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Funções executivas- construtos importantes para a intervenção neuropsicopedagógica

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Géssica Müller Rhoden [1]
muller.gessica@gmail.com
Ana Lúcia Hennemann[2]
ana_hennemann@hotmail.com



RESUMO: O presente artigo visa dialogar sobre a importância da Neuropsicopedagogia no contexto da intervenção clínica e os construtos importantes para o desenvolvimento pleno das funções executivas. A triangulação será realizada primeiramente entre o perfil e atuação profissional, as definições sobre o que são as funções executivas e como acontece o processo de avaliação e intervenção neuropsicopedagógica. Tendo listado também importantes programas de estimulação e testagens não restritas a respeito da temática.

PALAVRAS CHAVES: Funções executivas. Plasticidade. Neuropsicopedagogia.


1 INTRODUÇÃO: 

A neuropsicopedagogia, ciência da aprendizagem, tem se mostrado uma profissão promissora para intervir em muitas das questões relacionadas a aprendizagem, sendo que um dos aspectos que ela pode auxiliar a melhorar são as funções executivas. Partindo das definições, princípios e diretrizes encontradas no Código de Ética da Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia – SBNPp – art. 10º:

A Neuropsicopedagogia é uma ciência transdisciplinar, fundamentada nos conhecimentos da Neurociências aplicada à educação, com interfaces da Pedagogia e Psicologia Cognitiva que tem como objeto formal de estudo a relação entre o funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem humana numa perspectiva de reintegração pessoal, social e educacional (RESOLUÇÃO SBNPp N° 03/2014).

O profissional habilitado poderá exercer suas funções tanto do ambiente institucional como em contexto clínico, cada qual com formação específica respeitando primeiramente o já mencionado Código de Ética e também a Nota Técnica nº2/2017[3].
A base teórica estuda a Neurociência aplicada à educação, com interfaces da Psicologia Cognitiva e da Pedagogia, não apenas como uma junção de ambas, mas como um alicerce fundamental nas teorias de aprendizagens, funcionamento cerebral e comportamento humano, conforme anteriormente descrito no art. 10 do código de ética, técnico profissional.
Definir o que são as funções executivas e quais as implicações acerca desse componente cerebral é o segundo ponto teórico a ser discutido e aprofundado na pesquisa. Não há um consenso único que defina as funções executivas, no entanto, conforme Gazzaniga, et. al.:

As funções executivas são habilidades relacionadas à capacidade das pessoas de se empenharem em comportamentos orientados a objetivos, ou seja, à realização de ações voluntárias, independentes, autônomas, auto-organizadas e direcionadas para metas específicas (Gazzaniga, et. al., 2006; APUD Menezes, et al., 2012, p.34).

Tais habilidades cognitivas são distintas e envolvem o controle inibitório, monitoramento, flexibilidade cognitiva, memória de trabalho, atenção e planejamento.
Faz parte de um bom funcionamento executivo o controle de ações, pensamentos e emoções, a capacidade humana de planejar suas ações, conviver em sociedade, respeitar regras, solucionar problemas, tomar decisões entre outras capacidades.
Cada um dos componentes se fazem necessários não apenas para o bom desenvolvimento social e emocional, mas também para um bom desempenho escolar e acadêmico. Visto que as estratégias de aprendizagens vão depender de um bom desenvolvimento das funções executivas, caso contrário pode acontecer o que chamamos de disfunções executivas. Essa é uma situação comum para pessoas com lesões na região pré-frontal do córtex cerebral, a região do sistema nervoso central que é apontada como responsável pelo desempenho de tais funções.
Conforme pode ser observado (figura 1) as habilidades podem ser entendidas através do seguinte fluxograma:
Figura 1:Fluxograma das Funções executivas
Fonte: organização de Géssica Muller Rodhen(2020) com base em Russo (2015)

O terceiro ponto importante aponta para os aspectos neurobiológicos do processamento executivo. Conforme os estudos analisados as funções executivas estão associadas ao córtex pré-frontal, Cosenza e Guerra afirmam que:

Além de ser uma região recente do ponto de vista da evolução, ela demora a amadurecer durante o desenvolvimento da criança e continua a modificar-se pelo menos até o final da adolescência. Portanto, as funções executivas não estão presentes em sua plenitude até o início da idade adulta (2011, p.88 – 89).

