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Channel: Neuropsicopedagogia na sala de aula
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Neuropsicopedagogia: Cuidado com os equívocos

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Ana Lúcia Hennemann[1]

Você saberia dizer o que é Neuropsicopedagogia?
Quais as ciências e práticas que compõem a Neuropsicopedagogia?
Você já leu o Código de Ética Técnico Profissional da Neuropsicopedagogia?

A Neuropsicopedagogia conceituada pela SBNPp (Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia) como:
“Uma ciência transdisciplinar, fundamentada nos conhecimentos da Neurociências aplicada à educação, com interfaces da Pedagogia e Psicologia Cognitiva que tem como objeto formal de estudo a relação entre o funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem humana numa perspectiva de reintegração pessoal, social e educacional”. (SBNPp, 2016, p. 3)

vem se mostrando uma das ciências que tem se destacado rapidamente nos últimos anos, fomentando venda de cursos, livros e materiais correlacionados a mesma, porém se faz necessário um olhar mais minucioso a cerca de tudo que compõe o universo neuropsicopedagógico.
Embora a conceituação seja clara enfatizando a fundamentação e o objeto de estudo, a mesma tem se mostrado em alguns contextos de maneira equivocada: tanto na sua conceituação, quanto na prática do profissional de Neuropsicopedagogia. Um dos grandes fatores que contribuem para estas situações fazem menção ao não conhecimento do conteúdo do Código de Ética Técnico Profissional da Neuropsicopedagogia, sendo que este é disponibilizado gratuitamente no site da SBNPp,  cujo, seu contexto abrange desde a formação do neuropsicopedagogo até mesmo a sua atuação como profissional.
Por exemplo, o capítulo IV faz menção aos instrumentos da atuação neuropsicopedagógica, ressaltados no artigo 68, parágrafos 1, 2 e 3 as seguintes orientações:
§1° Toda avaliação e intervenção deverá ter um olhar neuropsicopedagógico. [...] É vetado o uso de procedimentos, técnicas e recursos não reconhecidos como neuropsicopedagógicos. §2° O Neuropsicopedagogo deverá utilizar protocolos de avaliação e intervenção que contemplem fundamentos básicos sobre a aprendizagem e desenvolvimento, como as funções executivas, atenção, linguagem, habilidades sociais, raciocínio lógico-matemático e desenvolvimento neuromotor.  §3º A formação do Neuropsicopedagogo prioriza o estudo e pesquisa sobre a aprendizagem relacionada ao funcionamento do sistema nervoso, incluindo estudos a cerca do cérebro, assim faltam-lhe condições técnica para realizar um trabalho com alguns aspectos do desenvolvimento humano. Desta forma, o Neuropsicopedagogo não pode avaliar a inteligência, os transtornos de humor e personalidade, bem como fazer uso de testes projetivos. (SBNPP, 2016, p. 15)

A breve leitura destes parágrafos esclarece o grande equívoco que vem ocorrendo em algumas grades curriculares de instituições que não são associadas a SBNPp, mas vendem cursos de Pós-Graduação em Neuropsicopedagogia. Por exemplo, estes dias estava lendo sobre a grade curricular de uma destas instituições e no site fazia menção aos eixos temáticos aos quais o curso estava pautado, para minha surpresa, todo eixo era fundamentado na Psicopedagogia. Nesse sentido, faz-se necessário relembrar que os eixos temáticos que compõe a Psicopedagogia e a Neuropsicopedagogia são diferentes, pois a primeira tem base na Epistemologia Convergente e a segunda na Neurociência aplicada à Educação e a Psicologia Cognitiva, no entanto ambas se fundamentam na Pedagogia. Por isso que a Neuropsicopedagogia não se utiliza de testes projetivos durante o processo de avaliação, muito menos do Teste do Par Educativo (TPE), cujo objetivo é investigar vínculo com a aprendizagem. Dentro da Neuropsicopedagogia o que seria avaliado dentro da perspectiva do desenho infantil é apenas se o indivíduo se encontra dentro dos parâmetros correspondentes ao seu desenvolvimento.
Outro fator que merece destaque é a questão da nomenclatura de Neuropsicopedagogo, pois conforme artigo 69: “A formação educacional do Neuropsicopedagogo se dá através de curso de pós-graduação (especialização lato sensu) com a titulação mínima certificada de Neuropsicopedagogia[...]” sendo assim, se o profissional possui a titulação de Psicopedagogia e faz uma pós em Neurociências, ele não é um neuropsicopedagogo. Cada profissional tem um perfil profissiográfico e devemos ter a ética de respeitar o espaço de atuação de cada um.
Portanto, relativo a Neuropsicopedagogia, se faz necessário entender que existe uma entidade que representa esta categoria de profissionais, a SBNPp, a mesma possui um selo indicando quais livros, cursos de pós-graduação e demais materiais que são chancelados pela mesma. Portanto devemos investir na profissão do neuropsicopedagogo, mas ficar alerta quanto as orientações da SBNPp evitando dessa forma cometer equívocos relativos a conceituação e a prática profissional da Neuropsicopedagogia.

Referência:SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEUROPSICOPEDAGOGIA- SNBPp (Brasil). Resolução nº 03/2014.Código de Ética Técnico-Profissional da Neuropsicopedagogia, Joinville, 30 de jul.2014.

Nota: Se você tem dúvidas relativas a Neuropsicopedagogia, consulte o site da Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia: www.sbnpp.com.br

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[1]Especialista em Alfabetização, Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva, Neuropsicopedagogia Clínica e Neuroaprendizagem. - whatsApp - 51 9248-4325

Avaliação e Intervenção Neuropsicopedagógica – Orleans SC

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Ana Lúcia Hennemann¹

Orleans é um município do estado de Santa Catarina, cuja população em 2014 era de 22.311 habitantes. A mesma traz marcos relevantes na sua história envolvendo o casamento de Conde d’Eu e a princesa Isabel Cristina L. A. M. G. R. Gonzaga de Bragança, no século XIX. No entanto, somente em 1913 que obteve sua emancipação política.  

No ano de comemoração de 103 anos, a cidade também terá como novidade: 19 profissionais de neuropsicopedagogia que estão concluindo o curso de Pós-Graduação em Neuropsicopedagogia e Educação Especial Inclusiva, pelo grupo CENSUPEG.
A importância de ter um profissional de neuropsicopedagogia no contexto educacional oportuniza avaliação e intervenção precoce relacionados aos transtornos de aprendizagem. O neuropsicopedagogo recebe na sua formação toda orientação do funcionamento do sistema nervoso e quais as implicações que comprometem a aprendizagem quando o mesmo apresenta prejuízo no seu funcionamento.
Neste último sábado (14/11/2016) as alunas tiveram a penúltima disciplina: Avaliação e Intervenção Neuropsicopedagógica, a qual tive a honra de lecionar. Foram 30 horas de estudos voltados a: - qual o papel do neuropsicopedagogo no contexto institucional, - quais as áreas a serem avaliadas, - quais os instrumentos de avaliação que o neuropsicopedagogo dispõe e - de que forma intervir mediante as situações encontradas.
As primeiras 15 horas da aula, enfocaram todo o entendimento do conteúdo elencado pela Nota Técnica nº 1 – 2016, disponibilizado pela SBNPp (Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia). Num momento posterior, as alunas receberam estudos de casos já realizados, contendo elementos de avaliação e intervenção, os quais deveriam identificar e se apropriar deste conhecimento para apresentar às colegas.
Nas últimas 15 horas, aprendemos a usar na prática a “Escala de avaliação das estratégias de aprendizagem para o ensino fundamental: EAVAP-EF” que é um instrumento que possibilitará as neuropsicopedagogas a auxiliar os alunos a melhorarem suas estratégias de estudo, intervindo de modo precoce, objetivando dessa forma, melhor desempenho acadêmico dos estudantes. Trata-se de um instrumento que identifica as estratégias cognitivas e metacognitivas que o aluno usa durante o estudo, bem como a ausência das mesmas.  Nesse sentido, Boruchovitch (2006 apud Silva e de Sá 1997) esclarece que:
[...]a instrução em estratégias de aprendizagem possibilita aos estudantes ultrapassar dificuldades pessoais e ambientais de forma a obter um maior sucesso escolar. Estratégias de aprendizagem podem ser ensinadas para alunos de baixo rendimento escolar. É possível ensinar a todos os alunos a expandir notas de aulas, a sublinhar pontos importantes de um texto, a monitorar a compreensão da leitura, usar estratégias de memorização, fazer resumos, entre outras.

E como atividade final e de contextualização de toda disciplina, foram ofertados novos estudos de caso, para os quais deveriam pensar na proposta da Neuropsicopedagogia no contexto institucional, ou seja: atendimento coletivo, e montar uma Oficina Temática Neuropsicopedagógica voltada a áreas específicas de construção de habilidades para indivíduos que apresentam dificuldades semelhantes.
E desta forma, não somente por causa desta disciplina, mas por toda a grade curricular organizada no Código de Ética Técnico- Profissional da Neuropsicopedagogia, o grupo CENSUPEG mostra-se como a instituição que prima pela qualificação dos novos profissionais no mercado de trabalho, e estes, certamente farão toda diferença, pois têm a teoria aliada a prática.

Referências:

BORUCHOVITCH, Evely et al. A construção de uma escala de estratégias de aprendizagem para alunos do ensino fundamental. Brasília, Revista Psicologia: Teoria e Pesquisa, 2016.

OLIVEIRA, Katya. BORUCHOVITCH, Evely. SANTOS, Acácia. Escala de estratégias de aprendizagem para alunos do ensino fundamental: EAVAP-EF. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010.


SBNPp. NOTA TÉCNICA Nº 01/2016. Joinville, SBNPp, 2016.  Disponível online em: http://www.sbnpp.com.br/wp-content/uploads/2016/11/Nota-T%C3%A9cnica-01-2016-agosto.pdf


NotaSe você tem dúvidas relativas a Neuropsicopedagogia, consulte o site da Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia: www.sbnpp.com.br
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Habilidades Matemáticas – Araranguá SC

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                                                                                      Ana Lúcia Hennemann¹

          Araranguá, cidade de Santa Catarina, em 2010 era constituída por 66.442 habitantes. Consta no site do município que a mesma foi fundada em 1880, entretanto há vestígios de ocupação histórica desde 6.000 a.C. feitas por índios sambaquieiros, caçadores-coletores, Xoklengs e Guaranis.

E foi nesta linda e mega cidade histórica que lecionei neste sábado no curso de Pós-Graduação em Neuropsicopedagogia Clínica, pelo grupo CENSUPEG.
Este curso tem como objetivo qualificar profissionais das mais diversas áreas (Pedagogia, Psicologia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional e áreas afins) no sentido de instrumentalizá-los a partir de uma fundamentação teórica/técnica conforme o perfil profissiográfico do neuropsicopedagogo.
Neste último sábado (20/11/2016) as pós-graduandas tiveram uma das disciplinas que caracteriza os fundamentos e prática em equipe multiprofissional, as Habilidades Matemáticas. Através da mesma estudamos a aprendizagem dos processos neurobiológicos relacionados a esta área do conhecimento e conhecemos alguns instrumentos de avaliação voltados a Aritmética. Como forma de entender o modo de aplicação, como se faz a contagem da pontuação e verificação dos resultados obtidos pelo indivíduo, simulamos a aplicação de um destes instrumentos de avaliação.
A testagem estudada com maior profundidade neste dia foi a “Prova de Aritmética” de Seabra, Dias e Capovilla, que tem como finalidade avaliar a competência aritmética em crianças e adolescentes.

