁTICA NAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DOS PROFESSORES DE MATEMÁTICA. Disponível online em: file:///C:/Users/USUARIO/Downloads/para%20Marina.pdf
RUSSO, Rita Margarida Toler. Neuropsicopedagogia clínica: introdução, conceitos, teoria e prática. Curitiba: Juruá, 2015, 146 p.
RUSSO, Rita Margarida Toler. Organizadora. Neuropsicopedagogia Institucional. Curitiba: JURUÁ, 2018.
SBNPp. Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia. Recuperado em 09 de dezembro de 2016, de http://www.sbnpp.com.br/





[1]Pós-Graduanda no Curso de pós-graduação em Neuropsicopedagogia Institucional e Educação Especial Inclusiva. Faculdade CENSUPEG. E-mail: mtsmarina@hotmail.com
[2]Professora Orientadora. Faculdade CENSUPEG. E-mail: ana_hennemann@hotmail.com


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