Em outras palavras, não nascemos capazes de controlar nossos impulsos, de modificar o pensamento, fazer planos ou manter o foco. Quando crianças não estamos preparados para controlar nosso comportamento instintivo e por vezes rudimentares. Ao longo do amadurecimento humano criamos um ambiente propício de estímulos e experiências que vão aprimorando o desenvolvimento dessas habilidades, estimulando nossas conexões sinápticas e reforçando diferentes circuitos cerebrais.
Ocorrências que por ventura lecionem essa região podem afetar diretamente no funcionamento dessas funções, apresentando por exemplo incapacidade de tomada de decisões, comportamentos inadequados, dificuldade de flexibilização e reversão de pensamento, assim como a perca da capacidade avaliativa de suas próprias ações.
A respeito disso Cosenza e Guerra (2011) mencionam a importância de comunicação entre essa região e as demais regiões do cérebro, já que o córtex pré-frontal coordena informações para diversas áreas diferentes.
Levando em consideração o processo de maturação do córtex pré-frontal, é importante atentar-se para as fases do desenvolvimento infantil, com intuito de proporcionar estímulos de qualidade e um ambiente adequando para que a criança tenha sua capacidade sináptica preservada. Afinal, para um bom desenvolvimento do sistema nervoso central é importante as conexões, formações e eliminações sinápticas do cérebro.


2 PROGRAMAS DE ESTIMULAÇÃO DE FUNÇÕES EXECUTIVAS DIPONÍVEIS PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA

No contexto da atuação profissional, no atendimento clínico será realizado um criterioso processo avaliativo de cada caso. Partindo dessa necessidade são utilizados testes padronizados, protocolos, sondagens ecológicas, observações, anamnese entre outros métodos afim de compor a avaliação clínica e elaborar um plano de intervenção individualizado. Segue abaixo alguns instrumentos (tabela 1) que foram selecionados no quesito avaliativo das funções executivas:

Tabela 1: Instrumentos abertos para avaliação das funções executivas
Título
Autor
Público
Objetivo
Teste de Trilhas A e  B
Natália Martins Dias; Bruna Tonietti Trevisan; Alessandra Gotuzo Seabra
Entre 6 e 14 anos
Examinar componentes da atenção e das funções executivas
Teste de Trilhas para Pré-escolares
Trevisan; Hipólito; Parise; Reppold; Seabra
Entre 4 e 6 anos
Avaliar a flexibilidade cognitiva; percepção; atenção; rastreamento visual
Teste de Atenção por Cancelamento
José Maria Montiel; Alessandra Gotuzo Seabra
Entre 5 e 14 anos
Avalia a atenção seletiva, alternada e sustentada
Torre de Londres
Amanda Menezes; Natália Martins Dias; Alessandra Gotuzo Seabra.
Entre 11 e 14 anos
Capacidade de Planejamento
Fonte: Fonte: organização de Géssica Muller Rodhen (2020)

Diferentes aspectos com relação ao ambiente familiar, escolar, aspectos relacionados ao nascimento e desenvolvimento infantil também são considerados e observados no processo avaliativo. Levanto em consideração que um ambiente saudável favorece o amadurecimento e desenvolvimento das funções executivas, bem como exposição excessiva à fatores de risco como negligência, abusos, agressões, violência, uso de substâncias tóxicas na gestação, privação social, prematuridade ou complicações perinatais podem influenciar negativamente o desenvolvimento cerebral.
É importante ressaltar que no Brasil a quantidade de instrumentos precisos, validados e normatizados disponíveis para pesquisa e diagnóstico são reduzidos (SEABRA, 2012).
Partindo da avaliação o trabalho neuropsicopedagógico evolui para um programa de intervenção que leva em consideração tarefas lúdicas, integrativas e cognitivas selecionadas especificamente para cada paciente. Existem alguns programas de estimulação que merecem destaque e serão listados abaixo:

Tabela 2: Programas de estimulação das funções executivas
Título
Autor
Público
Objetivo
Piafex – Programa de Intervenção em Autorregulação e Funções Executivas
Natália Martins Dias

Alessandra Gotuzo Seabra
5-6 anos
(podendo ser expandido)
Conjunto de atividades que visam estimular o desenvolvimento de habilidades em crianças pré-escolares e no início do Ensino Fundamental, incluindo habilidades como organização, planejamento, inibição de impulsos, atenção, memória de trabalho, metacognição e regulação emocional.
PENcE – Programa de Estimulação Neuropsicológica da Cognição em escolares: ênfase nas funções executivas
Caroline de Oliveira Cardoso

Rochele Paz Fonseca
Escolares
O PENcE foi planejado para que as estratégias cognitivas e metacognitivas sejam ensinadas e, a partir de atividades cognitivas e lúdicas, elas possam ser consolidadas e utilizadas em outras situações do cotidiano e nas disciplinas escolares
PAY ATTENTION – Programa de Treinamento dos Processos Atencionais para Crianças
Jhenifer Thom
4 – 14 anos
Os materiais são projetados para remediar dificuldades em habilidades de atenção sustentada, seletiva, alternada, dividida, auditiva e visual.
COGMED[4]
Treinamento de Memória Operacional
Não constam o nome dos autores.