A importância desta avaliação se dá justamente por ser um instrumento que permite verificar no que exatamente a criança pode ter maior dificuldade, pois segundo os autores a Prova de Aritmética:
[...] pode ter grande utilidade, na medida em que permitirá ao profissional identificar áreas de maior ou menor comprometimento, assim como compreender as dificuldades apresentadas por uma criança face aos modelos cognitivos da competência aritmética. (SEABRA, DIAS E CAPOVILLA, 2013, p. 145)

Como atividades finais da disciplina, utilizamos alguns jogos e atividades de intervenção voltados a aritmética. Sendo assim, ressalto novamente que o grupo CENSUPEG prima pela qualificação do neuropsicopedagogo procurando alinhar o conteúdo de seus cursos em conformidade com o que prevê a SBNPp (Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia)

Referências:


SEABRA, DIAS e CAPOVILLA. Avaliação Neuropsicológica Cognitiva: Leitura, Escrita e Aritmética. Vol. 3. São Paulo: Memnom, 2013.

SBNPp. NOTA TÉCNICA Nº 01/2016. Joinville, SBNPp, 2016.  Disponível online em: http://www.sbnpp.com.br/wp-content/uploads/2016/11/Nota-T%C3%A9cnica-01-2016-agosto.pdf


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Habilidades Matemáticas – Santa Cruz do Sul - RS

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Ana Lúcia Hennemann¹
Ontem (26.11.2016), uma das diversas turmas de Neuropsicopedagogia Clínica de Santa Cruz do Sul, teve a disciplina de Habilidades Matemáticas. Para quem não conhece, Santa Cruz do Sul é uma das cidades do estado do Rio Grande do Sul, cuja população em 2010 era de 102.891 habitantes. A cidade é conhecida por ser a sede da maior Oktoberfest do Rio Grande do Sul, receber um dos maiores festivais de arte amadora, o Encontro de Arte e Tradição, e pelo Autódromo Internacional de Santa Cruz do Sul.
E pela quantidade de alunos de Neuropsicopedagogia que por este local estão se formando através do CENSUPEG, certamente em futuro bem próximo, a cidade também será conhecida pela qualidade de profissionais desta área de atuação e por fazer um diferencial na aprendizagem de muitos indivíduos. Pois, conforme o Código de Ética Técnico-Profissional da SBNPp (2016),
A Neuropsicopedagogia é uma ciência transdisciplinar, fundamentada nos conhecimentos da Neurociências aplicada à educação, com interfaces da Pedagogia e Psicologia Cognitiva que tem como objeto formal de estudo a relação entre o funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem humana numa perspectiva de reintegração pessoal, social e educacional.

Diante o entendimento da fundamentação da Neuropsicopedagogia é que nossos alunos têm disciplinas voltadas a toda estas interfaces, e sendo assim precisam de subsídios para compreender como ocorre o processo de avaliação e intervenção dos transtornos específicos de aprendizagem, além de outros. E é neste sentido que ocorreu a disciplina de Habilidades matemáticas, cujos objetivos já foram descritos na publicação “Habilidades Matemáticas – Araranguá SC”.
A turma de Santa Cruz do Sul também recebeu orientações de como fazer testagem em aritmética, através da “Prova de Aritmética” de Seabra, Dias e Capovilla, e teve a oportunidade de manusear um dos mais recentes instrumentos de sondagem das habilidades matemáticas nos anos iniciais do ensino fundamental, o “CORUJA PROMAT”. O mesmo tem por objetivo verificar se as competências numéricas básicas foram adquiridas e, em caso de defasagem indicar a(s) área(s) de concentração das dificuldades. Deste modo é possível identificar com maior exatidão áreas prioritárias para a intervenção especializada.
Também como forma de entendimento de “disfuncionalidades” relacionadas a aritmética, nos utilizamos de KOSC (1974, apud RUSSO 2015) explicando os seis tipos de discalculia: verbal, practognóstica, léxica, gráfica, ideognóstica e operacional.

E como não poderia faltar nas atividades finais da disciplina: utilizamos alguns jogos e atividades de intervenção voltados a aritmética, enriquecidos através de relatos e amostras de práticas já utilizadas por nossas aulas dentro do seu contexto do trabalho.

Referências:

RUSSO, Rita. Neuropsicopedagogia Clínica: Introdução, Conceitos, Teoria e Prática. Curitiba: Juruá, 2015.

SEABRA, DIAS e CAPOVILLA. Avaliação Neuropsicológica Cognitiva: Leitura, Escrita e Aritmética. Vol. 3. São Paulo: Memnom, 2013.

SBNPp. NOTA TÉCNICA Nº 01/2016. Joinville, SBNPp, 2016.  Disponível online em: http://www.sbnpp.com.br/wp-content/uploads/2016/11/Nota-T%C3%A9cnica-01-2016-agosto.pdf

WEINSTEIN, Monica. Coruja PROMAT: roteiro para sondagem em habilidades matemáticas ensino fundamental I. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2016.


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Linguagem – Cruz Alta - RS

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Ana Lúcia Hennemann¹
Neste sábado (03/12/2016) lecionei em Cruz Alta – RS, a cidade é uma verdadeira relíquia cultural-histórica, com 188 anos de emancipação e nacionalmente conhecida como a terra natal de grandes personalidades brasileiras, tais como: o escritor Érico Veríssimo, os políticos José Gomes Pinheiro Machado, Júlio Prates de Castilhos e Salvado Pinheiro Machado, bem como o artista plástico Saint Clair Cemin.  
Cruz Alta em 2010 contabilizava 62.776 habitantes e possui pontos turísticos belíssimos, sendo que aqui destaco o Museu Érico Veríssimo, que é a casa onde o escritor nasceu e lá pode-se encontrar manuscritos do escritor, inúmeras fotos, sua máquina de escrever, livros, entre outros objetos. A casa que foi reformada em 2007 e é Patrimônio Histórico do Estado, atualmente é palco para o Projeto Acústico no Museu e recebe a visita de milhares de pessoas anualmente.
Cruz Alta, no presente ano, já conta com a terceira turma de Neuropsicopedagogia se formando através do CENSUPEG. Isto é um fator muito importante, tanto no aspecto institucional da educação, quanto no aspecto clinico. Pois, o neuropsicopedagogo é um profissional comprometido com o processo de aprendizagem, que está em constante processo de formação, estudando:
[...] a neurofisiologia, a neuroanatomia, a memória, as emoções, percepções do mundo, e principalmente dominar conhecimentos sobre o funcionamento do sistema nervoso, sob o comando cerebral, relacionando as funções executivas, englobando toas as possibilidades de aprendizagem humana. (SANT’ANNA & FULLE, 2016, p.12)

Quando há o entendimento do desenvolvimento do sistema nervoso do indivíduo, há maior possibilidade de se ter o entendimento do que é o normal e o que é o patológico, e nesse sentido o neuropsicopedagogo cursa disciplinas voltadas as mais diversas áreas, procurando desta forma ter amplos conhecimentos que lhe servirão de subsidio para a prática profissional.
Desta vez, a disciplina estudada pela turma de Cruz Alta foi de Linguagem. Na mesma, foram abordados conteúdos tais como: Conceito de Linguagem, Desenvolvimento da Linguagem, Alterações na Linguagem, Avaliação, Intervenção e Prevenção na Linguagem
Como forma de nos prepararmos para a disciplina de Estágio Supervisionado, simulamos uma das testagens voltadas a Linguagem, ou seja, o TDE (Teste de Desempenho Escolar). Ele é um instrumento psicométrico que auxilia na avaliação das capacidades fundamentais para o desempenho escolar: escrita, aritmética e leitura. Porém, como a disciplina é Linguagem, focamos apenas na parte do teste que avalia escrita e leitura.

A importância destas atividades de simulações é que trazem a aproximação do futuro neuropsicopedagogo com estes instrumentos, oportunizando o estudo de como se deve seguir as instruções do manual, ou de que forma se avalia os resultados obtidos pelo indivíduo que fez a testagem.
Entretanto, também foi ressaltado que antes de saber o como fazer uso destas testagens o importante é se apropriar do conteúdo do livro “Neuropsicopedagogia Clínica” da autora Rita Russo, principalmente no capítulo III, intitulado “Dificuldade de Aprendizagem”.
O maravilhoso deste dia foram as contribuições trazidas pelas alunas ressaltando os conhecimentos já enfocados em outras disciplinas do curso, bem como a grande adesão que esta turma teve em fazer a sua carteirinha de associação a Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia (SBNPp), pois desta forma já estão procurando contemplar a seriedade, o profissionalismo e comprometimento ético que a profissão exige, além de ter exclusividade no acesso a todas notícias e artigos sobre a Neuropsicopedagogia.

Referências:

RUSSO, Rita. Neuropsicopedagogia Clínica: Introdução, Conceitos, Teoria e Prática. Curitiba: Juruá, 2015.

SANT’ANNA, Clarice. FULLE, Angelita. Neuropsicopedagogo Pesquisador: A importância da constante formação. In:  Boletim SBNPP- Agosto 2016. Joinville: SBNPp, 2016.

STEIN, Lilian. TED: Teste de Desempenho Escolar: manual para aplicação e interpretação. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2015.


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Auxiliando as crianças no desenvolvimento das funções executivas!

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Ana Lúcia Hennemann¹
Aprender demanda tempo e empenho, se alguém diz que tem facilidade para a aprendizagem, na verdade o que está pessoa está demonstrando é que ela já teve apropriação de demais aprendizagens bases que serviram de estruturas para aprendizagens posteriores.  Por exemplo, vamos pensar no caso de duas crianças: - a primeira, teve estimulação precoce relacionada ao mundo letrado: - familiares liam livros para ela, brincavam com jogos onde havia letras, palavras, números; ela contemplava momentos onde a família utilizava de instrumentos de escrita (bilhetes, cartas, e-mails, etc); brincava de brincadeiras que envolviam rimas, músicas, etc....
- a segunda criança, poderia até ter um lar de boas condições econômicas, entretanto, vamos pensar numa situação em que os familiares não tivessem tempo de ler, jogar, brincar cantar com a mesma, onde esta criança passasse a maior tempo apenas com o estímulo visual-auditivo (assistindo televisão, por exemplo)
Certamente a primeira criança teve a oportunidade de construir uma base de aprendizagem muito mais “estruturada” do que a segunda, o que futuramente lhe dará mais condições para as demais aprendizagens...
Nestas atividades que iniciam no contexto familiar e continuam na escola, sociedade em geral, a criança vai desenvolvendo funções cerebrais imprescindíveis para a aprendizagem: atenção, memória, emoção, planejamento, auto regulação (conseguir regular o comportamento, ter vontade de fazer algo, mas conseguir se manter na atividade atual), funções estas que conhecemos como executivas.
Moriguchi & Hiraki (2013 apud Santos, 2015) nos diz que “As funções executivas (FEs) referem-se ao controle cognitivo de ordem superior necessário para a realização de um objetivo específico”, no entanto precisamos ter o entendimento de que o controle cognitivo de ordem superior é algo complexo que envolvem capacidade de planejar, executar a atividade ao mesmo tempo que lida com demandas e mudanças ambientais. Por exemplo: vamos pensar numa criança que necessita fazer a cópia da atividade do quadro para o caderno, aparentemente é algo muito simples, mas talvez o simples fato do colega do lado pegar um apontador que seja, pode fazer com que a criança se distraia, perca o foco naquilo que estava fazendo, demore para se localizar onde havia parada, etc... por este simples exemplo somos capazes de deduzir o que Cypel (2006, p. 375) elenca como principais fatores do bom funcionamento das funções executivas: “o estado de alerta, a atenção sustentada e seletiva, o tempo de reação, a fluência e a flexibilidade do pensamento”.
As funções executivas englobam também fatores cognitivos, emocionais e sociais pois se faz necessário regular o comportamento para alcançar as metas (ex. terminar de copiar a atividade do quadro), abandonar estratégias ineficazes (se ficar olhando para o apontador do colega o indivíduo não irá terminar a cópia) e se utilizar de ações mais eficientes.
Entretanto, se faz necessário ter o entendimento que um dos principais lobos responsáveis por este controle executivo é o frontal, no entanto há muito mais estruturas envolvidas tais como núcleos de base (striatum), o tálamo, as estruturas límbicas e demais vias que se encontram nestas regiões. Outro aspecto importante, diz respeito a maturação destas estruturas, pois é justamente através da experimentação de diversas situações que esta maturação ocorre com maior propriedade, com maior elaboração. Por isso, que a criança do primeiro exemplo, citada no início do artigo, apresenta muito mais chances de ter suas funções executivas com melhor estado de funcionamento.
No entanto, todas as crianças desde cedo podem ser auxiliadas com brincadeiras simples que aguçam o seu foco atencional e o controle de impulsos e dessa forma vão melhorando o desempenho de suas funções executivas. Por exemplo, a brincadeira de “Morto e vivo” ou então o “Jogo de Estátua Modelo”
No Jogo de Estátua Modelo, as crianças vão dançando ao som de alguma música e o professor vai segurando na mão a ficha com a estátua modelo, ou seja, a posição em que elas devem ficar assim que ouvirem um apito ou não escutarem mais o som da música. Esta atividade faz com que a criança vai executando uma tarefa (dança) e mantenha seu foco atencional no que precisa fazer após (estátua modelo). Nesse sentido elas vão fazendo um planejamento prévio, criando estratégias para alcançar o objetivo final e lógico se não conseguirem ficar na posição prevista devem fazer novas tentativas, que seria a flexibilização da tarefa (replanejamento das estratégias usadas).

Enfim, esta foi apenas uma dica de atividade, mas CENSUPEGe faça lá sua inscrição.
existem várias outras que são estudadas no curso de Neuropsicopedagogia. Então, se achou interessante, acesse a página do

Referência bibliográfica:

CYPEL, S. O papel das funções executivas nos transtornos de aprendizagem. In: ROTTA, N. OHLWEILER, L. RIESGO, R. Transtornos da aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2006.

SANTOS, F., ANDRADE, M, BUENO, O. Neuropsicologia Hoje. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2015. 
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Linguagem – Araranguá - SC

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Ana Lúcia Hennemann¹
A Linguagem é um dos fatores primordiais do desenvolvimento humano. Através dela que nos comunicamos, que expressamos o que queremos, sentimos, que nos relacionamos com outros. Dentro do curso de Neuropsicopedagogia Clínica o enfoque é para a linguagem relacionada à leitura e escrita, pois quando estas não se encontram em pleno funcionamento podemos estar diante de um Transtorno Especifico de Aprendizagem que exige uma boa bagagem de conhecimento para fazer a avaliação e a intervenção.
Desta vez, a disciplina ocorreu em Araranguá, cidade de Santa Catarina. Como já havia mencionado na publicação Habilidades Matemáticas – Araranguá – SC, a cidade é belíssima e possui um maravilhoso ponto turístico que mercê destaque: o balneário Morro dos Conventos.
Embora a cidade já tenha outros profissionais de neuropsicopedagogia formados pelo CENSUPEG, esta é a primeira turma de neuropsicopedagogos clínicos que por sinal estão nas últimas disciplinas do curso, e, justamente no mês em que o “corre-corre” das atividades profissionais é imenso, principalmente para quem atua na área educacional (elaboração de provas, correção, registro de notas, escrita de pareceres, ensaio para apresentação de final de ano, etc) ainda assim há aqueles que encontram tempo para estudar, se aperfeiçoar, buscar subsídios que agreguem valor na melhora da qualidade de vida daqueles com os quais interagem ou futuramente irão interagir.
E por isso, estas pós-graduandas de Araranguá, tiveram que deixar em “modo de espera” o convívio com a família, amigos, atividades profissionais e mantiveram o foco na aula aprendendo a diferenciar quando estamos diante de uma criança que sofreu um processo de “não alfabetização” de uma que tem um Transtorno Específico de Aprendizagem, por isso passamos o dia estudando diversos aspectos que envolvem a Linguagem (Fundamentos, bases neurológicas, desenvolvimento normal e alterações).
O DSM-V nos traz critérios importantíssimos que servem de base para a avaliação da leitura e escrita, bem como, o livro Neuropsicopedagogia Clínica, de Rita Russo, foi referência essencial o qual nos apropriamos do conteúdo do capítulo III, que retrata as dificuldades de aprendizagem e principalmente nos dá subsídios para entender a complexa integração dos processos neurológicos e a evolução das habilidades básicas necessárias para a alfabetização.
Dentre os diversos instrumentos que se encontram para avaliar questões relacionados à Linguagem (Leitura e Escrita) priorizamos o estudo do CONFIAS, que tem como objetivo avaliar a consciência fonológica de forma mais abrangente e sequencial, comparando com o que é esperado com cada hipótese de escrita (psicogênese).
Como forma de aliar todo conhecimento provindo dos referencias teóricos com a pratica clínica, foi proporcionado as alunas atividades práticas, contemplando intervenção relacionada aos pressupostos da prontidão para alfabetização, e também a leitura e escrita.  

Referências:

MOOJEN, Sônia Maria. CONFIAS: Consciência Fonológica: instrumento de Avaliação Sequencial. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007.

RUSSO, Rita. Neuropsicopedagogia Clínica: Introdução, Conceitos, Teoria e Prática. Curitiba: Juruá, 2015.

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Sono: Alicerce da Aprendizagem

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Ana Lúcia Hennemann¹


O sono promova uma espécie de 'entalhamento' das memórias em nosso cérebro, perenizando certas conexões sinápticas em detrimento de outras – Sidarta Ribeiro

Nada mais de deixar sono atrasado e tentar recuperar as horas perdidas nos finais de semana. Dormir tem sido cada vez mais evidenciado pela comunidade cientifica como algo primordial no processo de aprendizagem.
Para aqueles que pensam que a aprendizagem ocorre somente durante o dia, e mais precisamente dentro do contexto acadêmico, saibam que esses são apenas as primeiras etapas da aprendizagem, pois a consolidação da aprendizagem que é o resultado de novas conexões entre as células nervosas e do reforço destas ligações, necessita de tempo e nutrientes, não ocorrendo de imediato.
Entretanto, a segunda e terceira etapa da aprendizagem ocorre durante o sono, onde a consolidação de nossas memórias realmente acontece, pois ocorre a fixação do que foi aprendido e também o preparo do cérebro para novas associações.  É através do sono que as proteínas são sintetizadas com o objetivo de manter ou expandir as redes neuronais relacionados ao aprendizado e memórias. É como se nosso cérebro fizesse uma “releitura” das aprendizagens e confrontasse com aquilo que se encontra “armazenado”, ressignificando-as, em outras palavras é um momento de “backup”.
O sono consolida o crescimento das espinhas dendríticas, que são pequenas saliências de células cerebrais que auxiliam na conexão entre as mesmas, facilitando assim a passagem de informação através das sinapses e desta forma ampliam a memória de longo prazo.
 Dentro do contexto educativo o autor Ausubel menciona que o professor deve partir dos conhecimentos prévios dos alunos. Dentro da neurociência sabe-se que os conhecimentos prévios encontram-se na memória de longa duração, ou seja, nossas aprendizagens, conhecimentos, nossos saberes. O aluno só terá conhecimentos prévios se eles estiverem consolidados na memória. Quanto mais conhecimentos obtivermos mais rápida as próximas aprendizagens acontecem.
Passar horas estudando, como fazem alguns alunos em épocas de exames, não garante o melhor desempenho acadêmico, pois estudar requer fazer conexões com o que estamos aprendendo com aquilo que já sabemos. E conforme dito anteriormente é justamente no sono que estas aprendizagens se consolidam.
O neurocientista Sidarta Ribeiro enfatiza queo sono reverbera, processa, consolida, deleta e reestrutura memórias, mas aquele sono após o almoço também auxilia no processo de aprendizagem, pois ele também faz a reposição/regulação de substâncias químicas que a pessoa gasta quando acordada.
Testes realizados com ratos, feitos pelo professor de neurociência e fisiologia Wen-Biao Gan, evidenciaram de que forma o sono auxilia na aprendizagem. Durante o dia o pesquisador treinou um grupo de ratos numa determinada atividade específica e percebeu que 6 horas após ocorreu o crescimento de espinhas dendríticas. Numa segunda etapa da pesquisa, dividiu o grupo de ratos em dois subgrupos, sendo que o primeiro dormiu logo após o aprendizado de uma nova atividade, e o segundo grupo permaneceu acordado. Na verificação do teste percebeu-se que o grupo que dormiu apresentou maior quantidade de crescimento de espinhas dendríticas, comprovando dessa forma que o sono auxilia a aprendizagem, porém a privação do mesmo pode ser prejudicial.
Valle (2009) ressalta que nossa saúde, a qualidade de vida e a perspectiva de uma vida longa podem depender de boas noites de sono. Entretanto, o importante nem sempre é a quantidade de horas dormidas, mas sim a qualidade das mesmas porque o sono tem a função de melhorar as funções intelectuais regulando o conhecimento e as experiências da pessoa enquanto ela dorme. Nesse sentido, faz-se necessário primar pela qualidade do sono procurando:
- dormir sem luzes, rádio ou televisão ligados, pois estes estimulam alguns de nossos sentidos fazendo com que os neurônios fiquem excitados.
- propiciar um ambiente acolhedor, com temperatura agradável;
- evitar café, cigarro, estimulantes que podem interferir no sono.
- se possível crie uma rotina saudável para dormir, pois é neste momento que são restabelecidas as energias gastas no dia e as mesmas tem grande influência sobre nossas funções vitais e cognitivas.
O sono é um dos alicerces da aprendizagem, e se essa base estiver comprometida, certamente a consolidação de nossos saberes também ficará abalado.

Referências Bibliográficas:
RIBEIRO, Sidarta. Dormir, Comer, Sonhar, Aprender. Em: https://www.youtube.com/watch?v=zDYukQ9Xjak
VALLE, Luiza, VALLE, Eduardo. REIMÃO, Rubens. Sono e aprendizagem. Revista Psicopedagogia, vol 26, nº 80. São Paulo:2009. 
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[1]Especialista em Alfabetização, Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva, Neuropsicopedagogia Clínica e Neuroaprendizagem. - whatsApp - 51 99248-4325
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Como fazer a citação deste artigo:

HENNEMANN, Ana L. Sono: Alicerce da Aprendizagem. Novo Hamburgo, 27 janeiro/ 2017. Disponível online em: http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2017/01/sono-alicerce-da-aprendizagem.html 


Consumo de Ômega-3 melhora o desempenho acadêmico?