Três módulos:
Pré-escolares;
Crianças e adolescentes;
Jovens e adultos
Estimular o controle de atenção, foco, memória de trabalho, organização, atenção, controle de impulsividades.
SUPERA Oline[5]– Ginástica para o Cérebro
Adilton Carneiro
Não definido.
Atenção, memória, raciocínio lógico e visão espacial.
Plataforma Educacional Neurons[6]
Ana Lucia Hennemann 
Tiago J. B. Eugênio
5-9 anos
Plataforma Educacional com objetivo de identificação precoce de habilidades disfuncionais. Rastrear os processos cognitivos e executivos imbricados na aprendizagem. Intervir nas habilidades de aprendizagem
Fonte: organização de Géssica Muller Rodhen(2020)

Os programas selecionados têm evidências técnicas e científicas no campo do desenvolvimento das funções executivas e/ou construções de bases sólidas para as mesmas.
Parte importante do atendimento neuropsicopedagógico é que ele pode compor a dimensão multidisciplinar, ou seja, vir a trabalhar em conjunto com outros profissionais como psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos, neurologistas entre outro. O profissional é orientado pelo Código de Ética Profissional em seu artigo 12 a “[...] exercer somente as funções para as quais ele está qualificado e habilitado pessoal e tecnicamente”. Ou seja, em hipótese alguma o neuropsicopedagogo poderá utilizar ferramentas, testagens ou desenvolver comportamento do qual não seja a sua área técnica.

3 NEUROPSICOPEDAGOGO CLÍNICO – PLASTICIDADE CEREBRAL E ESTIMULAÇÃO DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS

Para melhor compreensão do papel do neuropsicopedagogo clínico partimos do conceito do que é de fato a neuropsicopedagogia. Conforme mencionado no início deste artigo, a Neuropsicopedagogia é uma ciência transdisciplinar que faz uma triangulação entre a Neurociência aplicada à educação, a pedagogia e a psicologia cognitiva.
Sua estruturação parte de uma abordagem científica que busca estabelecer relação entre o desenvolvimento humano e o processo de aprendizagem. É característico do amadurecimento humano que a aprendizagem ocorra, dependendo é claro de uma série de fatores como o desenvolvimento do sistema nervoso, aspectos cognitivos, emocionais, ambientais e culturais.
Nesse sentido a Neurociência aplicada à educação propões compreender a relação da educação e da saúde no estudo da aprendizagem, levando sempre em consideração o comportamento e o meio social em que vivemos.
Segundo Cosenza e Guerra (2011):

As neurociências estudam os neurônios e suas moléculas constituintes, os órgãos do sistema nervoso e suas funções específicas, e também as funções cognitivas e o comportamento que são resultantes da atividade dessas estruturas (p.142).

Com muitos avanços na área científica, os estudos do cérebro estão cada vez mais em evidência no campo da educação, afinal, falar de aprendizagem quando se sabe que há diferentes formas de aprender é complexo. Ocorrendo um diálogo importantíssimo entre os conhecimentos empíricos dos processos de ensino-aprendizagem e explicações neurobiológicas.
Os autores trazem também um importante alerta:

Sabemos que os estados e processos mentais, bem como nosso comportamento, dependem de estados e processos que ocorrem no cérebro. Contudo, os conceitos da psicologia e das ciências sociais não podem ser reduzidos a conceitos da neurobiologia. Eles pertencem a níveis diferentes de explicação que são autônomos (COSENZA; GUERRA, 2011, p. 143).

Essencialmente o trabalho do neuropsicopedagogo é complexo, requer entendimento dos processos cognitivos, transtornos específicos de aprendizagem, do funcionamento do sistema nervoso e sua relação com a aprendizagem, neurodesenvolvimento, entre outros diferentes saberes. Todos os elementos são importantes e sem hierarquização, apontando o trabalho multidisciplinar como importante característica do processo.
Quando se trata da atuação do profissional neuropsicopedagogo falamos de duas vertentes: institucional e clínica. Ambos devem buscar formação acadêmica que se encaixe dentro dos padrões exigidos pela Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia, entidade que oficializa e regimenta a profissão estabelecendo um código de ética técnico profissional, que em seu artigo 29 define:

§ 1º A atuação Institucional, na qual tem como espaço de atuação, instituições que tem no princípio de suas atividades o trabalho coletivo. §2º A atuação Clínica, na qual tem como espaço de atuação o atendimento individualizado, focado em planos de intervenção específicos (RESOLUÇÃO SBNPp N° 03/2014).