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Ana Lúcia Hennemann

Entender e fazer uso do conteúdo proporcionado pelo contexto escolar é um dos aspectos que são avaliados quando se diz que o aluno tem um bom desempenho escolar, pois significa que ele está aprendendo, que está “aumentando a sua capacidade para responder aos estímulos educacionais”.
Os conteúdos escolares são estruturados de acordo com o nível escolar que o aluno se encontra, por exemplo: nas séries iniciais a organização curricular está voltada à alfabetização, ou seja, são proporcionadas noções básicas envolvendo aspectos relacionados à leitura e escrita, numeracia, lateralidade, etc. O mínimo esperado é que o aluno ao final do 3º ano do Ensino Fundamental consiga ter um bom nível de leitura e interpretação e consiga fazer uso disso para os demais contextos...
Todos estes aspectos envolvem diversos fatores, e principalmente, um bom funcionamento cerebral. Por exemplo, para que o aluno consiga decodificar o código linguístico, ou seja, ter apropriação do alfabeto e usar suas variáveis até transformá-lo ou decodificá-lo em textos, se faz necessário que os neurônios envolvidos neste processo passem por uma maturação, uma mielinização, a qual lhe dará maior velocidade no processamento de todas estas informações. Portanto, esses neurônios necessitam ser revestidos com uma espécie de “capa” que faça com que eles consigam “movimentar-se” mais rapidamente para fazer a junção de todas as informações e responder ao estímulo proposto.
Se pensarmos na leitura da palavra “bola”, que pode parecer tão simples, são necessários o processamento de mais de 27 áreas cerebrais para que a leitura realmente tenha fluência e velocidade, pois a aprendizagem desta palavra demandou tempo. Inicialmente, apenas ocorreu a maturação das áreas visuais, pois quando víamos a imagem da palavra percebíamos: um “risquinho” com 2 barriguinhas que significam um som, que vai para área auditiva e depois volta para a área visual e junta um símbolo em formato de círculo que mais tarde entendemos como letra O, e novamente faz esta seleção de sons e riscos com as letras posteriores. Tudo isso explicado numa versão muito grotesca do que realmente acontece, mas ao mesmo tempo nos dá o entendimento de quantos fatores são necessários para que a maturação dos neurônios envolvidos neste processo de leitura ocorra.
No entanto, além de todos estes aspectos há fatores, tais como: qualidade de sono e alimentação. Por exemplo, durante o sono ocorre “o crescimento das espinhas dendríticas, que são pequenas saliências de células cerebrais que auxiliam na conexão entre as mesmas, facilitando assim a passagem de informação através das sinapses e desta forma ampliam a memória de longo prazo. ” (Sono: alicerce da aprendizagem) e também ocorrem aspectos relacionados a “faxina noturna” (HERCULANO-HOUZEL, 2013), ou seja, a remoção de toxinas produzidas pelo organismo celular.
Do mesmo modo que o sono, uma boa alimentação influencia na saúde de nosso cérebro, melhorando o nosso desempenho cognitivo, pois traz mais oxigenação e energia, que são pressupostos básicos para que as informações provindas do ambiente (interno e externo) possam ter maior velocidade no processamento neural.
Quando nosso organismo não tem nutrientes considerados saudáveis para o cérebro, o mesmo vai funcionar também, porém de forma mais lenta. E se pensarmos a longo prazo, numa situação onde há carência demasiada destes nutrientes, podem começar a ocorrer problemas na memória, alterações no humor e consequentemente pioras na retenção de informações.
Uma pesquisa relacionando alimentação e desempenho acadêmico foi realizada com 493 crianças britânicas, na idade entre sete e nove anos, verificando o consumo de Omega-3 e a relação do mesmo com o aprendizado. Os pesquisadores Alex Richardson e Paul Montgomery, professores da Universidade de Oxford, optaram pelo Ômega-3 (EPA[1]e DHA[2]) porque ele é um ácido graxo, popularmente conhecido como “gordura boa”, essencial para um bom funcionamento cerebral.
O ômega 3 pode ser encontrado em peixes (ex.: atum, sardinha, salmão, tilápia, anchova, cavalinha, bacalhau), frutos do mar, algumas algas, na linhaça, na chia, nas nozes, castanhas e amêndoas.
Para verificar o nível de ácido graxo Ômega-3 nas crianças, os pesquisadores fizeram coleta sanguínea através do dedo e entrevistaram os pais investigando o consumo de peixe na dieta das crianças.
Os resultados desta pesquisa, foram publicados em 2013, na revista PLOS ONE e mostraram que todas as crianças que tinham dificuldades em leitura (de acordo com avaliações nacionais) apresentavam baixo índice de Ômega-3 especialmente no que se refere ao DHA, dois terços destas crianças apresentavam um nível de leitura abaixo do seu nível de idade. As crianças que tinham níveis mais elevados de Ômega-3 (principalmente DHA) apresentavam melhores escores na leitura e na memória, bem como menos problemas de comportamento.
As pesquisas com Ômega-3 e sua correlação com o desempenho acadêmico necessitaria ser replicadas com estudantes de populações diferenciadas e também devemos ter o entendimento que existem outras variáveis que influenciam o desempenho acadêmico, portanto é cedo demais para dizer que crianças que carecem de Ômega-3 apresentam dificuldades acadêmicas, mas por outro lado todos sabemos que um bom funcionamento cerebral necessita de bons nutrientes para que possamos realizar as atividades diárias com maior disposição e quando se trata de crianças, cujo sistema nervoso está em fase de desenvolvimento devemos primar por dietas saudáveis que possam lhe dar condições favoráveis  para aprender.

Referências:
EDUCAVITA. Definição de desempenho acadêmico. Disponível online em: https: educavita.blogspot.com.br/2013/12qdefinicao-de-desempenho-academico.html
HERCULANO-HOUZEL, Suzana. Faxina Noturna. 12/11/2013. São Paulo, Jornal Folha de São Paulo, 2013.
HENNEMANN, Ana Lúcia. Sono: Alicerce da Aprendizagem. Disponível online em: http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2017/01/sono-alicerce-da-aprendizagem.html
Universit of Oxford. Low Omega-3 could explain why some children struggle with readingDisponivel online em: http://www.ox.ac.uk/news/2013-09-05-low-omega-3-could-explain-why-some-children-struggle-reading
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Como fazer a citação deste artigo:
HENNEMANN, Ana L. Consumo de Ômega-3 melhora o desempenho acadêmico?.  Novo Hamburgo, 28 janeiro/ 2017. Disponível online em: http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2017/01/consumo-de-omega-3-melhora-o-desempenho.html



[1]EPA (ácido eicosapentaenoico) tem como principal função a proteção das artérias e veias, que, além de ajudar na redução das taxas de colesterol, também protegem nosso corpo de doenças coronárias.
[2]DHA (ácido docosahexaenóico) aumenta a concentração de fosofolipídios das células de nossos olhos, tecidos e cérebro, melhorando assim toda a atividade neurotransmissora e também a memória do indivíduo.

O “Bruxo da Matemática” na Intervenção Neuropsicopedagógica

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Ana Lúcia Hennemann¹

O uso de games no contexto clínico tem se tornado cada vez mais habitual. Para aqueles que desconhecem o trabalho realizado neste setting, ou seja, local de atendimento, num primeiro momento pode parecer apenas uma aproximação do clínico com a realidade vivenciada pelo consulente, contudo há muito mais elementos que permeiam esta interação.
Um bom exemplo disso é o jogo Pearls before swine conhecido como “Bruxo da Matemática”, indicado como intervenção neuropsicopedagógica no contexto da matemática, mas que também pode ser utilizado como excelente no auxílio para o desenvolvimento das funções executivas...
O jogo consiste na interação indivíduo X máquina que tem como avatar um bruxo, onde o mesmo mostra a sua mão com três fileiras de pérolas. Na primeira linha de pérolas há cinco unidades, na segunda quatro e a terceira com três. O bruxo mostra apenas quatro dedos, sendo que três deles contém palavras com as ordens do jogo, por exemplo:  no dedo indicador está escrita a palavra “new”, significando que vai começar o jogo; no dedo médio, a palavra “go”,significando que o jogador está passando a vez; e no dedo mínimo, a palavra “quit”, que significa que o jogador desistiu do jogo.
O jogador poderá clicar em uma das fileiras de pérolas e tirar quantas pérolas quiser e em seguida clicar em “go”, que passará a vez para o adversário. Ambos irão jogando sucessivamente até que o jogo termine e então basta clicar em “new” para recomeçar tudo novamente. O uso de palavras em inglês também pode servir de objeto de estudo, auxiliando a ampliação do vocabulário infantil.
Algumas habilidades matemáticas podem ser exploradas através destas jogadas, por exemplo: contagem, seriação, par e ímpar, relação termo a termo, subtração, inclusive após o jogo virtual pode-se fazer uma versão analógica do jogo, o que permite que o indivíduo tenha uma planificação diferenciada do jogo.
No entanto, o objetivo do jogo é fazer com que o bruxo tire a última pérola, o que significaria que o ele foi derrotado no jogo. Mas, isso não é tão fácil, pois exige muita concentração, atenção, um plano estratégico e um bom raciocínio lógico, que nos arremete ao desenvolvimento das funções executivas que também é um dos aspectos que é trabalhado no atendimento neuropsicopedagógico.
Segundo Lezak (2004 apud Saboya 2007) as funções executivas abrangem 4 domínios que necessitam ser bem trabalhados: volição, planejamento, ação propositiva e monitoramento, que seria o desempenho efetivo.
A volição diz respeito aos aspectos relacionados à intenção, iniciativa e motivação, então relacionado ao jogo, pode-se ter a percepção se o indivíduo consegue ter uma inciativa, se ele tem motivação, ou seja, algo que o faça querer jogar, por exemplo: vencer o jogo. Mas apenas ter o objetivo de vencer o jogo não basta, se faz necessário ter a iniciativa de jogar.
O planejamento fará menção aos aspectos relacionados às capacidades de tomada de decisão e julgamento, ou seja, decidir e estabelecer estratégias observando o que é prioritário no momento, apresentando controle de impulsos.
A ação propositiva prioriza aspectos relacionados ao controle inibitório, flexibilidade cognitiva e processos atencionais.  Aqui é necessário que se inicie, mantenha, modifique ou interrompa um conjunto complexo de ações e atitudes organizadamente. Por exemplo, se o indivíduo participou de uma rodada do jogo e não venceu, se faz necessário que ele modifique as ações feitas anteriormente para que numa próxima tentativa possa conseguir o êxito.
E por fim, o desempenho efetivo que faz menção aos aspectos associados à utilização de feedbacks para o ajuste de respostas (cognitivo-comportamentais), de modo a tornar as mesmas mais adequadas ao contexto. O indivíduo, pode aqui fazer uso da metacognição, ou seja, pensar sobre o pensar, ele vai monitorando o que deu certo e reutilizando estas estratégias de forma mais eficaz.
Há de se ter o entendimento que sair vencedor de qualquer jogo, nem sempre acontece num mesmo dia, as vezes este jogo pode levar mais tempo, horas, dias, e aí a importância do indivíduo explorar de diferentes formas as estratégias já utilizadas e que não tiveram êxito. O importante para ter êxito no jogo ou em qualquer tarefa é saber fazer uso dos domínios executivos que envolvam volição, planejamento, ação propositiva e monitoramento.

Referências:
MENEZES, Josinalva. Atividades interdisciplinares com jogos virtuais para o ensino da matemática. 2006. Disponível online em: http://www.comunidadesvirtuais.pro.br/seminario2/trabalhos/josinalvamenezes_josivaldobrito.pdf
RUSSO, Rita Margarida Toler. Neuropsicopedagogia clínica: introdução, conceitos, teoria e prática. Curitiba: Juruá, 2015.
SABOYA, Eloisa (et al). Disfunção executiva como uma medida de funcionalidade em adultos com TDAH. Jornal Brasileiro de Psiquiatria.  vol.56 suppl.1 Rio de Janeiro 2007. Disponível online em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0047-20852007000500007


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[1]Especialista em Alfabetização, Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva, Neuropsicopedagogia Clínica e Neuroaprendizagem. - whatsApp - 51 99248-4325
Como fazer a citação deste artigo:

HENNEMANN, Ana L. O “Bruxo da Matemática” na Intervenção Neuropsicopedagógica.  Novo Hamburgo, 02 fevereiro/ 2017. Disponível online em: http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2017/02/o-bruxo-da-matematica-na-intervencao.html

Uma empresa chamada cérebro

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Funções executivas para uma vida de sucesso!
Ana Lúcia Hennemann[1]

     Como nosso cérebro faz associações, se alguém ler a expressão “Funções executivas” sem ter conhecimento prévio do assunto, vai lembrar de? Isso mesmo, num primeiro momento lembrará a imagem de algum executivo ou algo ligado à organização empresarial. Digamos que a associação está parcialmente correta, pois tais funções localizam-se dentro de uma “grande empresa”: seu cérebro.
     As Funções Executivas referem-se a um conjunto de habilidades mentais que trabalham de modo cooperativo para ajudar as pessoas a alcançarem metas. Estas habilidades são coordenadas pelo córtex pré-frontal, sendo que a região dorsolateral responsabiliza-se pelo planejamento e a flexibilidade do comportamento; a região medial pelas atividades de autorregulação e da correção de erros; região orbitofrontal se encarrega da avaliação dos riscos envolvidos em determinadas ações e da inibição de respostas inapropriadas.
   Guerra (2011, p.92) salienta que: “Como as histórias individuais são diferentes, também o desenvolvimento das funções executivas terá́ trajetórias desiguais para cada pessoa, e as habilidades adquiridas serão provavelmente distintas.”
     Numa concepção neuropsicológica, pode-se dizer que estas funções compreendem fenômenos de flexibilidade cognitiva e tomada de decisões. Por exemplo: Vamos pensar em algumas capacidades que crianças/adultos precisariam ter interagindo num jogo de memória: - gerir o tempo e atenção; - controle de foco; planejar e organizar jogadas (isso exige flexibilidade, pois terá que mudar suas ações conforme a jogada do outro); lembrar-se de detalhes; inibir o comportamento (a criança tem de ter controle inibitório, ela para tudo o que está fazendo e deixa a outra criança ter a vez); integrar experiências passadas com o presente (ou seja, construir estratégias para ter um desempenho no jogo).
     O exemplo do jogo, pode ser aplicado a qualquer outra atividade que realizamos no dia-a-dia, pois ter o bom funcionamento de nossas funções executivas nos permitem maior desempenho em tudo que fizermos.
   Quando um indivíduo apresenta déficit nestas funções, o comportamento/desempenho torna-se ineficiente afetando a capacidade de manter relações sociais adequadas, pois precisamos ser aptos a trabalhar efetivamente com os outros, com as distrações, ou seja, com as múltiplas demandas provindas do meio. Porém, conforme Guerra (2011, p.89) existem indivíduos que apresentam “disfunções executivas”, ou seja:
 Indivíduos com lesões pré-frontais podem apresentar uma série de problemas que caracterizam as chamadas “disfunções executivas”. Alguns, embora apresentem um nível de inteligência inalterado, podem se tornar apáticos e serem incapazes de tomar decisões necessárias no dia a dia. Ou as tomam de uma forma desastrada, que não leva em conta prioridades, consequências ou os riscos envolvidos, além de não conseguirem perceber e avaliar os próprios erros. Outros podem ser impulsivos, incapazes de inibir comportamentos inadequados ou de flexibilizar sua conduta, mesmo constatando que suas ações não levam ao objetivo determinado. Podem ter uma tendência a perseverar, ou insistir em ações já em andamento, mesmo que elas se mostrem ineficientes, ou podem deixar de avaliar as consequências de suas ações no futuro e comportar-se de forma inadequada e antissocial."

     Distúrbios e transtornos tais como TDAH (Transtornos de Déficit de Atenção e Hiperatividade), TID (Transtornos Invasivos do Desenvolvimento), TGD (Transtornos Globais do Desenvolvimento) ou vítimas de lesões cerebrais traumáticas podem apresentar dificuldades nas funções executivas, por causa das alterações na área pré-frontal, mas com o auxílio de profissionais , tais como psicólogos (neuropsicólogos), psicopedagogo (neuropsicopedagogo), entre outros, há possibilidades de realizar atividades que auxiliem no melhor desempenho das funções executivas.
    Suponha que um indivíduo tenha um trabalho acadêmico a ser apresentado num período de 10 dias, mas apenas um dia anterior comece a organizá-lo. Ou quem sabe, nem o faça.  Se pensarmos em questões de organização, o ideal seria iniciar uns dias antes, mas, para isso, é preciso disciplina, autorregulação, ou seja, dizer não para algumas coisas que são desnecessárias e sim para o que realmente é essencial.
     Imagine: uma criança recebeu um dinheiro x para comprar seu lanche ou algum material escolar de que necessita, mas no percurso para a escola viu algum brinquedo e resolveu gastar seu dinheiro com o mesmo.... Ficou sem lanche, gastou desnecessariamente... Talvez você pense: - mas é só uma criança!!!
     O fato é que a construção do bom desempenho das funções executivas inicia-se “no berço”. Cada fase da vida exige o aprimoramento destas funções, pois se não desenvolvermos essas habilidades durante a infância e adolescência, estaremos fadados a ter sérios problemas quando adultos: seja para manter um emprego, manter um casamento, criar filhos, relacionar-nos com os outros, interagir em sociedade.
   Vejamos outro exemplo: um adulto que tem um dinheiro x para sobreviver durante um certo período de tempo, mas gastou este dinheiro. Encontrou comprando algo que supôs interessante e acabou sem recursos financeiros. Gastou, mais uma vez, desnecessariamente... Todos os exemplos, alertam para a importância de funções executivas bem desenvolvidas.
     Como pais e professores podemos auxiliar e muito no desenvolvimento destas funções, pautados na organização (regras) e metacognição (pensar sobre o pensar). O simples fato de criar rotinas e regras pré-estabelecidas servem de grande auxilio, mas se faz necessário, juntamente com as crianças/adolescentes o “sentipensar” sobre as ações e atitudes que tiveram em determinada situação, promovem a metacognição = o que foi feito, que ações/estratégias usei, quais os resultados, o que posso fazer diferente numa próxima oportunidade.
     Nesse sentido, Guerra (2011) mencionando Gardner, nos diz que muito se fala sobre o aprender a aprender, entretanto pouco se ensina como realmente aprender, mas se quisermos bom desempenho na vida, precisamos de um bom funcionamento de nossas funções executivas e só conseguiremos isso quando praticarmos o exercício da metacognição revendo constantemente nossas metas, estratégias e possibilidades de readaptações,  assim nossa aprendizagem se mostra muito mais eficaz, pois numa concepção neurobiológica “aprender é modificar comportamentos”. 

Fonte: COSENZA, Ramon. GUERRA, Leonor. Neurociência e Educação– Porto Alegre: Artmed, 2011.
Como fazer a citação deste artigo:

HENNEMANN, Ana L.  Uma empresa chamada cérebro. Novo Hamburgo, 08 fevereiro/ 2017. Disponível online em:  http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2017/02/uma-empresa-chamada-cerebro.html 





[1] Especialista em Alfabetização, Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva, Neuropsicopedagogia Clínica e Neuroaprendizagem. - whatsApp - 51 99248-4325

Neuropsicopedagogia e Aprendizagem

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Ana Lúcia Hennemann[1]

A aprendizagem, ao longo da história da humanidade, sempre se mostrou um fator inquietante e elemento de profundas reflexões nas mais diversas áreas do saber. Inquietações que acompanharam Aristóteles, filósofo grego, estudioso de diversas ciências e como muitos de nós, apaixonado pela biologia. Desprovido de toda e qualquer tecnologia da atualidade, apenas com os rudimentares instrumentos da época, Aristóteles cria hipóteses sobre a natureza da lembrança e dos esquecimentos, os quais deram origem a grande número de experimentos na área da aprendizagem. O ato de aprender, de construir conhecimento, já fazia parte do olhar investigativo deste grego e retratava a construção do que já era um esboço das atuais pesquisas em neurociências: “[...]segundo Aristóteles, o conhecimento se constitui de uma série de filtragens, seleções e estruturações progressivas, que começam nos sentidos (na experiência) e culminam na estruturação racional do conhecimento. ” (DE CARVALHO 1996, p. 67-68)
Se Aristóteles, séculos antes, percebeu que os sentidos eram a porta de entrada da aprendizagem, Jean Piaget, atravessa a porta e descreve como ela se transforma em conhecimento. Além dos sentidos, que perpassam o sujeito, é preciso mais, é necessário a interação com o objeto, ou seja, a aprendizagem requer a interação do sujeito com o objeto (com tudo aquilo que não é o sujeito), e cada nova aprendizagem vai servindo de estrutura para novos conhecimentos, por isso, através de Piaget, podemos ter o entendimento de que a “ação”é elemento essencial da aprendizagem. Não há construção do saber, sem interação com o objeto de estudo, sem a experimentação, sem a ação. Nesse sentido Lima (1980, p.130) enfatiza:
Piaget chega a afirmar, paradoxalmente, que “tudo que se ensina à criança impede que ela invente ou descubra por si mesma” (o que a criança descobre ou inventa por si mesma, reestrutura, fundamentalmente, suas atividades motora, verbal e mental).

A aprendizagem pode ser sim algo complexo, repleta de descobertas e reestruturações, mas também existe simplicidade no aprender, há chaves que abrem este segredo. Chaves que aparecem através da descoberta de vias da aprendizagem e memória em moluscos, estudos realizados por Eric Kandel, Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina. Kandel, nos mostra que a base do aprendizado está na criação e no fortalecimento de conexões entre os neurônios. Se o estímulo é fraco, a aprendizagem não se consolida, se o estímulo é forte, há alteração nas células nervosas e estas geram uma mudança. Podemos dizer que sempre ocorre  aprendizagem, no entanto ela só “cria raízes” no momento em que se transforma numa memória. Riesgo (2016, p.9), ao falar de aprendizado afirma que:  “Quando chega ao SNC[2]uma informação inteiramente nova, ela nada evoca, mas produz uma mudança na estrutura e/ou na função do SNC – isto é aprendizado, do ponto de vista estreitamente neurobiológico.”
Aprendizagens são chaves para mudanças, mas para toda chave, se faz necessário uma fechadura que podem ser o simbolismo de sentimentos e emoções. Então, surge Damásio e nos mostra que não há como separar “razão da emoção”. A aprendizagem passa pela esfera da emoção, não há como aprender sem sentir o gostinho do tempero da emoção, pois conforme Oliveira (2013) “em um nível básico, as emoções são parte da regulação homeostática e constituem-se como um poderoso mecanismo de aprendizagem”.
E assim, com o auxílio de chaves, portas e fechaduras, a aprendizagem foi mapeada e resultou num grande mapa representado por todo nosso sistema nervoso, que reduzidamente intitulamos “cérebro”. O processo de aprender envolve a decodificação do mesmo e entendimento que estamos diante de um mapa moldável, onde cada indivíduo vai se modificando conforme as modificações ambientais.
O ato de aprender, expertise do nosso cérebro, inquietou Aristóteles, Piaget, Kandel, Damásio e tantos outros que promovem ciência, desacomodou aqueles que transitam pela educação, desacomodou um grupo de pesquisadores que os fizera pensar numa nova ciência focada na aprendizagem. Uma ciência, descrita pela SBNPp[3](2016), que transitasse pela psicologia cognitiva, pedagogia e neurociência aplicada à educação, que fosse desse modo transdisciplinar, que trouxesse respostas não somente para aqueles que aprendem tivessem facilidade em aprender, mas também proporcionasse aprendizagem a todos aqueles que se veem diante de algum empecilho.
Se há uma fisiologia da aprendizagem, o porquê não a trazer para a educação? O porquê não tornar a aprendizagem mais eficaz? E assim novamente a inquietação promoveu mudanças, e eis que surge a Neuropsicopedagogia que traz um novo olhar para a aprendizagem, um olhar que é capaz de reconhecer as limitações, mas também enxergar todas as capacidades do indivíduo. Não há como pensar em aprendizagem sem ter o entendimento de onde ela se localiza em nosso sistema nervoso, de qual a metodologia mais eficaz para determinado indivíduo e o porquê ela se consolida ou não nas memórias de cada um.
Neuropsicopedagogos são profissionais da Neuropsicopedagogia, que têm o compromisso com a constante busca do saber, do aprimoramento, de melhorar o ensino-aprendizagem e ter conhecimento sobre o neurodesenvolvimento do indivíduo, pois dessa forma “permite a utilização de teorias e práticas pedagógicas que levem em conta a base biológica e os mecanismos neurofuncionais, otimizando as capacidades do seu aluno” (OLIVEIRA, 2014, p.16) e também de seus pacientes.
O neuropsicopedagogo, trabalhando em conjunto com demais profissionais, procurará identificar o que realmente é importante para o educando, o que levará o mesmo a possíveis reestruturações cerebrais: - somente socialização?; - aprendizado de letras, palavras, frases?; - melhoria na coordenação motora?; - estimulação sensorial?; enfim, diante cada situação, se faz necessário criar uma estratégia de reabilitação do indivíduo. Por mínimas que sejam as condições, ainda assim, o foco tem que ser na potencialidade do indivíduo, mas também ter consciência de suas limitações, sejam momentâneas ou não.
A Neuropsicopedagogia entende que por mais simples que possa parecer a aprendizagem diante aos olhares de outros, por exemplo: a aprendizagem do simples ato de conseguir tirar o material escolar de dentro de uma mochila; esta aprendizagem provocou mudanças na organização funcional e anatômica do indivíduo, pois houve a construção de novas conexões entre os dendritos de diferentes neurônios, localizados em diferentes regiões cerebrais, e cada vez que este indivíduo chega à escola, ou mesmo à sua casa, ele por si só conseguirá pegar um lápis, um caderno, sem que outros o façam por ele.
Isto é aprendizagem, isto é provocar mudanças, é entender que a partir deste ato se abrem possibilidades para novas aprendizagens, que talvez alguns indivíduos, nunca cheguem ao aprendizado de escrever um livro, mas o simples fato de sozinho pegá-lo em suas mãos, talvez folheá-lo, já é digno de aplausos.