Os construtos definidos no presente artigo são com base no atendimento clínico que tem como critério de atuação previsto no código de ética: observação, identificação e análise de contextos e ambientes; avaliação e intervenção com acompanhamento individualizado; criação de estratégias; utilização de protocolos e instrumentos válidos; elaboração de relatórios, laudos e pareceres; encaminhamento a outros profissionais quando necessário.
Sobre a avaliação e intervenção neuropsicopedagógica:

Os estudos mostram que a abordagem quantitativa é fortemente baseada em normas, análises fatoriais e estudos de validade. Os testes formais são métodos estruturados aplicados com instruções específicas e normas derivadas de uma população representativa. Os resultados são descritos a partir de média e desvio-padrão, que permitem a utilização de cálculos para comparação, e, embora permitam uma avaliação quantitativa, os testes formais podem ser interpretados qualitativamente (RUSSO, 2015, p.107).

Para melhor orientar e compilar indicações de protocolos de atendimento a SBNPp juntamente com o Conselho Técnico-Profissional organização a nota técnica nº 02/2017. Neste documento é possível distinguir plenamente as atuações clínica e institucionais do profissional, bem como consultar protocolos e testes permitidos e liberados para uso e que seguem a padronização brasileira.
A nota técnica nº 02/2017é clara quando diz:

O neuropsicopedagogo deve consultar o site http://satepsi.cfp.org.br/, no item instrumentos não privativos de psicólogos, e verificar os instrumentos (testes, escalas) que estão favoráveis ao uso, pois há possibilidade do teste/escala ser considerado desfavorável em determinado momento para reestudo. Segundo o código de ética profissional do psicólogo o termo NÃO PRIVATIVO, trata-se de instrumento que pode ser utilizado tanto pela Psicologia quanto por outras profissões (2017, p.2).

Sucintamente o atendimento pode ser dividido em três partes, que são elas: investigação inicial/ avaliação; planejamento e intervenção; encaminhamentos e resultados.
Na avaliação serão analisados as queixas e relatos iniciais por meio de uma anamnese, observações e hora lúdica. Esse é o momento em que hipóteses serão levantadas e as testagens realizadas para a confirmação ou descarte das mesmas.
Para que ocorra uma intervenção específica e direcionada é necessário que primeiramente seja feito um planejamento identificando as dificuldades a serem trabalhadas e como, quais os métodos e recursos que serão utilizados. Nesse momento metas serão traçadas de forma inicial, intermediária e final.
O protocolo de atendimento é organizado por meio de registros de atendimentos, podendo acompanhar cada caso e o desenvolvimento do paciente. Com base nos registros serão realizados, quando necessário, os encaminhamentos a outros profissionais e também uma devolutiva à família com orientações do caso.
Sobre os instrumentos utilizados a Neuropsicopedagogia deve atender ao artigo 68 do código de ética, que em seu §2º orienta:

O Neuropsicopedagogo deverá utilizar protocolos de avaliação e intervenção que contemplem fundamentos básicos sobre a aprendizagem e desenvolvimento, como as funções executivas, atenção, linguagem, raciocínio lógico-matemático e desenvolvimento neuromotor. (RESOLUÇÃO SBNPp N° 03/2014).

Contudo, quais algumas das situações que devemos avaliar  no paciente, quanto às funções executivas?
·         Consegue planejar e organizar suas tarefas, montagens, jogadas etc.
·         Tem flexibilidade em suas ações?
·         Controla impulsos?
·         Consegue reter informações na memória?
·         É tolerante à frustação?
·         Como reage aos limites que lhe são dados?
·         O que faz quando não consegue realizar determinada tarefa?
·         Compreende ordens, instruções e regras de jogos?
·         Utiliza raciocínio lógico?
·         Como é a capacidade de concentração, memória e interpretação?
·         Consegue estabelecer estratégias?