Referências Bibliográficas:

DE CARVALHO, Olavo. Aristóteles em Nova Perspectiva. Rio de Janeiro: TOPBOOKS, 1996.

LIMA, Lauro de Oliveira. Piaget para principiantes. São Paulo: Summus, 1980.

OLIVEIRA, Nythamar. Damásio, Neurociência e Neurofilosofia. Porto Alegre, Fronteiras do Pensamento, 2013. Disponível online em: http://www.fronteiras.com/artigos/damasio-neurociencia-e-neurofilosofia. Acesso em 12/07/2016.

OLIVEIRA, Gilberto Gonçalves de. Neurociências e os processos educativos: um saber necessário na formação de professores. Educação Unisinos. V. 18, número 1, jan/abr 2014

RIESGO, Rudimar. Anatomia da Aprendizagem. In. ROTTA; OHLWEILER; RIESGO [et al]. Transtornos da Aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidisciplinar. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.

SBNPp. O que é Neuropsicopedagogia?Joinville: Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia, 2016.  Disponível online em: http://www.sbnpp.com.br/o-que-e-neuropsicopedagogia/ Acesso em 14/07/2016.

Como fazer a citação deste artigo:

HENNEMANN, Ana L. Neuropsicopedagogia e Aprendizagem. Novo Hamburgo, 12 fevereiro/ 2017. Disponível online em:  http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2017/02/neuropsicopedagogia-e-aprendizagem.html





[1] Especialista em Alfabetização/Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva/Neuropsicopedagogia Clinica/Neuroaprendizagem WhatsApp +55 51 992484325   
[2]SNC – Sistema Nervoso Central
[3]SBNPp – Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia 

Estágio Supervisionado III – Tubarão SC

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Estágio em Neuropsicopedagogia Clínica

"Trate um homem como ele é, e continuará sendo como é. Trate-o como ele pode e deve ser, e ele se tornará o que pode e deve ser".
 Goethe

O curso de Neuropsicopedagogia Clínica do Censupeg é atualmente organizado em uma grade curricular com 600 horas/aula, sendo que 135 horas são destinadas ao estágio.  Praticamente são seis meses de atuação no contexto clínico. Seis meses, nos quais os alunos iguais as crianças no findar de seu primeiro ano de vida, vão experimentar seus primeiros passos e nós como professores, representantes da instituição Censupeg nos faremos presentes.
Primeiros passos são instigantes, despertam o desejo de ir além, servem de suporte para que no futuro nossa caminhada se torne mais ágil. Entretanto, num primeiro momento estes passos podem acontecer de modo desequilibrado, com doses de medo, sensação de insegurança, porém, tal qual os pais fazem com as crianças, que se mostram receosas diante o medo da queda, nós professores, nos posicionamos um passo a frente de nossos estagiários, olhamos em seus olhos ao mesmo tempo que estendemos os braços e dizemos: - “Vem, você consegue!”
E é com este sentimento de pais que se emocionam ao perceber que seu filho já está andando sozinho, nos orgulhamos também ao perceber que nossa primeira turma de Neuropsicopedagogia Clínica da cidade de Tubarão (SC) já deu seus primeiros passos.
Para 18 pós-graduandas da instituição Censupeg, o sábado do dia 18 de fevereiro será marcado com o sentimento de muita alegria, pois nesta data fizeram o relato de suas primeiras experiências como neuropsicopedagogas clínicas, o relato de seus primeiros passos.
Isso mesmo, cada aluna em seu estágio se responsabilizou por um consulente, um estudo de caso, ou seja, alguém para quem pudessem fazer alguma diferença, para quem pudessem olhar através da realidade o qual este se encontrasse e pudesse lhe apontar caminhos. Mas não caminhos pautados no achismo, mas sim caminhos pautados em muito estudo, em resolução de hipóteses, em troca de saberes com outros profissionais.
Nossas estagiárias tiveram que olhar para cada consulente e não ver apenas o óbvio que todos que estão a volta dele veem, porque apenas ver o óbvio não provoca mudanças, se fez necessário ver além, ver o que fazer a partir daquilo que está sendo evidenciado. E eis aí o motivo de nossa alegria, o motivo de nossa euforia, pois ao receberem o retorno da escola ou dos familiares de que algo estava mudando com aquele indivíduo, isso sim é sinal de dever cumprido. Sinal de que todos vencemos!
E nossos agradecimentos se estendem além das fronteiras do contexto Censupeg, pois dessa vez tivemos a oportunidade de contar com o apoio da Clínica de Psicologia Sistêmica ((48) 9938-3656) que recebeu de braços abertos nossas estagiárias, um gesto de bondade que mostra toda a grandeza de amor e caráter do Sr Jucemar Honório, proprietário da clínica. Gesto esse que me fez lembrar das palavras do presidente do Censupeg Sandro Albino Albano: [...] o que não pode faltar em educação é amor e caráter e quando aprendemos que fazer o bem é muito gostoso [...] que ajudar aos outros deixa um perfume em suas mãos, a gente vai verdadeiramente aprender que é possível fazer um mundo melhor, como a gente já está fazendo. 

“Pseudo”- transtornos específicos de aprendizagem

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Ana Lúcia Hennemann[1]

Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas graças a Deus, não sou o que era antes. (Marthin Luther King)

Toda criança ao cursar os primeiros anos de escolaridade formal evoca, naqueles que interagem com ela, expectativas relacionadas ao processo de aprendizagem. Será um período de continuidade do todo o trabalho já desenvolvido na Educação Infantil, no qual a criança no findar dos três primeiros anos do Ensino Fundamental I deverá ter condições de ler, escrever, interpretar, calcular, ou seja, adquirir habilidades básicas que servirão de suporte para os demais anos acadêmicos.
Enfatizamos uma educação que tenha o olhar na individualidade do aluno, mas também é na escola que as crianças estão inseridas num ambiente de coletividade e muitas vezes os seus pares (seus colegas) é que servem de parâmetro para identificar como está o processo de aprendizagem de cada indivíduo. E quando esta aprendizagem se mostra mais lenta comparada aos demais, se faz necessário um olhar mais abrangente dos profissionais da educação principalmente procurando investigar se há ou não critérios que sinalizam um Transtorno Específico de Aprendizagem.
Os Transtornos específicos de aprendizagem são aqueles onde há déficits específicos relacionados a capacidade do indivíduo perceber ou processar informações com eficiência e precisão. Eles geralmente se manifestam durante os primeiros anos de escolaridade formal, cujas características marcantes são as dificuldades persistentes e prejudiciais nas habilidades acadêmicas de leitura, escrita  e/ou  matemática.
Numa leitura superficial, certamente muitas crianças poderiam aí ser classificadas; e percebe-se que muitas delas são enviadas ao atendimento especializado pautados nas dificuldades persistentes das habilidades acadêmicas. O DSM-V (Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais), que inicialmente era material de referência para aqueles que trabalham na área da saúde, atualmente, tem se mostrado leitura obrigatória para todos aqueles que atuam na área educacional principalmente porque nele há a descrição detalhada dos Transtornos específicos de aprendizagem.
O DSM-V, traz critérios de classificação destes transtornos, subdivididos em 4 níveis e especificados em subitens, o que faz com se tenha bem claro a diferença entre crianças com dificuldades das que realmente apresentam transtornos. Por exemplo: logo no critério A, existe a questão dos sintomas a serem elencados persistirem durante 6 meses APÓS INTERVENÇÃO.
Não há muita clareza, sobre quais os tipos de intervenções a serem realizadas, no entanto elas abrangem desde o contexto educacional e até mesmo o clínico. Mousinho e Navas (2016, p. 39) observam que
O texto que inicia o critério A traz uma das maiores novidades dessa edição do DSM para os transtornos específicos de aprendizagem, que é a inclusão da proposta de resposta à intervenção (response to intervention – RTI). Trata-se de um modelo em que o diagnóstico não é dado a priori; inicialmente, pode ser estabelecida uma hipótese diagnóstica, que deve ser confirmada após um período de intervenção eficaz e cientificamente embasada.
Quando a criança não está aprendendo devemos sim, investir em todos recursos necessários para entender o que está dificultando a sua aprendizagem, contudo, como professores não podemos nos eximir do nosso dever de ensinar e também proporcionar qualidade neste ensino para que a mesma venha obter resultados satisfatórios. Cada indivíduo tem seu próprio ritmo de aprendizagem, sendo que muitas vezes isto é desconsiderado, avaliando todos utilizando-se de mesmo critérios. Por exemplo: digamos que uma criança provenha de um lar onde não há estímulo para a leitura, onde talvez a linguagem entre os moradores deste local seja pobre de conteúdo e não exista hábitos de estudo. Certamente, esta criança vai apresentar um ritmo de aprendizagem diferente das crianças que tenham qualidade de estímulos, talvez a escrita dela apresente frases curtas e com muitos erros ortográficos, mas isto não quer dizer que ela tenha um transtorno de aprendizagem, mas sim que ela necessita de maior intervenção pedagógica. E o interessante aqui é verificar o quanto esta criança, ao longo do tempo, melhorou seu desempenho acadêmico usando como parâmetro ela mesma.
Salles et al (2013) em seu artigo “Normas de desempenho em tarefa de leitura de palavras/pseudopalavras isoladas (LPI) para crianças de 1º ano a 7º ano” comprovam que o desempenho das crianças em leitura melhora no decorrer dos anos escolares, através de boas intervenções. E também outro dado significativo deste artigo é que crianças de escolas públicas no primeiro ano de educação formal apresentam índices mais baixos de leitura comparadas às de escola privada, no entanto quando chegam ao final do terceiro ano, o desempenho delas se igualam, o que nos leva a perceber o quanto a educação promove a neuroplasticidade das crianças, ou seja, é o “meio modificando o meio”.
Jaime Luiz Zorzi, em seu livro “Aprendizagem e distúrbios da linguagem escrita: Questões clínicas e educacionais” utiliza uma expressão que há muito tempo me inquieta e tem sido fruto de longas reflexões e debates com outros colegas da área. O autor menciona sobre os “Pseudo Distúrbios de Aprendizagem”, ou seja, quando todas as deficiências do ensino aprendizagem são depositadas no aprendente. Como o livro foi publicado em 2003, e o DSM-V em 2013, poderíamos dizer que Zorzi faz menção aos “Pseudo- transtornos específicos de aprendizagem”
Pseudo transtornos de aprendizagem ocorrem quando deixamos de proporcionar nosso melhor na educação, quando pensamos que cada criança tem seu tempo de aprender e nos “poupamos” de prover recursos que promovam a aprendizagem desta criança.
Esta situação nos faz perceber o quanto se faz necessário qualificar ainda mais os profissionais que trabalham nos anos iniciais, que são os voltados ao período de alfabetização e isto não se redireciona somente a leitura e escrita, mas sim a todos os comprometimentos que envolvem este contexto.
 A educação escolar poderia ser comparada como a construção de um edifício onde a educação infantil deveria se preocupar com todo a estrutura que fica abaixo da terra, que dará o suporte para as etapas posteriores do prédio, mas logo em seguida, se as primeiras paredes não forem bem assentadas, que é justamente o papel dos anos iniciais, este prédio pode não resistir aos primeiros vendavais, trepidações e assim por diante. Os andares posteriores do prédio correspondem ao ensino fundamental, ensino médio, graduação, pós-graduação ou seja, cada andar necessita ser bem-acabado para dar suporte ao próximo. Mas também temos que ter o entendimento que se ocorreram lacunas de anos anteriores, não adianta procurar quem falhou, mas sim, quais são as falhas e de que modo elas podem ser remediadas, pois educação é acima de tudo investimento no ser humano.
Devemos lembrar que existem sim, transtornos de aprendizagem, mas jamais devemos confundi-los com os pseudo transtornos, como forma de justificar algo que deixamos de fazer.