De encontro a todas essas observações o papel do Neuropsicopedagogo na fase de intervenção irá estimular a plasticidade cerebral do paciente através destas funções. No entanto, esta estimulação já ocorre muito antes do atendimento clínico.
Em poucas palavras pode-se dizer que a plasticidade cerebral é um estado dinâmico do cérebro que permite a comunicação entre diferentes áreas do mesmo e permitindo modificações fisiológicas e estruturais. Essa comunicação ocorre por meio do prolongamento de neurônios que disparam impulsos entre uma célula e outra liberando substâncias conhecidas como neurotransmissores.
As qualidades das informações vão influenciar diretamente o equilíbrio das ações sinápticas e em todo processamento de informação cerebral.


4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do já exposto retomamos a ideia de que a atuação profissional do neuropsicopedagogo têm importante relevância não somente no contexto institucional como clínico.
Preza pela seriedade e comprometimento ético de uma profissão que vêm ganhando cada vez mais respaldo profissional, levando em consideração seu caráter inclusivo frente a educação.
A demanda também possui um caráter preventivo, trabalhando com técnicas e estratégias pontuais, com embasamentos científicos e respaldo acadêmico. No estudo do presente artigo aponta-se as funções executivas como fundamentais para um bom estado de amadurecimento cognitivo. Portanto, quanto antes identificadas as áreas com disfunções executivas, melhor será o desempenho do paciente.
Considerando a infância como ápice do desenvolvimento sináptico, os estímulos e ambiente devem favorecer o amadurecimento das funções executivas que posteriori serão grandes responsáveis pela capacidade de tomada de decisões, autonomia, senso de responsabilidade, organização, planejamento de ações, conectar diferentes informações, relacionar acontecimento, lembrar de fatos, reorganização mental etc.
Mas como fazer esse estímulo desde a infância? Alguns exemplos como atividades sensoriais, comunicação verbal, jogos com regras, ao ouvir uma história a criança exercita sua memória de trabalho, relembrar a história e falar sobre os personagens ela consegue fazer associações e também exercita a memória.
O controle inibitório é um grande desafio nessa fase, as crianças geralmente têm dificuldades para controlar suas ações, uma roda de conversa onde cada um tem uma oportunidade de fala é por exemplo um bom exercício de controle e atenção. A própria rotina de alimentação, sono, higiene atendem as demandas de necessidades de um bebê e também estimulam a organização temporal dele.
Na vida infantil os desafios são constantes e diferenciados, e a flexibilidade cognitiva é desafio e tanto. Depende também do controle inibitório e da memória de trabalho, mas possui uma característica interessante, ser capaz de ajustar-se e resolver um problema. Se deparar com uma estratégia frustrada e ter a capacidade de reverter a situação é de extrema importância no cotidiano, e essa tarefa pode ser apresentada por meio de jogos em equipes, jogos com regras e estratégias.
Todo o desenvolvimento explanado até o momento acontece de forma inerente e independente aos contextos em que a criança vive. Seja uma situação favorável ou não, ela irá passar por esse processo maturacional, o que está proposto nesse artigo são construtos importantes para a constituição da intervenção neuropsicopedagógica clínica.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

COSENZA, Ramon M.; GUERRA, Leonor B. Neurociência e Educação: como o cérebro aprende. Porto Alegre: Artmed, 2011.

HENNEMANN, AnaLúcia. Avaliação e Intervenção Neuropsicopedagógica. Aula realizada em 23/04/2019. Igrejinha: CENSUPEG, 2019.

RUSSO, Rita Margarida Toler. Neuropsicopedagogia Clínica: introdução, conceitos, teoria e prática. Curitiba: Juruá, 2015.

SEABRA, Alessandra Gotuzo; DIAS, Natália Martins. Avaliação Neuropsicológica cognitiva: atenção e funções executivas. Vol. 1. São Paulo: Mennon, 2012.




[1] Pós-Graduanda no Curso de Neuropsicopedagogia Clínica – Faculdade CENSUPEG. E-mail: muller.gessica@gmail.com
[2] Professora Orientadora – Faculdade CENSUPEG. E-mail- ana_hennemann@hotmail.com
[3] Ambos disponíveis em: <https://sbnpp.org.br/editais>
[4]Necessária formação para aplicá-lo. Disponível em < http://cogmed.com.br/>
[5]Assinatura necessária. Disponível em: < https://www.superaonline.com.br/>
[6]Versão beta disponível em: < http://clickneurons.com.br/>



Como fazer a citação deste artigo:

RODHEN, Géssica Muller. HENNEMANN, Ana L. Funções executivas- construtos importantes para a intervenção neuropsicopedagógica. Novo Hamburgo, 03 abr/ 2020. Disponível online em: https://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com/2020/04/funcoes-executivas-construtos.html


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