Referências Bibliográficas:

MOUSINHO, Renata, NAVAS, Ana. Mudanças apontadas no DSM-5 em relação aos Transtornos Específicos de Aprendizagem em leitura e escrita. Disponível online em:http://www.abp.org.br/rdp16/03/RDP_3_201604.pdf

SALLES, Jerusa. Et al. Normas de desempenho em tarefa de leitura de palavras/pseudopalavras isoladas (LPI) para crianças de 1º ano a 7º ano.Disponível online em: http://www.revispsi.uerj.br/v13n2/artigos/pdf/v13n2a02.pdf

ZORZI, Jaime. Aprendizagem e distúrbios da linguagem escrita: Questões clínicas e educacionais. Porto Alegre, Artmed, 2003.

Como fazer a citação deste artigo:

HENNEMANN, Ana L.  “Pseudo”- transtornos específicos de aprendizagem. Novo Hamburgo, 23 fevereiro/ 2017. Disponível online em:  http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2017/02/pseudo-transtornos-especificos-de.html







[1]Especialista em Alfabetização, Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva, Neuropsicopedagogia Clínica e Neuroaprendizagem.  Professora de Pós-Graduação pelo CENSUPEG / Membro do Conselho Técnico Profissional da SBNPp  - whatsApp - 51 99248-4325

Pão e circo cativando seus neurônios-espelho

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Ana Lúcia Hennemann[1]

“[...] quanto mais ele contempla, menos vive; quanto mais aceita reconhece-se nas imagens dominantes da necessidade, menos ele compreende a sua própria existência e o seu próprio desejo.” Guy Debort

      Já aconteceu com você estar passando por algum local e de repente uma ou duas pessoas começam a olhar para algum ponto no céu e sem perceber você imita o gesto? É algo instintivo. Há um vídeo no youtube intitulado “Face the Rear” que retrata o seguinte cenário: alguém entra no elevador e em seguida 2 ou 3 atores entram e se posicionam de costas, inicialmente a pessoa olha com indignação, mas aos poucos o indivíduo vai virando e fica na mesma posição que os demais.
Imagem: Revista MeuCérebro/ Fev_2015
       Já imaginou se alguém ou um grupo se utilizasse de todo esse conhecimento para uma grande massa social? Induzissem pessoas a imitarem outras? Chorar quando outras chorassem, rir quando elas rissem, ficar indignado se elas passassem por situações de injustiça, enfim se preocuparem com a vida alheia e esquecer suas próprias vidas? Pois bem, isso aconteceu há muito tempo em Roma e ficou conhecida como a política do “Pão e Circo”.
        O povo trabalhava demais para sustentar o luxo de poucos; a comida escassa, mas recebiam trigo gratuitamente, então satisfazia as necessidades básicas; haviam livros, entretanto apenas alguns dominavam a arte da leitura. Os mais ousados começaram a criticar a forma de governo e perguntar sobre o valor dos impostos arrecadados; os reis, governantes da época perceberam a desmotivação e entenderam que precisavam agir, não poderiam abdicar de todo aquele luxo para satisfazer as vontades alheias.
       Naquele tempo não se entendia nada sobre cérebros humanos, de como se processava os pensamentos, de neurônios-espelho, rapport, empatia, projeção, mas era necessário modificar o padrão de pensamento, as conexões neurais daqueles indivíduos, caso contrário a insatisfação iria tomar conta de seus corpos e como eram muitos poderiam acabar com o privilégio da minoria.
        Os governantes reuniram-se e logo concluíram que o povo precisava de entretenimento, algo com o que se identificassem, sofredores, guerreiros em busca de vitória, liberdade, desejo de vencer a todo custo. Mas não eram todos que venceriam, somente alguns, aqueles que conquistassem a admiração de todos e mostrassem garra para esta conquista...e foi assim que corpos esculpidos apareceram em plateias de 50.000 mil a 90.000 mil espectadores. Em troca da tão sonhada liberdade, presentes caros, fama e glória, os gladiadores submetiam-se às exposições vis e banhadas de sangue e suor. E o povo ali, apenas dando uma espiadinha, rindo, divertindo-se em família, achando graça do infortúnio alheio. Projetando seus sonhos, suas necessidades, esquecendo suas angústias.
      Aos poucos, o sentimento de descontentamento era trocado pelo desejo de ver quem sairia vitorioso na próxima batalha, quem seria derrotado pelos demais, alguns criticavam toda essa artimanha, mas eles já não tinham voz, pois o povo em geral estava feliz.  Mas lógico, isso tudo ocorreu num século onde as pessoas da época não tinham os recursos e conhecimentos que temos na atualidade para entender todo o entorno que se passa por trás dos bastidores.
       No século XXI, o cenário modificou, mas as estratégias usadas no primeiro século continuam as mesmas: “Pão e circo” ativando os neurônios-espelho! Dentro do nosso cérebro temos regiões especificas que quando ativadas faz com que sentimos emoções e sentimentos de outros como se fossem nossos. É o sentir com o outro e como o outro. Estas células especializadas nos fazem perceber expressões, sentimentos e antever reações de outros indivíduos. Conforme o neurocientista Rizzolatti:  "Os neurônios-espelho nos permitem captar a mente dos outros não por meio do raciocínio conceitual, mas pela simulação direta. Sentindo e não pensando."
      Assim como na Roma antiga, milhares de pessoas sentiam simpatia e desprezo pelos gladiadores, hoje temos de forma mais mascarada o mesmo espetáculo, os famosos reality shows. Mesmo que for para dar a famosa espiadinha, o fato é que muitos se deixam contagiar pelo enredo deste grande circo. Os neurônios-espelho são ativados e fazem com que o povo comece a vivenciar as reações de seu “jogador” preferido.
      Goleman, no livro Inteligência Social, menciona que em 1970 uma equipe de pesquisadores de Israel reuniu um grupo de voluntários para assistir vários clipes de filmes procurando entender parte dos mecanismos neurais envolvidos entre a tela e o espectador. Exames de ressonância magnético funcional eram realizados simultaneamente entre todos os envolvidos e percebeu-se que o cérebro dos espectadores agia como se a história imaginária estivesse acontecendo com eles, evidenciando assim que o cérebro faz pouca distinção entre realidade virtual (imaginária) e real. Conforme Goleman (2011, p.23), “quando o cérebro reage a cenários imaginados da mesma maneira que reage aos cenários reais, o imaginário tem consequências biológicas.[...] quanto mais notável e surpreendente o acontecimento, maior a atenção do cérebro.”
       Quando as pessoas estão aborrecidas e entediadas, tornam-se disfuncionais, começam a perceber fatos que desagradam todo o sistema à sua volta. Todavia, quando dominadas pelas emoções, focando a atenção em pequenos grupos, projetam-se ali, nem que seja apenas para uma “espiadinha”. Séculos se passaram e o homem ainda não dominou a arte de dominar a si mesmo. isso traz significativas consequências sociais. De agora em diante é preciso lembrar que “Pão e o Circo” anseiam dissimuladamente pelos seus neurônios-espelho.

Referências:
GOLEMAN, Daniel. Inteligência social: o poder das relações humanas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
GUARINELLO, Norberto. Violência como espetáculo: http://migre.me/orEaQ
Como fazer a citação deste artigo:

HENNEMANN, Ana L.   Pão e circo cativando seus neurônios-espelho. Novo Hamburgo, 25 fevereiro/ 2017. Disponível online em:  http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2017/02/pao-e-circo-cativando-seus-neuronios.html




[1] Especialista em Alfabetização, Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva, Neuropsicopedagogia Clínica e Neuroaprendizagem. Professora de Pós-Graduação pelo CENSUPEG / Membro do Conselho Técnico Profissional da SBNPp - whatsApp - 51 99248-4325

Avaliação e Intervenção Neuropsicopedagógica - Clínica

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     Santa Cruz do Sul - RS
    Na cidade de Santa Cruz do Sul -RS os cursos de neuropsicopedagogia estão em alta, graças a dedicada gestora Marcia Gewehr (http://cursoposneuro.com.br/ ) que tem um “jeito Censupeg de ser”, ou seja, apresenta um cuidado especial para com todas as turmas que estão sob sua responsabilidade procurando atender as especificidades de cada turma, mas sem esquecer que há todo um conjunto de orientações maiores a serem cumpridas.
     Em especial, esta sala de aula composta de 36 neuropsicopedagogas, há dois anos vem se preparando para desempenhar com maestria esta nova profissão. São horas e horas de aula, estudo, empenho, dedicação, atenção seletiva (foco no que realmente deve ser feito) e eliminação de distratores. Enfim, precisam dizer não, a muitas coisas que também são essenciais, para que se tenha pleno êxito acadêmico.
     E a “bola da vez” foi a disciplina de Avaliação e Intervenção Neuropsicopedagógica, onde o Censupeg, instituição que administra o curso, tem uma preocupação que os alunos realmente saibam quais são os tópicos essenciais para uma boa avaliação e intervenção. A disciplina visa preparar o neuropsicopedagogo para a futura prática clínica, trazendo a contextualização e aprendizagens de todas demais disciplinas da grade curricular do curso.
    Portanto, para que isso aconteça, se faz necessário que os alunos tenham o conhecimento do conteúdo da Nota Técnica 01/2016, que atendendo Resolução 03/2014 (capítulo II)  descreve os princípios fundamentais e diretrizes para a ação do neuropsicopedagogo.
     Do mesmo modo, o Código de Ética Técnico Profissional da Neuropsicopedagogia, em seu artigo 31, que descreve a atuação do Neuropsicopedagogo Clínico, priorizando a:
d) Utilização de protocolos e instrumentos de avaliação e reabilitação devidamente validados, respeitando sua formação de graduação; 
     Nesse sentido, cabe ressaltar que quando temos o entendimento que um dos princípios da avaliação neuropsicopedagógica é a investigação das funções cognitivas, entendemos o porquê do uso de instrumentos padronizados, pois não há como avaliar habilidades de linguagem, raciocínio, atenção, percepção, abstração, memória, aprendizagem, funções motoras e executivas, pautado apenas na subjetividade, se faz necessário ter parâmetros de comparação embasado na cientificidade.
     Um dos elementos primordiais desta disciplina, se dá através da leitura dos capítulos IV  e V, do livro Neuropsicopedagogia Clinica – Introdução, Conceitos, Teoria e Prática, o qual traz detalhadamente o “como, para que e porquê”, fazer a avaliação e intervenção neuropsicopedagógica. Também é importante salientar que na atualidade este livro é o único chancelado pela SBNPp, pois sua escrita está de acordo com o Código de Ética Técnico Profissional da Neuropsicopedagogia.
   Nesse sentido, não há como ser neuropsicopedagogo sem saber o conteúdo descrito nestes materiais. E certamente essa turma de Santa Cruz do Sul, aproveitou cada minuto da aula para aprimorar a sua qualificação. 

Fundamentos e Prática em Equipe Multiprofissional – Igrejinha - RS

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Me sentindo em débito com as amadas de Igrejinha!!!

     A aula ocorreu no início de março, no entanto o encanto dessas meninas pela neuropsicopedagogia é algo contagiante que perpassa a barreira do tempo/espaço.
    Igrejinha, cidade aqui do Rio Grande do Sul, na qual os cursos de pós-graduação do Censupegocorrem sob a responsabilidade da gestora Sigrid Becker. Gente, essa mulher é um show! Está presente em muitos momentos da aula procurando auxiliar em tudo que for necessário tanto para os alunos quanto os professores. Nela também fica evidente o “jeito Censupeg de ser”.
    Antes que me perguntem: - Afinal de conta que jeito é esse? Já esclareço com propriedade que existem muitas definições para o “jeito Censupeg de ser”, sendo que, uma em especial carrego dentro do meu coração, a mesma ecoa através das palavras do diretor presidente Sandro A. Albano, quando ele diz: [...]o que não dá para faltar em educação é AMOR e CARÁTER [...] quando você aprende que fazer o bem é muito gostoso e que ajudar os outros fica perfume nas suas mãos, a gente vai entender que dá para fazer um mundo melhor, como a gente já está fazendo.
    Como professora, amante da profissão, tento dar o meu melhor, contudo jamais posso deixar de perceber que aqueles que estão dentro da sala de aula, também estão dando o melhor deles, buscando melhorar sua qualificação para “perfumar a vida de tantos outros”, e é isso que estas amadas neuropsicopedagogas de Igrejinha me fizeram perceber durante as disciplinas de Fundamentos e Prática em Equipe Multiprofissional IV e V, ou seja Linguagem e Habilidades Matemáticas. Foram dois dias de estudo, prática profissional, exercício de aplicação de testagens e interpretação dos resultados obtidos como forma de sistematizar quais as intervenções a serem propostas.
    A estrutura curricular do curso de Pós-Graduação em Neuropsicopedagogia, proposta pelo Censupeg, apresenta ao todo 5 disciplinas de Fundamentos, todas elas voltadas a áreas que o neuropsicopedagogo deverá avaliar e intervir, fundamentadas desde a base neurobiológica, desenvolvimento típico e atípico, bem como quais instrumentos podem ser utilizados na avaliação e intervenção.  
    Nossos alunos são orientados em conformidade com o Código de Ética Técnico Profissional de Neuropsicopedagogia, a Nota Técnica 01/2016 e o livro Neuropsicopedagoga Clínica da Drª Rita Russo. Nesse sentido, como instituição, temos certeza de que estamos formando profissionais altamente qualificados e que farão a diferença no contexto neuropsicopedagógico, principalmente porque  foram ensinados nos princípios do AMOR e CARÁTER. 

Habilidades Matemáticas – Cruz Alta - RS

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Em meados de março,  lecionei na cidade de Cruz Alta, a disciplina de Fundamentos e Prática Multiprofissional V- Habilidades Matemáticas. Nesta cidade a gestora é a Cristina Librelotto Rubin, que por falar em habilidades, ela tira de letra.
 Imagem vocês que ela se encontrava fora do país, mas se fazia presente em todo e qualquer momento da aula. É muita dedicação provinda destas gestoras do Censupeg, no caso da Cristina, toda a organização do ambiente se encontrava impecável, tudo pensando com muito carinho para que nossas pós-graduandas pudessem estudar com tranquilidade. E também, volta e meia se ouvia uma das meninas anunciando que ela estava solicitando notícias do dia!!!
A disciplina de Habilidades Matemáticas, como já foi mencionada em outras publicações, estuda alguns pré-requisitos que as crianças precisam ter desenvolvido para que a aprendizagem flua com maior facilidade.
Já nos primeiros anos de vida a criança já vai adquirindo noções de quantidade numérica, por exemplo: quando os cuidadores da mesma pedem para ela mostrar com os dedos quantos anos ela tem ou então contar determinados objetos, estas atividades proporcionam a noção de número, ou seja, consciência numérica.
Outro fator importante é que a criança desenvolva a percepção visuoespacial, e aí os jogos de encaixe podem auxiliar e muito, pois ela precisa ter noção de virar as peças para que as mesmas sejam inseridas no local certo. Do mesmo modo, também é fundamental que já no ambiente familiar se trabalhe noções de perto, longe, por exemplo, quando alguém diz: - vem para perto da mamãe...próximo do papai...ao lado da titia...através de instruções como estas, a criança já vai aumentando a sua percepção visuoespacial.
Outro fator de destaque é a linguagem matemática, que aparece através de símbolos, representação por escrito dos números e interpretação de enunciados. Então, desde placas que aparecem na rua, ou mesmo, teclas de computador, celular, há a possibilidade de despertar o interesse da criança por esta linguagem. Leitura de livros, jornais, revistas, jogos com números e seus respectivos nomes apresentam-se como recursos lúdicos capazes de fazer a interação: criança x linguagem matemática.
O que se destaca em todas as habilidades de aprendizagem é questão da atenção. Se a criança apresenta dificuldade atencional, certamente ela terá muita dificuldade em ter a “concentração” necessária para aprender matemática. E isto também se relaciona com as funções executivas, pois a inibição de comportamento é um tópico importante para a aprendizagem.
Quantas vezes, nos deparamos com indivíduos que começam a atividade e insistem em resolver a questão do mesmo modo, modo este que talvez já tenha se mostrado incorreto. Nesse sentido, o bom funcionamento das funções executivas faz com que os indivíduos tenham um planejamento, uma organização sequencial, consigam fazer autocorreção da atividade que estão desempenhando.

Enfim, estes foram apenas alguns pequenos tópicos da aula, no entanto, há muito mais, por isso que o Censupeg é a referência número um em curso de Pós-Graduação em Neuropsicopedagogia, porque investe na excelência educacional.

“Chuvinha” de neurotransmissores

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Como a escolha de uma música pode mudar seu dia


Ana Lúcia Hennemann¹ 

“Canta canta minha gente deixa a tristeza prá lá, canta alto forte que a vida vai melhorar.” - Martinho da Vila

     E a atriz coadjuvante de nossas vidas é sempre ela: a música. Estou certa? Ou poderíamos fazer a tentativa de imaginar o mundo sem ela?
    Imagine-se em atividades que precise colocar motivação e empenho: faxina da casa, limpeza do carro ou exercícios na academia. Certamente tudo fica mais prazeroso ao som da música que você tanto gosta. Mas por outro lado, imagine-se acordando desanimado, saiu de casa e encontrou alguém que lhe conta algo triste, e para completar liga o rádio e está tocando justamente aquela música melancólica que te faz lembrar do amor que não deu certo, de brigas com pessoas que tanto ama, do trabalho cansativo?  Sem perceber você acaba transformando algo que já não estava bom, em pior ainda!!! E tem gente que ainda diz: era a música perfeita para o meu dia...
    Nada disso, nada de aumentar o sofrimento. Vamos refletir sobre o assunto:  por que a música exercer tamanha influência sobre nossos sentimentos?  Caso nunca tenha se perguntado sobre isso, saiba que pesquisadores descobriram que a música tem a capacidade de aumentar ou diminuir a produção de neurotrofinas (proteínas responsáveis pela sobrevivência, desenvolvimento e funcionalidade dos neurônios) afetando, assim, o funcionamento do sistema nervoso. O sistema das neurotrofinas é capaz de regular processos celulares vitais como a liberação de neurotransmissores, tais como a dopamina e a noradrenalina. A dopamina é um neurotransmissor relacionado ao prazer, bem-estar e recompensas enquanto que a noradrenalina nos proporciona excitação física, mental, e bom humor. 
    Assim como palavras são gatilhos que fazem pensar em determinadas situações, sons ou imagens, a música faz isso com maior abrangência, pois ela ativa diversas regiões cerebrais ao mesmo tempo, envolvendo áreas responsáveis por interpretar as diferentes alturas, timbres, ritmos e modulação do sistema de prazer e recompensa envolvido na experiência musical.
     De acordo com Tolstói (1889 apud Miranda, 2013):

 A música obriga a esquecermo-nos da nossa verdadeira personalidade, transporta-nos a um estado que não é o nosso. Sob a influência da música temos a impressão de que sentimos o que não sentimos; que compreendemos o que na realidade não compreendemos; que podemos o que não podemos[...] A música transporta-nos, de surpresa e imediatamente, ao estado de alma em que se encontrava o artista no momento da criação, confundimos a nossa alma com a dele e passamos de um estado a outro sem saber por que o fazemos.

      Quanto maior a sensação de prazer relacionada a uma música maior é a quantidade de associações que o nosso cérebro realiza com a mesma e maior será a liberação de dopamina ou noradrenalina. A música pode alterar nosso estado fisiológico através dos sistemas nervoso e endócrino.
Portanto, se você se quer ter um dia agradável ouça músicas que lhe despertam sensações que promovam o seu bem-estar. Do mesmo modo quando pensamos em questões de aprendizagem, a música pode ser um aliado altamente eficaz. Por exemplo: que tal começar a aula com uma boa música? Automaticamente os alunos estão sendo preparados para a recepção do conteúdo, pois relaxam, ficam mais descontraídos (o que promove a interação professor X aluno). Ouvir música exige o desenvolvimento da capacidade de concentração, além de promover a criatividade pois sensibiliza o aluno.
    Outra alternativa é solicitar que eles criem músicas relacionada ao conteúdo da disciplina, com isso, há muito maior aprendizagem, pois eles terão que utilizar os conhecimentos prévios e evidenciá-los através das habilidades de leitura, escrita, interpretação, ritmo, entonação de voz, e por aí adiante. Portanto, dentro do contexto educacional a música traz o benefício de ampliar e facilitar a aprendizagem.
   Seja por motivos pessoais, na execução de uma atividade ou situação de aprendizagem, o importante mesmo é seguir a ordem do poeta, mas com o entendimento de que ao cantar, alto e forte, a vida vai melhor, pois “chuvinhas” de substâncias prazerosas estarão modulando seu cérebro e, consequentemente, todo o seu organismo.  

Referências:
MIRANDA, Matheus. A música e as emoções. Disponível online em: http://migre.me/oNqAy
MUSZKAT, Mauro. Música, Neurociência e Desenvolvimento humano.   http://migre.me/oNlcG
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[1]Especialista em Alfabetização, Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva, Neuropsicopedagogia Clínica e Neuroaprendizagem. - whatsApp - 51 99248-4325
Como fazer a citação deste artigo:

HENNEMANN, Ana L.  “Chuvinha” de neurotransmissores.  Novo Hamburgo, 16 de abril/ 2017. Disponível online em:  http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2017/04/chuvinha-de-neurotransmissores.html

Avaliação e Intervenção Psicopedagógica – Lajeado - RS

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Apostar na educação é uma das ferramentas mais poderosas que podemos proporcionar ao país. Preocupar-se com os processos de ensino aprendizagem é dever de todo e qualquer profissional que trabalha no contexto educativo, no entanto, nem sempre há o entendimento do que fazer quando o aluno não aprende, principalmente quando o professor expressa que já fez tudo e mesmo assim não conseguiu um retorno positivo.
Muitas vezes, tratando-se da não aprendizagem, se faz necessário, um olhar de um profissional que se utiliza de instrumentos capazes de avaliar quais os aspectos que se mostram deficitários na aprendizagem da criança, ou seja, o psicopedagogo.
O psicopedagogo é um profissional que cujos conhecimentos dos processos cognitivos, emocionais e corporais, auxiliam no processo ensino aprendizagem, contribuindo de forma significativa para a melhoria acadêmica do estudante.
Através da disciplina de Avaliação e Intervenção Psicopedagógica - Clínica (do curso de Psicopedagogia Institucional e Clínica do Censupeg), o futuro psicopedagogo irá “entender e elaborar a contextualização das avaliações psicopedagógicas em situações clínicas verificando quais os procedimentos técnicos e encaminhamentos psicopedagógicos no atendimento de sujeitos com dificuldades de aprendizagem, bem como, elaborar pareceres e devolução de diagnóstico”.
A avaliação psicopedagógica tem como objetivo principal investigar quais as dificuldades ou entraves do sujeito no seu processo de aprender diante do esperado pelo meio social, ou seja, identificar dificuldades que possam estar impedindo o sujeito de desenvolver o processo ensino aprendizagem de forma eficaz, procurando deste modo, descobrir a forma de como o conhecimento é elaborado por esse sujeito.
Como se pode perceber, avaliação e intervenção, requerem muitas horas de estudo, escolhas de instrumentos adequados para cada contexto e técnicas de intervenções que contemplem os resultados mostrados na avaliação. Nesse sentido, podemos afirmar que a formação do psicopedagogo se faz mediante muito empenho, leituras constantes e trocas de saberes (práticos e teóricos).  
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